Objeto direto interno

Por Vânia Maria do Nascimento Duarte

O objeto direto interno, assim como as demais ocorrências que norteiam a língua, perfaz-se de marcas linguísticas específicas.

O objeto direto interno, longe de se conceber como uma ocorrência redundante, assume um caráter notadamente estilístico
O objeto direto interno, longe de se conceber como uma ocorrência redundante, assume um caráter notadamente estilístico

Mediante os estudos que fazemos da sintaxe, sobretudo da análise sintática, familiarizamos com conceitos específicos, levando em consideração cada peculiaridade que norteia os fatos linguísticos de uma forma geral. Assim conhecemos o complemento nominal, o predicativo do sujeito, o adjunto adverbial, o aposto, o vocativo, enfim... Sem nos esquecer do objeto direto e objeto indireto.

Conceitos esses que, numa primeira instância, parecem estáticos. Contudo, levando em conta o fato de que muitas vezes o contexto prepondera como fator decisivo, muitos elementos deixam de ocupar uma posição, digamos assim, convencional, para exercer outras funções, como, por exemplo, um verbo intransitivo pode alterar sua predicação, passando a se classificar como transitivo direto. Outro caso representativo se relaciona ao objeto direto, normalmente expresso sem o uso da preposição, vez ou outra pode dela se constituir, como ocorre no objeto direto pleonástico. Dessa forma, entendemos que cada caso precisa ser analisado sob uma ótica voltada para o contexto, para a situação comunicativa propriamente dita.

A ênfase aqui será direcionada ao estudo do que conhecemos por objeto direto interno, cuja característica principal se define pelo fato de ele se constituir por um substantivo cognato do verbo (possuir o mesmo radical) ou pertencer à mesma esfera semântica (relacionado ao significado) desse mesmo verbo. Assim, exemplos como estes abaixo nos fazem validar tais informações. Vejamos, pois:

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Ele vivia uma vida tranquila.(substantivo cognato do verbo viver)

Pode parecer, a princípio, que tal construção adquira um caráter redundante, pleonástico. Contudo, a qualificação que se dá ao núcleo do objeto direto (vida tranquila), faz com que as intenções de cunho estilístico se evidenciem de forma significativa. Outro aspecto, não menos relevante, diz respeito à condição do verbo viver, notadamente concebido como intransitivo, adquire o valor de transitivo direto

Constatemos outro caso representativo:

Ela dormiu um sono pesado.

Inferimos que “sono” representa um substantivo pertencente à mesma esfera semântica, uma vez que a referência se destina ao verbo dormir.

Quando ressaltamos acerca do caráter estilístico, cumpre mencionar que tal ocorrência linguística, uma vez sendo alvo de nossa discussão, foi amplamente utilizada pelos grandes representantes de nossas letras, sobretudo na poesia.

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