Os substantivos terminados em -ão – uma volta às suas raízes históricas

Por Vânia Maria do Nascimento Duarte


Os traços etimológicos muito influenciam no conhecimento de um língua

No tocante ao estudo dos fatos gramaticais, sobretudo em se tratando da aprendizagem escolar, percebe-se que não há um enfoque acerca de como se originaram as palavras que compõem nosso léxico. Fato este que se dá por razões meramente didáticas, uma vez inquestionáveis. Esse contato, na maioria das vezes, fica a cargo do curso de graduação em Letras, o qual disponibiliza em sua grade curricular algumas disciplinas voltadas para esse aspecto.

Exemplos triviais, por certo bastante familiares ao nosso conhecimento, tais como:

                    

possuem raízes em outras línguas, sobretudo no latim. Magnus, no referido idioma, tem como significado “o grande”. Dessa forma, por que não dizermos, grande no sabor, grande na qualidade? Fiat Lux, cujo significado se atém a “faça-se a luz”, nada mais adequado para uma marca de fósforos, não acha?

Sem ressaltar outros vocábulos que compartilham do nosso cotidiano, como, por exemplo: manus (mão), pater (pai), filium (filho), canis (cão), bônus (bom), malus (mal), aqua (água), entre tantos outros. Em razão de tais pressupostos e, principalmente, com vistas a ampliar nosso conhecimento no que tange a esse assunto, prestemo-nos à análise dos substantivos terminados em “-ão”, uma vez constituídos de distintas terminações, quando pluralizados. Vejamos, pois, o porquê de todas elas:

No latim, muitos destes vocábulos terminavam em “-one”, “-ane” e “-anu”. No momento em que se aportuguesaram, receberam as terminações expressas por “-om”, “-ã” ou “-am” e “ão”. Logo depois foram unificadas – todas obtiveram a terminação “-ão”. Assim, as terminações que hoje conhecemos (diversificadas, por sinal), estão relacionadas, basicamente, a traços etimológicos, assim expressos:

* O plural referente a “-ões” origina-se das palavras terminadas em “one” ou “ones”. São exemplos dessa ocorrência:

condições, que equivale a conditione;

intenções, que se origina de intentione;

nações, que se refere a natione;

perfeições, equivalente a perfectione;

sermões, referente a sermone;

tentações, que se equivale a tentatione.

* O plural “-ães” originou-se das palavras terminadas em “-an”, “-ane” ou “-anes”, ou até mesmo “-ani” e “-anis”. A título de ilustração, podemos citar:

alemães, que se refere a alemanni (provindo do italiano, e não do latim, pois se assim fosse seria alemanu);

capelães, oriundo de capelan (originário do provençal, pois se fosse do latim seria capelãos, equivalente a capellanus);

cães, que se refere a cane;

capitães, originário do italiano capitan.

* E, finalmente, o plural referente à terminação “-ãos”, expresso pelos seguintes exemplos:

chãos, que se oriunda do latim planu;

grãos, orinário do latim granu;

irmãos, relativo a germanu;

mãos, equivalente a manus;

pagãos, referente a paganus.

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