Diário de ficção

Por Vânia Maria do Nascimento Duarte

O diário de ficção, ao contrário de se destinar para o próprio emissor, centrado no próprio eu, volta-se para o público, provocando assim o efeito de sentido desejado.

No diário de ficção, o objetivo da enunciação se deve, única e exclusivamente, à intenção de agradar ao leitor
No diário de ficção, o objetivo da enunciação se deve, única e exclusivamente, à intenção de agradar ao leitor

Sabe-se que nos dias atuais, em se tratando das propostas sugeridas pelas universidades, no que se refere aos gêneros textuais cobrados na prova de Redação, há uma flexibilidade maior no sentido de o candidato se sentir mais à vontade para optar entre esta ou aquela modalidade a ser produzida– o que facilita de modo satisfatório a vida dele/dela, haja vista que a familiaridade que se tem por este e não por aquele gênero demarca tão somente as verdadeiras razões da escolha. Assim, suponhamos que as modalidades sugeridas resultem no editorial, na carta argumentativa ou no diário de ficção. Obviamente que aquele em que as habilidades se mostrarem um pouco mais familiares, digamos assim, será o escolhido.

Assim, acerca dos casos representativos acima citados, sobretudo no que diz respeito aos dois primeiros (editorial e carta argumentativa), todos nós já temos uma noção acerca das características linguísticas, bem como da estrutura que os compõe. Desse modo, não seria descabido afirmarmos se tratar de gêneros em que o emissor não dispõe de certa liberdade, em termos de recursos estilísticos, para construir seu discurso, haja vista o caráter argumentativo que os nutre (daí a razão da impessoalidade, acima de tudo). Agora, no que se refere a esse último dos exemplos, uma vez demarcado pelo diário de ficção, atesta-se uma mobilidade no que diz respeito à enunciação, justamente por se tratar de um texto híbrido. Híbrido no sentido de que recursos expressivos, tais como o uso de figuras de linguagem, uso de certo coloquialismo, desde que esse esteja totalmente a favor do próprio projeto de texto, são perfeitamente aceitáveis. Dessa forma, cabe ressaltar que a ideia que se tem do diário “íntimo”, uma vez comparada ao diário de ficção, destoa-se, visto que enquanto no diário comum a interlocução reside no próprio “eu”; no ficcional, ela é destinada ao público, isto é, não é feito para ser trancado às sete chaves, mas sim para ser publicado.

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Outro aspecto que também pontua tais diferenças de uma forma significativa diz respeito ao próprio título, demarcado por “ficcional”, em que tudo tem a ver com a Literatura, na qual o emissor acaba mobilizando o leitor a partir das próprias estratégias de comunicação, ou seja, o foco agora não se destina à percepção sensível de alguém que faz anotações para si mesmo(a), mas ao efeito que se deseja produzir no público-leitor.

Cabe afirmar, ainda, que, enquanto no diário convencional (íntimo) as anotações não possuem cunho retórico, no ficcional, elas assumem totalmente esse aspecto, pois parte do que antes era concebido como individual para social. Sintetizando, temos que no gênero em questão, o propósito enunciativo é agradar os leitores, diferentemente do que ocorre quando a interlocução se destina ao próprio eu subjetivo.

Como se vê, motivos parecem não faltar para que você aprimore suas habilidades linguísticas no que se refere aos aspectos que norteiam o gênero enfatizado, haja vista fazer parte dos requisitos exigidos nas provas de seleção, como antes enfatizado.

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