O Ultrarromantismo é um movimento literário que corresponde à segunda fase romântica das literaturas portuguesa e brasileira. É marcado pelo exagero sentimental.
O Ultrarromantismo é um movimento literário relativo à segunda fase do Romantismo português e brasileiro. Os textos ultrarromânticos expressam forte emoção, visão pessimista da realidade, idealização da mulher e sofrimento amoroso. Os principais autores ultrarromânticos são o português Camilo Castelo Branco e o brasileiro Álvares de Azevedo.
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O Ultrarromantismo é um movimento literário marcado pelo exagero sentimental, pessimismo e subjetividade.
Está relacionado à segunda fase romântica em Portugal e no Brasil.
As principais temáticas ultrarromânticas são o amor impossível e a morte.
Álvares de Azevedo é o principal autor do Ultrarromantismo brasileiro.
Camilo Castelo Branco é o mais famoso ultrarromântico português.
A segunda fase do Romantismo, tanto em Portugal quanto no Brasil, também é chamada de Ultrarromantismo. No Brasil, a grande inspiração dos poetas nacionais foi o escritor inglês Lord Byron (1788-1824). Por isso, a segunda geração romântica no Brasil é conhecida também como byroniana.
A segunda fase do Romantismo português se consolidou durante o reinado do rei Pedro V (1837-1861), iniciado em 1853 após a morte da rainha Maria II (1819-1853), a qual governava o país, em sua segunda regência, desde 1834. A rainha, durante seu reinado, precisou enfrentar um conturbado período de transição entre o absolutismo e o constitucionalismo, ficando a cargo de seu filho a harmonização política do país.
Já o Ultrarromantismo brasileiro floresceu durante o reinado de D. Pedro II (1825-1891), marcado pela centralização política e por uma economia agroexportadora. Esse imperador governou o Brasil por quase seis décadas. Durante seu reinado, o Brasil esteve envolvido em seu maior conflito bélico — a Guerra do Paraguai.
Apesar dessa realidade política e social, os escritores ultrarromânticos de Portugal e Brasil deixaram a razão de lado para expressar o sentimento de angústia existencial e o sofrimento amoroso. Desse modo, afastavam seus leitores dos anseios coletivos e os mergulhavam no sentimentalismo egocêntrico.
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A obra ultrarromântica apresenta uma visão melancólica da realidade, muitas vezes associada ao tédio da existência. Essa fase romântica é marcada pelo exagero sentimental. As principais temáticas do texto ultrarromântico são o sofrimento amoroso e a morte. Nele, o amor impossível gera sofrimento e lamentação.
Outros elementos do Ultrarromantismo são:
caráter subjetivo;
saudosismo;
pessimismo;
erotismo;
idealização amorosa;
mulher idealizada;
fuga da realidade.
Algumas dessas características estão presentes no soneto seguinte, do livro Lira dos vinte anos, do escritor brasileiro Álvares de Azevedo. No poema, são perceptíveis a idealização da mulher, comparada a um “anjo”, e o erotismo, além da fuga da realidade ao retratar um cenário de sonho:
Pálida, à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!
Era a virgem do mar! na escuma fria
Pela maré das águas embalada...
— Era um anjo entre nuvens d’alvorada
Que em sonhos se banhava e se esquecia!
Era mais bela! o seio palpitando...
Negros olhos as pálpebras abrindo...
Formas nuas no leito resvalando...
Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Por ti — as noites eu velei chorando
Por ti — nos sonhos morrerei sorrindo!
Em Portugal, a segunda fase romântica se refere ao período de 1840 a 1860. Durante esse período, foram produzidas prosa e poesia ultrarromânticas.
Camilo Castelo Branco (1825-1890).
Soares de Passos (1826-1860).
Poesias (1856), de Soares de Passos.
Amor de perdição (1862), de Camilo Castelo Branco.
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No Brasil, o Ultrarromantismo está relacionado apenas à poesia da segunda geração romântica, referente ao período de 1853 a 1870.
Álvares de Azevedo (1831-1852).
Junqueira Freire (1832-1855).
Casimiro de Abreu (1839-1860).
Fagundes Varela (1841-1875).
Lira dos vinte anos (1853), de Álvares de Azevedo.
Inspirações do claustro (1855), de Junqueira Freire.
As primaveras (1859), de Casimiro de Abreu.
Cantos e fantasias (1865), de Fagundes Varela.
Leia o poema Desalento, de Álvares de Azevedo, para responder às questões.
Feliz daquele que no livro d’alma
Não tem folhas escritas
E nem saudade amarga, arrependida,
Nem lágrimas malditas!
Feliz daquele que de um anjo as tranças
Não respirou sequer
E nem bebeu eflúvios descorando
Numa voz de mulher...
E não sentiu-lhe a mão cheirosa e branca
Perdida em seus cabelos,
Nem resvalou do sonho deleitoso
A reais pesadelos...
Quem nunca te beijou, flor dos amores,
Flor do meu coração,
E não pediu frescor, febril e insano
Da noite à viração!
Ah! feliz quem dormiu no colo ardente
Da huri dos amores,
Que sôfrego bebeu o orvalho santo
Das perfumadas flores...
E pôde vê-la morta ou esquecida
Dos longos beijos seus,
Sem blasfemar das ilusões mais puras
E sem rir-se de Deus!
Mas, nesse doloroso sofrimento
Do pobre peito meu,
Sentir no coração que à dor da vida
A esperança morreu!...
Que me resta, meu Deus? aos meus suspiros
Nem geme a viração...
E dentro, no deserto do meu peito,
Não dorme o coração!
ÁLVARES DE AZEVEDO. Lira dos vinte anos. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
Questão 1
No poema do poeta ultrarromântico Álvares de Azevedo, sobressai:
A) o saudosismo.
B) o sofrimento amoroso.
C) a fuga da realidade.
D) o tédio.
E) a ironia.
Resolução:
Alternativa B.
No poema, o eu lírico fala do sofrimento causado pelo amor a uma mulher e demonstra certa inveja daquele que não teve o mesmo azar do eu lírico.
Questão 2
Todas as alternativas apresentam um verso em que se verifica a idealização da figura feminina, EXCETO:
A) “Feliz daquele que de um anjo as tranças/ Não respirou sequer”
B) “E não sentiu-lhe a mão cheirosa e branca/ Perdida em seus cabelos,”
C) “Quem nunca te beijou, flor dos amores,/ Flor do meu coração,”
D) “E pôde vê-la morta ou esquecida/ Dos longos beijos seus,”
Resolução:
Alternativa D.
No poema, a mulher amada apresenta elementos idealizadores, já que ela é comparada a um “anjo” e a uma “flor”, além de ter “mãos cheirosas”. Já os versos “E pôde vê-la morta ou esquecida/ Dos longos beijos seus,” não apresentam idealização, mas uma imagem sombria.
Créditos da imagem
[1] Editora Martin Claret (reprodução)
Fontes
ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura: tempos, leitores e leituras. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2021.
ÁLVARES DE AZEVEDO. Lira dos vinte anos. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
COSTA, Edson Tavares. Licenciatura em Letras/ Português: literatura portuguesa. Campina Grande: EDUEPB, 2011.
D. MARIA II. In: INFOPÉDIA. Disponível em: https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$d.-maria-ii.
D. PEDRO V. In: INFOPÉDIA. Disponível em: https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$d.-pedro-v.
HIGA, Carlos César. Segundo reinado. Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/segundo-reinado.htm.
SILVA, Tallyson Tamberg Cavalcante Oliveira da. Das reminiscências trovadorescas na poesia de Álvares de Azevedo: um estudo do aspecto amoroso na Lira dos vinte anos. 2021. Dissertação (Mestrado em Letras) – Centro de Ciências, Educação e Linguagens, Universidade Federal do Maranhão, Bacabal, 2021.
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