O pleonasmo é um recurso linguístico que utiliza a repetição de um termo ou de uma ideia para dar maior ênfase ou clareza. Dependendo do contexto e da intenção do falante, o pleonasmo pode configurar uma figura de linguagem ou um desvio da norma padrão. Por isso, vamos aprender mais sobre esse recurso estilístico.
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Existem dois tipos de pleonasmo: o literário e o vicioso. São tipos diferentes a depender da intenção de quem enuncia o discurso e da maneira como isso é feito. Alguns gramáticos afirmam que o uso (se consagrado ou não) dos termos que geraram o pleonasmo pode validar sua ocorrência (tendo aí uma figura de linguagem) ou não (ocorrendo um vício de linguagem).
Muitas vezes, o pleonasmo literário é empregado para enfatizar uma ideia ou conceito, dando caráter poético à construção. É bastante comum que isso ocorra em epítetos da natureza. Veja um exemplo clássico do poeta Fernando Pessoa:
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Como se pode notar, explicitar o adjetivo “salgado” para o “mar” é redundante, porém traz um efeito poético no texto pela ênfase. A seguir, outro exemplo da cantora e compositora Vange Leonel:
Procuro só a escuridão
A purificação na calada da noite
Da noite preta
O substantivo “noite” já passa a ideia de escuridão, portanto, dar a ela o adjetivo “preta” é um recurso estilístico, o pleonasmo. É também comum a ocorrência de pleonasmo com outros elementos da natureza: “neve branca”, “água mole em pedra dura”, “mar azul”, “sol quente” etc.
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Há, ainda, o conceito de objeto pleonástico: para dar realce ao objeto (direto ou indireto), é possível colocá-lo no início da frase e repeti-lo com a forma pronominal na sequência. Observe as orações:
O meu desejo, confessei-o a ela.
Note que o objeto direto (“o meu desejo”) foi repetido após o verbo (“confessei-o”), configurando um objeto pleonástico, visto que a repetição tem a função de dar ênfase.
A mim não me enganas tu.
Novamente, um caso de objeto pleonástico nesse excerto do escritor Miguel Torga, agora do objeto indireto (“a mim”) repetido pelo pronome (“me”).
Em certos contextos, o pleonasmo não é usado como recurso estilístico, configurando um vício de linguagem: a redundância. Trata-se de construções comumente não vistas como adequadas ou que não acrescentam efeito de ênfase ou de esclarecimento (nesse caso, ocorrendo por falta de atenção na construção do enunciado ou por desconhecimento do significado exato dos termos utilizados).
A seguir, alguns exemplos corriqueiros de pleonasmo vicioso:
Nos três enunciados, não há justificativa para utilizar as redundâncias destacadas. Para evitar esse vício, basta um dos termos:
Assim, os enunciados não estão mais redundantes.
O substantivo desempenha distintas funções sintáticas, tais como: sujeito, objeto direto, objeto indireto, etc
As palavras sessão, seção e cessão são homófonas heterográficas, entenda.
Foi um dos principais autores realistas do século XIX, e uma de suas obras mais famosas é o romance O idiota.
A literatura africana em língua portuguesa é dividida em três fases: colonização, pré-independência e pós-independência.
Consistem nas figuras de linguagem em que há o emprego de palavras com um sentido conotativo ou figurado