Cubismo

Por Warley Souza

O cubismo é um dos movimentos de vanguarda surgidos do início do século XX. O principal nome dessa estética é o pintor Pablo Picasso.

Arte ilustrada com Pablo Picasso, o pintor mais famoso do cubismo.
Pablo Picasso é o mais famoso pintor cubista.

O cubismo é uma das vanguardas europeias (movimentos artísticos que surgiram na Europa no início do século XX). Nascido em 1907, o cubismo apresenta uma estética antiacadêmica, marcada pela fragmentação e pelo geometrismo. Está fortemente vinculado às artes visuais. A obra As senhoritas de Avignon, de Pablo Picasso, é uma pintura cubista famosa em todo o mundo.

No Brasil, alguns artistas modernistas, como Ismael Nery, Anita Malfatti e Candido Portinari, produziram pinturas com traços cubistas. Já na literatura, o destaque é o escritor francês Guillaume Apollinaire. Assim, a literatura de viés cubista apresenta fragmentação e aspecto ilógico.

Leia também: Expressionismo — outro movimento de vanguarda que surgiu no início do século XX

Resumo sobre cubismo

  • O cubismo é um movimento de vanguarda surgido em 1907, na Europa.

  • Ele apresenta uma visão fragmentária e geométrica da realidade.

  • Pablo Picasso, autor da obra As senhoritas de Avignon, é o mais famoso pintor cubista.

  • Traços cubistas podem ser encontrados em pinturas modernistas brasileiras.

  • As características cubistas também podem ser observadas em obras do escritor brasileiro Oswald de Andrade.

  • Na literatura mundial, autores como Guillaume Apollinaire possuem obras de caráter cubista.

Videoaula sobre cubismo

Quais são as características do cubismo?

De forma geral, o cubismo apresenta as seguintes características:

  • antiacademicismo;

  • fragmentação do objeto representado;

  • imagem bidimensional;

  • valorização do aspecto geométrico.

Características das fases do cubismo

  • Fase primitiva: planos largos, simples e volumétricos.

  • Fase analítica: decomposição dos objetos, condensação dos planos e monocromatismo.

  • Fase sintética: cores fortes, colagens e imagens decorativas.

Principais artistas do cubismo

Escultores do cubismo

  • Raymond Duchamp-Villon (1876-1918) — francês.

  • Constantin Brancusi (1876-1957) — romeno.

  • Pablo Gargallo (1881-1934) — espanhol.

  • Alexander Archipenko (1887-1964) — ucraniano.

  • Jacques Lipchitz (1891-1973) — lituano.

Pintores do cubismo

  • Albert Gleizes (1881-1953) — francês.

  • Fernand Léger (1881-1955) — francês.

  • Pablo Picasso (1881-1973) — espanhol.

  • Georges Braque (1882-1963) — francês.

  • Jean Metzinger (1883-1956) — francês.

  • Roger de la Fresnaye (1885-1925) — francês.

  • Robert Delaunay (1885-1941) — francês.

  • Sonia Delaunay (1885-1979) — ucraniana.

  • Juan Gris (1887-1927) — espanhol.

Compositor do cubismo

  • Ígor Stravinsky (1882-1971) — russo.

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Cubismo no Brasil

No Brasil, alguns artistas modernistas sofreram influência da estética cubista, tais como:

  • Tarsila do Amaral (1886-1973)

  • Anita Malfatti (1889-1964)

  • Antonio Gomide (1895-1967)

  • Vicente do Rego Monteiro (1899-1970)

  • Ismael Nery (1900-1934)

  • José Pancetti (1902-1958)

  • Candido Portinari (1903-1962)

  • Clóvis Graciano (1907-1988)

  • Milton Dacosta (1915-1988)

  • Antonio Bandeira (1922-1967)

  • Luiz Sacilotto (1924-2003)

Um exemplo dessa influência é a obra Autorretrato, produzida em 1930 pelo pintor Ismael Nery. Nela, é possível observar o geometrismo, isto é, a evidenciação de elementos geométricos:

Obra “Autorretrato”, do pintor Ismael Nery, um exemplo da influência do cubismo no Brasil.

A influência cubista no país também está presente nos textos de Oswald de Andrade, um dos principais escritores do modernismo brasileiro.

Cubismo na literatura

A literatura de viés cubista é marcada pela fragmentação na exposição de fatos ou ideias. Desse modo, ela privilegia o nonsense (a falta de sentido), o caráter ilógico dos acontecimentos. Ela mostra a realidade em fragmentos, quase sempre sem conexão aparente. Essa desintegração da realidade é feita objetivamente. Escreveram textos de caráter cubista:

  • Max Jacob (1876-1944) — França.

  • Guillaume Apollinaire (1880-1918) — França.

  • André Salmon (1881-1969) — França.

  • Paul Dermée (1886-1951) — Bélgica.

  • Jean Cocteau (1889-1963) — França.

  • Mário de Sá-Carneiro (1890-1916) — Portugal.

  • Oswald de Andrade (1890-1954) — Brasil.

  • Vladimir Maiakovski (1893-1930) — Rússia.

  • Vicente Huidobro (1893-1948) — Chile.

A seguir, vamos ler alguns trechos do longo poema Zona|1|, de Guillaume Apollinaire. Nele, a fragmentação cubista é evidente:

Por fim estás cansado deste mundo antigo

Pastora ó torre Eiffel o rebanho das pontes bale esta manhã

[...]

Aqui até os automóveis parecem antigos
A religião sozinha continua nova a religião
Continua simples como os galpões de Porto-Aviação
[...]

Eis a jovem rua e tu és ainda uma criancinha
Tua mãe só te veste de azul e branco
És muito piedoso e com o mais antigo de teus camaradas René Dalize
Vocês não amam nada tanto quanto as pompas da igreja
São nove horas a luz de gás baixou toda azul vocês saem do dormitório escondidos
[...]

Andas para Auteuil queres ir à tua casa a pé
Dormir entre os fetiches da Oceania e da Guiné
Eles são Cristos de outra forma e outras crenças
São Cristos inferiores das obscuras esperanças
[...]

Contexto histórico do cubismo

“As senhoritas de Avignon”, tela de Pablo Picasso que inaugurou o cubismo.
As senhoritas de Avignon, tela de Pablo Picasso que inaugurou o cubismo. [1]

A tela As senhoritas de Avignon, de Pablo Picasso, é a obra inaugural do cubismo e data do ano de 1907. Portanto, esse movimento surgiu em um contexto político tumultuado na Europa do início do século XX. Nesse contexto, o estímulo ao nacionalismo, a corrida armamentista e a tensão política entre as grandes potências são elementos que levaram à Primeira Guerra Mundial (1914-1918).

Ao lado do conflito político, havia também o otimismo causado pelas inovações tecnológicas e científicas. Esse espírito inovador acabou influenciando os artistas, que buscavam novas formas de se fazer arte. Desse modo, houve a valorização do presente, em oposição à tradição do passado.

Era um presente marcado pela velocidade e pelo encurtamento das distâncias, com o uso de automóveis, telefones e a invenção do avião. Além disso, novas teorias científicas mudavam a forma como a humanidade via a realidade até então. Estamos falando da teoria da relatividade, de Albert Einstein (1879-1955), e das teorias psicanalíticas de Sigmund Freud (1856-1939).

Veja também: Futurismo — outro movimento de vanguarda que valorizou o antitradicionalismo e o culto à guerra e à velocidade

Exercícios resolvidos sobre cubismo

Questão 1

Todas as obras abaixo apresentam o geometrismo da arte cubista, EXCETO:

A)

Obra “Figura”, de Ismael Nery, um autor que recebeu influência do cubismo.
Figura, de Ismael Nery.

B)

Obra “Violão e clarinete”, de Juan Gris, um autor que recebeu influência do cubismo.
Violão e clarinete, de Juan Gris.

C)

Obra “Guernica”, de Pablo Picasso, autor que inaugurou o cubismo.
Guernica, de Pablo Picasso. (Crédito de imagem: Jules Verne Times Two / Wikimedia Commons | Reprodução)

D)

Obra “O retrato de Florent Schmitt”, de Albert Gleizes, um autor que recebeu influência do cubismo.
O retrato de Florent Schmitt, de Albert Gleizes.

E)

Obra “Davi com a cabeça de Golias”, de Caravaggio.
Davi com a cabeça de Golias, de Caravaggio.

Resolução:

Alternativa E.

Chama a atenção, nas obras, a presença de figuras geométricas em sua composição. A exceção é a tela barroca de Caravaggio, marcada pela oposição entre luz e sombra e pelo seu caráter mórbido.

Questão 2

Leia, a seguir, o poema “Hípica”, do escritor modernista Oswald de Andrade:

Saltos records
Cavalos da Penha
Correm jóqueis de Higienópolis
Os magnatas
As meninas
E a orquestra toca
Chá
Na sala de cocktails

Após a análise do texto, é possível afirmar que ele possui característica cubista, já que apresenta:

A) fragmentação.

B) idealização.

C) cultismo.

D) conceptismo.

E) versos livres.

Resolução:

Alternativa A.

No poema de Oswald de Andrade é gritante a fragmentação, pois cada verso apresenta uma imagem diferente, fragmentos da realidade de um clube de hipismo.

Notas

|1| APOLLINAIRE, G. Zona. In: APOLLINAIRE, G. Álcoois e outros poemas. Tradução de Daniel Fresnot. São Paulo: Martin Claret, 2005.

Crédito de imagem

[1] Oscity / Shutterstock

Fontes

ABAURRE, M. L. M.; PONTARA, M. Literatura brasileira: tempos, leitores e leituras. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2015.

ANDRADE, O. Hípica. In: ANDRADE, O. Obras completas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1974.

APOLLINAIRE, G. Zona. In: APOLLINAIRE, G. Álcoois e outros poemas. Tradução de Daniel Fresnot. São Paulo: Martin Claret, 2005.

CEIA, C. Cubismo. Disponível em: https://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/cubismo/.

MERINO, X. D. Cubismo literário: da forma à poesia. Revista de Literatura, História e Memória, v. 7, n. 10, p. 321-335, 2011.  

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