Gênero épico

Por Warley Souza

Gênero épico é formado por narrativas em que há um herói. As epopeias mais antigas são a “Epopeia de Gilgámesh”, a “Ilíada” e a “Odisseia”.

Representação de um guerreiro, com armadura e capacete, segurando lança e escudo em um campo de batalha.
O herói épico é um guerreiro forte e corajoso.

Gênero épico é o gênero literário composto por narrativas de caráter heroico. Essas narrativas têm narrador, personagens, enredo, tempo e espaço. A origem desse gênero está na Antiguidade, quando foi produzido o texto épico mais antigo de que se tem notícia: a Epopeia de Gilgámesh, de autor anônimo.

As epopeias são narrativas escritas em verso e apresentam prólogo, invocação, dedicatória, relato dos fatos e epílogo. Os dois poemas épicos mais famosos são a Ilíada e a Odisseia, ambos do poeta grego Homero. Ainda, Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, é a epopeia mais importante da literatura portuguesa.

Veja também: Gênero dramático — o gênero literário composto por textos escritos para serem encenados

Videoaula sobre gênero épico

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Quais são as características do gênero épico?

O gênero épico é formado por narrativas, portanto, um texto épico tem: narrador (onisciente, observador ou personagem), personagens (planas ou redondas), enredo (trama), tempo (cronológico ou psicológico) e espaço (local ou locais onde a ação transcorre).

Além disso, obrigatoriamente, é necessária a presença de um herói. Assim, o protagonista deve vencer obstáculos ou mesmo cumprir uma difícil missão. Nas epopeias, também é comum a participação de deuses, deusas e seres mitológicos, que podem ajudar o herói ou mesmo dificultar a sua vida.

Qual é a origem do gênero épico?

A Antiguidade é o berço do gênero épico. As epopeias primárias (as mais antigas) são a Ilíada e a Odisseia, que datam do século VIII a. C., ambas atribuídas ao poeta grego Homero. Porém o texto épico mais antigo de que se tem notícia é a Epopeia de Gilgámesh, produzida, aproximadamente, em 2000 a. C., na Mesopotâmia.

Saiba também: Gênero lírico — o gênero literário caracterizado pela expressão da subjetividade

Qual é a estrutura das epopeias?

As epopeias, ou poemas épicos, são narrativas escritas em verso. São longos poemas que contam uma história heroica e extraordinária. No entanto, elas não são divididas em capítulos (como os romances, que tomaram o seu lugar no século XVIII), mas sim em cantos.

Elas também apresentam uma proposição ou prólogo, que introduz o relato; uma invocação a uma divindade, a qual tem o poder de inspirar o poeta; e uma dedicatória a um rei, rainha ou pessoa importante. Em seguida, o narrador conta as aventuras do herói. Por fim, apresenta-se o epílogo, ou seja, o final da história.

Exemplos de textos épicos

Capa do livro “Ilíada”, de Homero, publicado pela editora Sétimo Selo. [1]
Capa do livro “Ilíada”, de Homero, publicado pela editora Sétimo Selo. [1]

O texto épico mais antigo é a Epopeia de Gilgamesh (2000 a. C.), de autor desconhecido. As mais famosas epopeias gregas são a Ilíada e a Odisseia (século VIII a. C.), de Homero. No ano 19 a. C., o poeta romano Virgílio escreveu a Eneida. Já Os Lusíadas (1572), de Luís Vaz de Camões, é o grande clássico da literatura portuguesa.

Como exemplo de texto épico, vamos ler um trecho da Ilíada:
Durante nove dias contra o exército voaram os disparos do deus.
Ao décimo dia, Aquiles convocou a hoste para a assembleia:
fora isso que lhe colocara no espírito a deusa Hera de alvos braços.
Pois sentia pena dos Dânaos, porque os via morrer.
Assim que se encontraram todos reunidos,
levantou-se para lhes falar Aquiles de pés velozes:

“Atrida, julgo agora que seremos obrigados a regressar
e voltar frustrados para casa, isto no caso de fugirmos à morte,
se ao mesmo tempo a guerra e a doença dizimam os Aqueus.
Mas agora interroguemos algum vidente ou sacerdote,
ou um intérprete de sonhos — também os sonhos vêm de Zeus —,
que nos indique por que razão se encolerizou Febo Apolo,
se por causa de promessa ou de hecatombe nos censura;
na esperança de que aceite o sacrifício de ovelhas e cabras
imaculadas e que assim afaste de nós a pestilência.”|1|

E também de Os Lusíadas:

Não sabia em que modo festejasse
O Rei Pagão os fortes navegantes,
Pera que as amizades alcançasse
Do Rei Cristão, das gentes tão possantes.
Pesa-lhe que tão longe o apousentasse
Das Europeias terras abundantes
A ventura, que não no fez vizinho
Donde Hércules ao mar abriu o caminho.

Com jogos, danças e outras alegrias,
A segundo a polícia Melindana,
Com usadas e ledas pescarias,
Com que a Lageia António alegra e engana,
Este famoso Rei, todos os dias
Festeja a companhia Lusitana,
Com banquetes, manjares desusados,
Com frutas, aves, carnes e pescados.|2|

No Brasil, durante o arcadismo, foram produzidos dois textos de caráter épico: O Uraguai (1769), de Basílio da Gama, e Caramuru (1781), de Frei José de Santa Rita Durão. É do livro Caramuru o trecho a seguir:

De um varão em mil casos agitado,
Que as praias discorrendo do Ocidente,
Descobriu o Recôncavo afamado
Da capital brasílica potente:
Do Filho do Trovão denominado,
Que o peito domar soube à fera gente;
O valor cantarei na adversa sorte,
Pois só conheço herói quem nela é forte.|3|

Notas

|1| HOMERO. Ilíada. Tradução de Frederico Lourenço. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.

|2| Obra em domínio público.

|3| Obra em domínio público.

Crédito de imagem

[1] Editora Sétimo Selo (reprodução)

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