Existem critérios semânticos e sintáticos que determinam o uso dos porquês em língua portuguesa.
Observe o uso da palavra “porque” na música de Gilberto Gil e Bruno Ferreira:
FREVO RASGADO
Foi quando topei com você
Que a coisa virou confusão
No salão
Porque parei, procurei
Não encontrei
Nem mais um sinal de emoção
Em seu olhar
Aí eu me desesperei
E a coisa virou confusão
No salão
Porque lembrei
Do seu sorriso aberto
Que era tão perto, que era tão perto
Em um carnaval que passou
Porque lembrei
Que esse frevo rasgado
Foi naquele tempo passado
O frevo que você gostou
E dançou e pulou
Foi quando topei com você
Que a coisa virou confusão
No salão
Porque parei, procurei
Não encontrei
Nem mais um sinal de emoção
Em seu olhar
A coisa virou confusão
Sem briga, sem nada demais
No salão
Porque a bagunça que eu fiz, machucado
Bagunça que eu fiz tão calado
Foi dentro do meu coração
É possível notar que os compositores utilizam a conjunção no sentido de estabelecer uma relação de sentido entre uma causa e suas consequências:
Causas |
Consequências |
“Porque parei, procurei Não encontrei Nem mais um sinal de emoção Em seu olhar” |
“a coisa virou confusão No salão” |
Porque lembrei Do seu sorriso aberto Que era tão perto, que era tão perto Em um carnaval que passou |
Aí eu me desesperei E a coisa virou confusão No salão |
Porque lembrei Que esse frevo rasgado Foi naquele tempo passado O frevo que você gostou E dançou e pulou |
Aí eu me desesperei E a coisa virou confusão No salão |
Porque a bagunça que eu fiz, machucado Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)
Bagunça que eu fiz tão calado Foi dentro do meu coração |
A coisa virou confusão Sem briga, sem nada demais No salão |
Assim, quando a palavra for escrita junta e sem acento, seu valor semântico será de “pois”, “uma vez que” e possuirá a função sintática de conjunção causal ou explicativa. Esses critérios (semânticos e sintáticos) determinam o uso dos diferentes porquês em língua portuguesa. Vamos analisá-los detalhadamente a seguir:
PORQUE: é uma conjunção causal ou explicativa, podendo ser substituída por “pois”, “uma vez que”.
Exemplo:
Estude, porque as provas serão na próxima semana.
PORQUÊ: é um substantivo, podendo ser acompanhado de artigo, pronome, adjetivo ou numeral.
Exemplo:
Não sabia o porquê de tanta ansiedade.
POR QUE: (1) é a junção da preposição por + pronome interrogativo e inicia perguntas diretas ou está presente no interior de perguntas indiretas, podendo ser substituído por “por qual razão” ou “por qual motivo”. (2) é a junção da preposição por + pronome relativo e terá o significado de “pelo qual” e suas flexões.
Exemplos:
Quero saber por que você não atende meus telefonemas.
Os lugares por que viajei são inesquecíveis.
POR QUÊ: é a junção da preposição por + pronome interrogativo. Aparecerá sempre no final de uma frase, podendo ser substituído por “por qual motivo”, “por qual razão”.
Exemplos:
Você parece triste, por quê?
Ela está chorando sem saber por quê.
Aproveite para conferir a nossa videoaula sobre o assunto:
Conte com o artigo para não errar mais o uso dos porquês.
Saiba como separar as sílabas das palavras que possuem hiato.
Toda palavra possui uma vogal temática: mito ou verdade?
Que tal fazer uma revisão sobre complementos verbais agora?
Acesse e saiba como solicitar a sua carteirinha de estudante Brasil Escola. É rápido e fácil!