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Escolas literárias

As escolas literárias são modelos estéticos e temáticos que predominam em determinados períodos e lugares, estabelecendo aquilo que é considerado padrão artístico.

Por Talliandre Matos

Imagem listando as escolas literárias do Brasil e da Europa.
As escolas literárias ajudam a estudar a história dos modelos literários predominantes na história. (Créditos: Gabriel Franco | Português)
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As escolas literárias são modelos estéticos e temáticos que predominam em determinados períodos e regiões. Elas estabelecem aquilo que é considerado como padrão ou tendência artística.

As escolas literárias brasileiras são:

  • quinhentismo;

  • barroco;

  • arcadismo;

  • romantismo;

  • realismo;

  • naturalismo;

  • parnasianismo;

  • simbolismo;

  • modernismo.

As escolas literárias da Europa são:

  • trovadorismo;

  • humanismo;

  • classicismo;

  • barroco;

  • arcadismo ou neoclassicismo;

  • romantismo;

  • realismo;

  • naturalismo;

  • parnasianismo;

  • simbolismo;

  • modernismo.

Leia também: Afinal, o que é literatura?

Resumo sobre escolas literárias

  • As escolas literárias são modelos estéticos e temáticos que predominam em determinados períodos e lugares.

  • As escolas literárias brasileiras são ligadas às escolas literárias europeias devido ao seu passado colonial.

  • As escolas literárias brasileiras são: quinhentismo, barroco, arcadismo, romantismo, realismo, naturalismo, parnasianismo, simbolismo e modernismo.

  • O pré-modernismo não é considerado uma escola literária, mas um período de transição na estética literária.

  • As escolas literárias brasileiras são divididas em período colonial (quinhentismo, barroco e arcadismo) e período nacional (romantismo, realismo, naturalismo, parnasianismo, simbolismo e modernismo).

  • As escolas literárias europeias são: trovadorismo, humanismo, classicismo, barroco, arcadismo, romantismo, realismo, naturalismo, parnasianismo, simbolismo e modernismo.

  • Atualmente não há uma escola literária, mas há tendências recorrentes na literatura contemporânea.

Lista das escolas literárias em ordem

Trovadorismo

  • Principais características

  • Contexto da Idade Média

  • Teocentrismo

  • Poesia cantada ao som de instrumentos musicais — cantigas

  • Composições cantadas pelo jogral

  • Quatro tipos de cantigas, dois líricos e dois satíricos

  • Gênero lírico: cantigas de amor e cantigas de amigo

  • Gênero satírico: cantigas de escárnio e cantigas de maldizer

  • Principais autores e obras 

  • Cancioneiro da Ajuda

  • Cancioneiro da Vaticana

  • Cancioneiro da Biblioteca Nacional

→ Humanismo 

  • Principais características

  • Valorização do conhecimento

  • Transição da Idade Média para a Era Moderna

  • Influência do Renascimento

  • Principais autores e obras

  • Fernão Lopes: Crônica de el rei D. Pedro I, Crônica de el rei D. Fernando, Crônica de el rei D. João.

  • Gil Vicente: Auto da visitação ou Monólogo do vaqueiro, Trilogia das barcas, Auto da Lusitânia, Farsa de Inês Pereira.

→ Humanismo

  • Principais características do quinhentismo

  • Valor histórico

  • Descrição do “novo mundo”

  • Catequização

  • Aculturação (imposição de valores culturais)

  • Sermões católicos

  • Principais autores e obras do quinhentismo

  • Pero Vaz de Caminha: Carta ao rei D. Manoel (carta de achamento do Brasil)

  • São José de Anchieta:  Poema à Virgem (em latim), Poema a Mem de Sá (em latim), Na festa de São Lourenço (auto).

→ Classicismo 

  • Principais características 

  • Retomada dos modelos clássicos

  • Valorização da mitologia pagã

  • Racionalismo

  • Busca por valores absolutos

  • Antropocentrismo

  • Arte objetiva

  • Principais autores e obras 

  • Luís Vaz de Camões: Os Lusíadas (1572)

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→ Barroco

  • Principais características do barroco

  • Arte de contraste e oposição

  • Dualidade: fé versus razão

  • Rebuscamento linguístico

  • Apego aos detalhes

  • Inversões na estrutura sintática

  • Cultismo (Gongorismo) — jogo de palavras

  • Conceptismo (Quevedismo) — jogo de ideias

    • Principais autores e obras do barroco 

  • Luis de Góngora: Fábula de Polifemo e Galatea, Soledades

  • Francisco de Quevedo: El parnaso español

  • Antônio Vieira: Sermão de Santo Antônio aos peixes, Sermão da sexagésima

  • Poesias de Gregório de Matos

Arcadismo

  • Principais características do arcadismo
  • Racionalismo

  • Simplicidade estilística

  • Estética pastoril

  • Maior racionalidade

  • Modelos clássicos

  • Uso de pseudônimos pastoris

    • Principais autores e obras do arcadismo

  • Manuel Maria Barbosa du Bocage: Rimas, Elegia, A virtude laureada, À morte de D. Inês de Castro

  • Tomás Antônio Gonzaga: Marília de Dirceu e Cartas chilenas

  • Cláudio Manuel da Costa: Culto métrico, Munúsculo métrico, Labirinto do amor (1753), Obras poéticas de Glaucete Satúrnio, Vila Rica, Poesias manuscritas

  • Santa Rita Durão: Caramuru

  • Basílio da Gama: O Uraguai, A declamação trágica

Romantismo

  • Principais características do romantismo

  • Subjetividade

  • Emotividade

  • Liberdade de expressão

  • Idealização da vida

  • Idealização do amor

  • Pessimismo

  • Escapismo

  • Nacionalismo idealista

  • Exaltação da natureza

  • Representação idealista do indígena

    • Principais autores e obras do romantismo

  • Victor Hugo: Os miseráveis (1862)
  • Walter Scott: Ivanhoé (1820)

  • Johann Wolfgang von Goethe: Os sofrimentos do jovem Werther (1774)

  • Camilo Castelo Branco: Amor de perdição (1862)

  • Lord Byron: A maldição de Minerva (1815)

  • Almeida Garrett: Camões (1825)

  • Gonçalves Dias: Canção do exílio (1846), I-Juca-Pirama (1851), Primeiros cantos (1846)

  • Álvares de Azevedo: Lira dos vinte anos (1853), Noite na taverna (1855), Macário (1855)

  • Castro Alves: O navio negreiro (1880), Os escravos (1883), Espumas flutuantes (1870)

  • Joaquim Manuel de Macedo: A moreninha (1844), A luneta mágica (1869), O moço loiro (1854)

  • José de Alencar: O guarani (1857), Lucíola (1862), Iracema (1865), Senhora (1875)

  • Manuel Antônio de Almeida: Memórias de um sargento de milícias (1853)

  • Bernardo Guimarães: A dança dos ossos (1871), O seminarista (1872), A escrava Isaura (1875)

Realismo

  • Principais características do realismo
  • Retrato objetivo e descritivo da realidade

  • Racionalidade

  • Verossimilhança

  • Críticas sociais

  • Valorização do detalhe

  • Rejeição a idealismos

  • Personagens complexos

    • Principais autores e obras do realismo

  • Gustave Flaubert: Madame Bovary (1857)

  • Charles Dickens: As aventuras do Sr. Pickwik (1836), Oliver Twist (1837)

  • George Eliot: Middlemarch (1871), Agatha (1869)

  • Henry James: Retrato de uma senhora (1881), A volta do parafuso ou Calafrio (1898)

  • Henrik Ibsen: Uma casa de bonecas (1879), Um inimigo do povo (1882)

  • Fiódor Dostoiévski: Crime e castigo (1866), Os irmãos Karamazov (1880)

  • Liev Tolstói: Guerra e paz (1867), Anna Karenina (1878)

  • Anton Tchekhov: Ivanov (1887), A gaivota (1896), O jardim das cerejeiras (1904)

  • Honoré de Balzac: O pai Goriot (1835), A pele de onagro (1831)

  • Machado de Assis: Memórias póstumas de Brás Cubas (1881), O alienista (1882), A cartomante (1884), Quincas Borba (1891), Dom Casmurro (1899), Esaú e Jacó (1904)

Naturalismo

  • Principais características do naturalismo

  • Racionalidade

  • Verossimilhança

  • Descritivismo

  • Cientificismo

  • Críticas sociais

  • Zoomorfização (personagens animalescos)

  • Determinismo

  • Personagens planas (sem muita mudança de personalidade ou caráter)

    • Principais autores e obras do naturalismo

  • Émile Zola: Naná (1880), Germinal (1885)

  • Eça de Queirós: O crime do padre Amaro (1875), O primo Basílio (1878)

  • Aluísio Azevedo: O mulato (1881), Casa de pensão (1884), O cortiço (1890)

  • Raul Pompeia: Uma tragédia no Amazonas (1880), As joias da coroa (1882), O Ateneu (1888)

  • Adolfo Caminha: A normalista (1893), Bom-crioulo (1895), Cartas literárias (1895)

Parnasianismo

  • Principais características do parnasianismo

  • Racionalismo

  • Busca pela perfeição estética

  • Descritivismo

  • Vocabulário formal e rebuscado

  • Referência a modelos clássicos

    • Principais autores e obras do parnasianismo

  • João Penha: Rimas (1882), Novas rimas (1905), Últimas rimas (1919)

  • Gonçalves Crespo: Miniaturas (1870), Nocturnos (1882), Obras completas (1887)

  • Cesário Verde: Nós (1884)

  • Olavo Bilac: Poesias (1888), Via Láctea (1888), O caçador de esmeraldas (1902)

  • Alberto de Oliveira: Canções românticas (1878), Meridionais (1884), Sonetos e poemas (1885)

  • Raimundo Correia: Primeiros sonhos (1879), Versos e versões (1887), Aleluias (1891)

  • Vicente de Carvalho: Relicário (1888), Poemas e canções (1908)

  • Francisca Júlia: Mármores (1895), Esfinges (1903)

Simbolismo

  • Principais características do simbolismo
  • Musicalidade

  • Subjetividade

  • Misticismo

  • Espiritualidade

  • Sinestesia (mistura de sensações)

  • Valorização do etéreo

  • Linguagem vaga e sugestiva

  • Preferência pela forma fixa soneto

  • Retomada de elementos românticos

    • Principais autores e obras do simbolismo

  • Charles Baudelaire: As flores do mal (1857), O albatroz (1859), Paraísos artificiais (1860)

  • Stéphane Mallarmé: Poesias (1887), Divagações (1897)

  • Paul Verlaine: Poemas saturninos (1866), Os poetas malditos (1884)

  • Arthur Rimbaud: Iluminações (1872), Uma temporada no inferno (1873)

  • Cruz e Sousa: Broquéis (1893), Evocações (1898), Poemas (1972)

  • Alphonsus de Guimarães: Setenário das dores de Nossa Senhora (1899), Dona Mística (1899), Pastoral aos crentes do amor e da morte (1923)

Pré-modernismo

  • Principais características do pré-modernismo

  • Não é uma “escola” literária e sim um momento de transição

  • Críticas sociais

  • Representação de “tipos” humanos

  • Temáticas regionais

    • Principais autores e obras do pré-modernismo

  • Graça Aranha: Canaã (1902), A estética da vida (1921), Espírito moderno (1925)
  • Monteiro Lobato: Urupês (1918), Cidades mortas (1919)

  • Euclides da Cunha: Os sertões (1902)

  • Lima Barreto: Recordações do escrivão Isaías Caminha (1911), Triste fim de Policarpo Quaresma (1911), Clara dos Anjos (1948)

Modernismo

  • Principais características do modernismo

  • Ruptura estética com o passado
  • Inovação e experimentação estética

  • Liberdade de expressão

  • Crítica à tradição

  • Nacionalismo crítico

  • Oposição à arte acadêmica

  • Antropofagia (deglutição das culturas)

  • Valorização da linguagem coloquial

  • Valorização da temática cotidiana

  • Antropofagia

  • Engajamento social

  • Vertente intimista

  • Pluralidade temática

    • Principais autores e obras do modernismo

  • Fernando Pessoa: Livro do desassossego (1982), O banqueiro anarquista (1922), O marinheiro (1915)
  • Mário de Sá-Carneiro: Princípio (1912), Memórias de Paris (1913), A confissão de Lúcio (1914), Dispersão (1914)

  • James Joyce: Música de câmara (1907), Dublinenses (1914), Retrato do artista quando jovem (1916), Exilados (1918), Ulisses (1922)

  • Virginia Woolf: A viagem (1915), Ao farol (1927), Um teto todo seu (1929), As ondas (1931), Entre os atos (1941)

  • Franz Kafka: A metamorfose (1915), Um médico rural (1919), Um arista da fome (1922)

  • Aldous Huxley: Férias em Crome (1921), Admirável mundo novo (1932), O tempo deve parar (1945)

  • George Orwell: A revolução dos bichos (1945), 1984 (1949)

  • Mário de Andrade: Pauliceia desvairada (1922), Macunaíma (1928), Contos novos (1947)

  • Oswald de Andrade: Pau Brasil (1925), Memórias sentimentais de João Miramar (1924), O rei da vela (1937)

  • Manuel Bandeira: Libertinagem (1930), Estrela da manhã (1936)

  • Carlos Drummond de Andrade: Alguma poesia (1930), Sentimento do mundo (1940), A rosa do povo (1945), Contos de aprendiz (1951)

  • Cecília Meireles: Espectros (1919), Romanceiro da Inconfidência (1953), Canções (1956)

  • Vinicius de Moraes: Orfeu da Conceição (1956), As feras (1961), Procura-se uma rosa (1961)

  • Rachel de Queiroz: O Quinze (1930), Caminho de pedras (1937)

  • José Lins do Rego: Menino de engenho (1932), Fogo morto (1943)

  • Jorge Amado: Cacau (1933), Capitães da areia (1937), Terras do sem-fim (1943), Gabriela, cravo e canela (1958)

  • Graciliano Ramos: São Bernardo (1934), Angústia (1936), Vidas secas (1938)

  • Erico Verissimo: O tempo e o vento (1948, 1951, 1961), Incidente em Antares (1971)

  • João Cabral de Melo Neto: Morte e vida severina (1955)

  • Guimarães Rosa: Sagarana (1946), Primeiras estórias (1962), Grande sertão: veredas (1956)

  • Clarice Lispector: Laços de família (1960), A paixão segundo G.H. (1964), A hora da estrela (1977), Felicidade clandestina (1971)

Tendências contemporâneas

  • Principais características das tendências contemporâneas

  • Pluralidade formal

  • Diversidade temática

  • Realismo fantástico

  • Recorrência da temática da violência urbana

  • Hiper-realismo

  • Concretismo (poesia)

    • Principais autores e obras das tendências contemporâneas

  • Chimamanda Ngozi Adichie: Meio sol amarelo (2006), Hibisco roxo (2003), Americanah (2013), Sejamos todos feministas (2014)

  • Michel Houellebecq: O mapa e o território (2010), Submissão (2015), Serotonina (2019)

  • Elena Ferrante: Um amor incômodo (1991), Dias de abandono (2002), A filha perdida (2006)

  • Samanta Schweblin: Pájaros en la boca (2008), Distancia de Rescate (2014)

  • Han Kang: A vegetariana (2007), Lições do grego (2011), Atos humanos (2014)

  • Alejandro Zambra: Bonsai (2006), A vida privada das árvores (2007), Formas de voltar a casa (2011)

  • Adélia Prado: Coração disparado (1977), Bagagem (1986)

  • Ferreira Gullar: Poema sujo (1976)

  • Manoel de Barros: Livro sobre nada (1996), Memórias inventadas (2008)

  • Paulo Leminski: Polonaises (1980), Distraídos venceremos (1987), O ex-estranho (1996)

  • Rubem Braga: O conde e o passarinho (1936), As boas coisas da vida (1988)

  • Carolina Maria de Jesus: Quarto de despejo (1960)

  • Rubem Fonseca: Feliz Ano-Novo (1975), O cobrador (1979)

  • Moacyr Scliar: O centauro no jardim (1980), Max e os felinos (1981)

Linha do tempo das escolas literárias

Linha do tempo das escolas literárias da Europa e do Brasil.
Linha do tempo das escolas literárias da Europa e do Brasil. (Créditos: Gabriel Franco | Português)

Escolas literárias brasileiras

  • Quinhentismo: foi a primeira manifestação literária ocorrida no Brasil após a chegada dos Portugueses. Essa literatura é composta pelas cartas de viajantes portugueses que descreviam esse “novo” território e por sermões dos padres que realizam a catequização dos povos originários. É uma literatura marcada muito mais por seu valor histórico do que por um valor estético.

  • Barroco: foi o movimento literário marcado pela forte oposição entre fé e razão, na qual o indivíduo sofria devido à dificuldade em escolher um desses caminhos para viver, portanto, oscilava entre ambos conflituosamente. Apresentava a exuberância linguística, o exagero, a antítese e o paradoxo como características fundamentais. Por outro lado, por sua vinculação à Igreja Católica, o barroco também abarcava poemas e sermões que disseminavam os valores católicos.

  • Arcadismo: foi o movimento literário que tentou reproduzir a estética do arcadismo europeu em contexto brasileiro. Propunha a utilização de nomes pastoris, valorizava a estética e a vida do campo, exaltava a natureza e um modo de vida equilibrado.

  • Romantismo: foi um intenso movimento literário no Brasil, sendo dividido didaticamente em três fases: a nacionalista, a ultrarromântica e a condoreira. Na primeira fase, prezou-se pela construção de um ideal nacional; na segunda, imperaram o pessimismo, o escapismo e o idealismo subjetivo; na terceira, iniciaram-se algumas discussões sociais nessa literatura.

  • Realismo: foi o movimento literário caracterizado pela objetividade, racionalidade e pelo descritivismo como características fundamentais das obras literárias que abordavam temas sociais, como desigualdade econômica e racismo. Além disso, esse movimento propôs personagens complexas, ou seja, indivíduos que mudam de comportamento ou ética no decorrer da história, os quais, muitas vezes, representavam hipocrisias recorrentes nessa sociedade. O realismo rejeitou os idealismos românticos e propôs uma literatura que fosse baseada na realidade social. Esse movimento manifestou-se apenas na prosa.

  • Naturalismo: foi o movimento literário concomitante ao realismo e que também apresentou a objetividade, racionalidade e descritivismo como elementos fundamentais de sua estética. No entanto, o naturalismo propôs personagens planas, ou seja, personagens fixas nas mesmas características, e justificava os comportamentos humanos e sociais com base em elementos biológicos, apresentando, por isso, uma abordagem determinista. Semelhantemente ao realismo, esse movimento só se manifestou na literatura em prosa.

  • Parnasianismo: foi outro movimento do século XIX, manifestado somente na poesia. Propôs uma retomada dos elementos da literatura clássica por meio de referências à mitologia e aos gêneros literários clássicos. Defendeu a produção poética como um trabalho artesanal, semelhante ao do ourives, que requeria cuidado, atenção aos detalhes e escolha racional das palavras. O apego à forma e ao ideal clássico de beleza foi predominante nesse movimento.

  • Simbolismo: foi o movimento literário que propôs uma retomada da sensibilidade, do mistério, do simbolismo e da emoção para a poesia, contrariando os outros movimentos literários predominantes do século XIX (realismo, naturalismo e parnasianismo). O simbolismo se reaproximava de valores do romantismo, diferentemente das outras escolas, e valorizou a musicalidade, o misticismo e a subjetividade em suas produções poéticas.

  • Pré-modernismo: esse não foi propriamente um movimento literário, o termo refere-se a um período de transição no qual as manifestações literárias começaram a apresentar mudanças nos temas, nas abordagens e na forma. Uma característica marcante desse período foi a abordagem de personagens e temas marginalizados socialmente, assim como a valorização de representações regionais, opondo-se à literatura centrada nos grandes centros urbanos.

  • Modernismo: foi o movimento literário predominante do século XX e que tentou reelaborar a literatura e a arte nacional por meio da mistura de referências e modelos europeus, com a incorporação e valorização de elementos, linguagens, estéticas e temas nacionais. A princípio, o movimento pretendia romper com os modelos estabelecidos na época, por isso apresentava forte irreverência; na sequência, solidificou-se estrutural e esteticamente. O modernismo valorizou a linguagem coloquial, as experiências e cenários cotidianos e os elementos nacionais na sua literatura e em suas outras manifestações artísticas.

Acesse também: Quem são os principais escritores brasileiros?

Escolas literárias da Europa

  • Trovadorismo: foi um movimento literário do século XI que ocorreu em antigas regiões europeias, hoje povoadas por países como França, Espanha e Itália. As composições poéticas eram cantadas e os participantes eram os trovadores (compositores nobres) e os jograis (servos). Os poemas do trovadorismo eram chamados de cantigas e dividiam-se em cantigas de amor, cantigas de amigo, cantigas de escárnio e cantigas de maldizer.

  • Humanismo: foi o movimento literário ocorrido na transição da Idade Média para a Idade Moderna. Nesse período, o racionalismo, o antropocentrismo e o cientificismo eram as ideias efervescentes do contexto e influenciavam, também, a literatura.

  • Classicismo: foi o movimento literário que buscou retomar os valores e as estéticas da Antiguidade em suas composições literárias. Sendo assim, os modelos clássicos de poesia, a referência a deuses das mitologias grega e romana e da mitologia pagã, o apego ao ideal de perfeição estética e a valorização do padrão clássico de beleza eram fundamentais para esse movimento. Além disso, permanecia ainda a influência dos princípios humanistas.

  • Barroco: foi o movimento literário marcado pela crise nos princípios renascentistas e por um intenso conflito entre razão e fé. Na Europa, esse movimento esteve associado ao contexto da Contrarreforma Católica, por isso essa produção reproduziu os valores católicos em certa medida; mas, por outro lado, também expressou o conflito existencial entre os ideais espirituais e os desejos mundanos.

  • Arcadismo ou neoclassicismo: foi o movimento literário influenciado pelo pensamento iluminista, o qual voltava a exaltar a racionalidade, bem como negava o exagero e a exuberância do barroco e abarcava a simplicidade e o equilíbrio dos modelos clássicos. Esse movimento foi caracterizado pelo culto à natureza e à vida no campo.

  • Romantismo: foi o movimento literário ocorrido no final do século XVIII, motivado principalmente pelas transformações socioculturais geradas pela Revolução Industrial e Revolução Francesa. Nesse período, ocorreu uma queda do racionalismo e da exaltação dos modelos clássicos e uma ascensão aos ideais de subjetividade, sentimentalismo e individualidade.

  • Realismo: foi o movimento literário surgido no século XIX como resposta ao idealismo e subjetivismo romântico. Nesse movimento, o objetivo era representar a realidade social de forma objetiva e racional. Essa estética era influenciada principalmente pelo positivismo, evolucionismo e marxismo, os quais eram conceitos ascendentes na época.

  • Naturalismo: foi o um movimento ramificado do realismo, o qual manteve o foco na descrição da realidade e na compreensão das relações sociais, porém com uma abordagem ainda mais radical e centrada no determinismo, visando justificar os comportamentos humanos e os problemas sociais com base em argumentos biológicos.

  • Parnasianismo: foi o movimento literário do século XIX que, semelhantemente ao realismo, prezou pela racionalidade em oposição à emotividade romântica. Esse movimento recuperou os modelos clássicos e a referência à mitologia grega. A objetividade, a impessoalidade, o culto à forma e o apego à perfeição estética eram as principais características desse movimento.

  • Simbolismo: foi um movimento ocorrido também no século XIX, reagindo ao racionalismo presente nos movimentos realismo e naturalismo. Esse movimento buscou recuperar a subjetividade e a emotividade para as composições literárias, acrescentando ainda uma forte influência dos temas espirituais e místicos.

  • Modernismo: foi um movimento do século XX que tentou libertar-se dos modelos tradicionais e criar formas de expressão condizentes com as transformações da sociedade. Defendeu uma arte experimental e flexível quanto à forma. Os avanços industriais e tecnológicos bem como as Guerras Mundiais foram fortes influências desse movimento literário.

Qual a escola literária da atualidade?

Atualmente não falamos de uma escola literária, pois não há um único modelo predominante como ideal de literatura. Na verdade, verifica-se que na contemporaneidade o experimentalismo literário tem aumentado; portanto, há diferentes gêneros, temas e estéticas que são trabalhados pelos escritores contemporâneos.

Algumas características já são perceptíveis em diversas manifestações literárias atuais, como a incorporação de temas que envolvem a cultura virtual, a recorrência de críticas e denúncias sociais e a mistura de gêneros literários que antes eram rigidamente separados, como romances que têm capítulos não lineares, poesias que são performadas, mescla de linguagem verbal e não verbal.

Exercícios resolvidos sobre escolas literárias

Questão 1

(PS Concursos) Leia o texto abaixo para responder à próxima questão:

Meu Desejo

Meu desejo? era ser a luva branca
Que essa tua gentil mãozinha aperta:
A camélia que murcha no teu seio,
O anjo que por te ver do céu deserta....

Meu desejo? era ser o sapatinho
Que teu mimoso pé no baile encerra....
A esperança que sonhas no futuro,
As saudades que tens aqui na terra....

Meu desejo? era ser o cortinado
Que não conta os mistérios do teu leito;
Era de teu colar de negra seda
Ser a cruz com que dormes sobre o peito.

Meu desejo? era ser o teu espelho
Que mais bela te vê quando deslaças
Do baile as roupas de escomilha e flores
E mira-te amoroso as nuas graças!
Meu desejo? era ser desse teu leito
De cambraia o lençol, o travesseiro
Com que velas o seio, onde repousas,
Solto o cabelo, o rosto feiticeiro....

Meu desejo? era ser a voz da terra
Que da estrela do céu ouvisse amor!
Ser o amante que sonhas, que desejas
Nas cismas encantadas de languor!

Álvares de Azevedo

O poema em questão apresentado acima é pertencente à obra do célebre poeta romântico Álvares de Azevedo. A segunda geração do Romantismo, da qual Azevedo é o maior expoente, tem como preceito presente neste poema o(a):

A) Idealização da natureza, que interage com o eu-lírico.

B) Fuga da realidade à infância, momento em que as dores e frustrações da vida adulta não se encontram presentes.

C) Intenso rigor formal por meio de formas poéticas clássicas como o soneto.

D) Idealização do ser amado, que se encontra sempre inatingível e idealizado.

E) Presença da religiosidade que pauta as relações amorosas, como se o ser amado tivesse dimensão sagrada.

Resolução:

Alternativa D.

No poema, o eu lírico está em constante idealização sobre poder encostar na amada, ainda que seja num objeto de uso pessoal dela, demonstrando que esse amor parece inatingível.

Questão 2

(Ameosc)

Se eu morresse amanhã

Se eu morresse amanhã, viria ao menos

Fechar meus olhos minha triste irmã;

Minha mãe de saudades morreria

Se eu morresse amanhã!

Quanta glória pressinto em meu futuro!

Que aurora de porvir e que manhã!

Eu perdera chorando essas coroas

Se eu morresse amanhã!

Que sol! que céu azul! que doce n'alva

Acorda a natureza mais louçã!

Não me batera tanto amor no peito

Se eu morresse amanhã!

Mas essa dor da vida que devora

A ânsia de glória, o dolorido afã...

A dor no peito emudecera ao menos

Se eu morresse amanhã!

O poema ilustra o período marcado pela obsessão pela morte, pela melancolia, pela dor dos amores não correspondidos, pela lembrança da infância. A morte é vista, nessa geração, como a única saída para o descontentamento do eu lírico. Nesse poema, o eu lírico fantasia sobre o momento de sua morte e como seus familiares iriam se comportar diante dessa situação.

À qual escola literária e a qual escritor pertence o poema acima?

A) Modernismo, Raquel de Queiróz.

B) Romantismo, Álvares de Azevedo.

C) Parnasianismo, Raimundo Correa.

D) Simbolismo, Cruz e Souza.

Resolução:

Alternativa B.

Ainda que não se reconheça o poema como sendo de Álvares de Azevedo, é possível associar o texto ao romantismo devido ao seu tom melancólico e à temática da morte como espaço do sofrimento.

Questão 3

(Ameosc)

O modernismo foi uma tendência artístico-cultural ocorrida na primeira metade do século XX. Se manifestou em diversos campos das artes, como a pintura, escultura, arquitetura, literatura, dança e música. A liberdade é a característica principal do movimento modernista em suas mais diferentes manifestações artísticas, tanto no Brasil, como na Europa.

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São características do modernismo, EXCETO:

A) Revisão crítica do passado histórico e cultural.

B) Relato do cotidiano.

C) Quebras e estruturas tradicionais de versos e rimas.

D) Mistério, fantasia e sensualismo.

Resolução:

Alternativa D.

O modernismo não é marcado por sensualismo, mistério e fantasia. Ainda que esses traços possam aparecer em alguma obra, eles não são características predominantes do movimento.

Questão 4

(Enem)

A senhora manifestava-se por atos, por gestos, e sobretudo por um certo silêncio, que amargava, que esfolava. Porém desmoralizar escancaradamente o marido, não era com ela.

[...]

As negras receberam ordem para meter no serviço a gente do tal compadre Silveira as cunhadas, ao fuso: os cunhados, ao campo, tratar do gado com os vaqueiros; a mulher e as irmãs, que se ocupassem da ninhada. Margarida não tivera filhos, e como os desejasse com a força de suas vontades tratava sempre bem aos pequenitos às mães que os estava criando. Não era isso. uma sentimentalidade cristã, uma ternura, era o egoísta e cru instinto da maternidade, obrando por mera simpatia carnal. Quanto ao pai do lote (refere-se ao Antônio) esse que fosse ajudar ao vaqueiro das bestas.

Ordens dadas, o Quinquim referendava. Cada um moralizava o outro, para moralizar-se.

PAIVA, M. O. Dona Guidinha do Poço. Rio de Janeiro, Tecnoprint, s/d.

No trecho do romance naturalista, a forma como o narrador julga comportamentos e emoções das personagens femininas revele influência do pensamento.

A) capitalista, marcado pela distribuição funcional do trabalho.

B) liberal, buscando a igualdade entre escravizadas e livres.

C) científico, considerando o ser humano fenômeno biológico.

D) religioso, fundamentado na fé e na aceitação dos dogmas do cristianismo.

E) afetivo, manifesto na determinação de acolher familiares e no respeito mútuo.

Resolução:

Alternativa C.

O naturalismo foi marcado pelo olhar cientificista, que buscou analisar o ser humano como um fenômeno puramente biológico.

Questão 5

(Enem)

Mãos dadas

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história.
Não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela.
Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.
Não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins.

O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os
homens presentes,
a vida presente

ANDRADE, C. D. Sentimento do mundo. São Paulo: Cia. das Letras, 2012

Escrito em 1940, o poema Mãos dadas revela um eu lírico marcado pelo contexto de opressão política no Brasil e da Segunda Guerra Mundial. Em face dessa realidade, o eu lírico

A) considera que em sua época o mais importante é a independência dos indivíduos.

B) desvaloriza a importância dos planos pessoais na vida em sociedade.

C) reconhece a tendência à autodestruição em uma sociedade oprimida.

D) escolhe a realidade social e seu alcance individual como matéria poética.

E) critica o individualismo comum aos românticos e aos excêntricos.

Resolução:

Alternativa D.

No poema, o eu lírico evidencia que não pretende se focar em idealizações, mas fazer do seu tempo presente a matéria de sua poesia, ou seja, escolhe a realidade social que o envolve como tema.

Fontes

BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. Editora Cultrix: 1970.

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