Escolas literárias
As escolas literárias são modelos estéticos e temáticos que predominam em determinados períodos e lugares, estabelecendo aquilo que é considerado padrão artístico.
Por Talliandre Matos

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As escolas literárias são modelos estéticos e temáticos que predominam em determinados períodos e regiões. Elas estabelecem aquilo que é considerado como padrão ou tendência artística.
As escolas literárias brasileiras são:
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quinhentismo;
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barroco;
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arcadismo;
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romantismo;
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realismo;
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naturalismo;
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parnasianismo;
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simbolismo;
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modernismo.
As escolas literárias da Europa são:
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trovadorismo;
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humanismo;
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classicismo;
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barroco;
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arcadismo ou neoclassicismo;
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romantismo;
-
realismo;
-
naturalismo;
-
parnasianismo;
-
simbolismo;
-
modernismo.
Leia também: Afinal, o que é literatura?
Resumo sobre escolas literárias
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As escolas literárias são modelos estéticos e temáticos que predominam em determinados períodos e lugares.
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As escolas literárias brasileiras são ligadas às escolas literárias europeias devido ao seu passado colonial.
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As escolas literárias brasileiras são: quinhentismo, barroco, arcadismo, romantismo, realismo, naturalismo, parnasianismo, simbolismo e modernismo.
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O pré-modernismo não é considerado uma escola literária, mas um período de transição na estética literária.
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As escolas literárias brasileiras são divididas em período colonial (quinhentismo, barroco e arcadismo) e período nacional (romantismo, realismo, naturalismo, parnasianismo, simbolismo e modernismo).
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As escolas literárias europeias são: trovadorismo, humanismo, classicismo, barroco, arcadismo, romantismo, realismo, naturalismo, parnasianismo, simbolismo e modernismo.
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Atualmente não há uma escola literária, mas há tendências recorrentes na literatura contemporânea.
Lista das escolas literárias em ordem
→Trovadorismo
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Principais características
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Contexto da Idade Média
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Teocentrismo
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Poesia cantada ao som de instrumentos musicais — cantigas
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Composições cantadas pelo jogral
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Quatro tipos de cantigas, dois líricos e dois satíricos
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Gênero lírico: cantigas de amor e cantigas de amigo
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Gênero satírico: cantigas de escárnio e cantigas de maldizer
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Principais autores e obras
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Cancioneiro da Ajuda
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Cancioneiro da Vaticana
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Cancioneiro da Biblioteca Nacional
→ Humanismo
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Principais características
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Valorização do conhecimento
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Transição da Idade Média para a Era Moderna
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Influência do Renascimento
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Principais autores e obras
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Fernão Lopes: Crônica de el rei D. Pedro I, Crônica de el rei D. Fernando, Crônica de el rei D. João.
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Gil Vicente: Auto da visitação ou Monólogo do vaqueiro, Trilogia das barcas, Auto da Lusitânia, Farsa de Inês Pereira.
→ Humanismo
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Principais características do quinhentismo
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Valor histórico
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Descrição do “novo mundo”
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Catequização
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Aculturação (imposição de valores culturais)
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Sermões católicos
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Principais autores e obras do quinhentismo
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Pero Vaz de Caminha: Carta ao rei D. Manoel (carta de achamento do Brasil)
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São José de Anchieta: Poema à Virgem (em latim), Poema a Mem de Sá (em latim), Na festa de São Lourenço (auto).
→ Classicismo
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Principais características
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Retomada dos modelos clássicos
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Valorização da mitologia pagã
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Racionalismo
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Busca por valores absolutos
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Antropocentrismo
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Arte objetiva
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Principais autores e obras
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Luís Vaz de Camões: Os Lusíadas (1572)
→ Barroco
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Principais características do barroco
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Arte de contraste e oposição
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Dualidade: fé versus razão
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Rebuscamento linguístico
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Apego aos detalhes
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Inversões na estrutura sintática
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Cultismo (Gongorismo) — jogo de palavras
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Conceptismo (Quevedismo) — jogo de ideias
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Principais autores e obras do barroco
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Luis de Góngora: Fábula de Polifemo e Galatea, Soledades
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Francisco de Quevedo: El parnaso español
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Antônio Vieira: Sermão de Santo Antônio aos peixes, Sermão da sexagésima
- Poesias de Gregório de Matos
→ Arcadismo
- Principais características do arcadismo
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Racionalismo
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Simplicidade estilística
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Estética pastoril
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Maior racionalidade
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Modelos clássicos
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Uso de pseudônimos pastoris
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Principais autores e obras do arcadismo
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Manuel Maria Barbosa du Bocage: Rimas, Elegia, A virtude laureada, À morte de D. Inês de Castro
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Tomás Antônio Gonzaga: Marília de Dirceu e Cartas chilenas
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Cláudio Manuel da Costa: Culto métrico, Munúsculo métrico, Labirinto do amor (1753), Obras poéticas de Glaucete Satúrnio, Vila Rica, Poesias manuscritas
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Santa Rita Durão: Caramuru
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Basílio da Gama: O Uraguai, A declamação trágica
→ Romantismo
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Principais características do romantismo
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Subjetividade
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Emotividade
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Liberdade de expressão
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Idealização da vida
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Idealização do amor
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Pessimismo
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Escapismo
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Nacionalismo idealista
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Exaltação da natureza
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Representação idealista do indígena
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Principais autores e obras do romantismo
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- Victor Hugo: Os miseráveis (1862)
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Walter Scott: Ivanhoé (1820)
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Johann Wolfgang von Goethe: Os sofrimentos do jovem Werther (1774)
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Camilo Castelo Branco: Amor de perdição (1862)
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Lord Byron: A maldição de Minerva (1815)
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Almeida Garrett: Camões (1825)
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Gonçalves Dias: Canção do exílio (1846), I-Juca-Pirama (1851), Primeiros cantos (1846)
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Álvares de Azevedo: Lira dos vinte anos (1853), Noite na taverna (1855), Macário (1855)
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Castro Alves: O navio negreiro (1880), Os escravos (1883), Espumas flutuantes (1870)
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Joaquim Manuel de Macedo: A moreninha (1844), A luneta mágica (1869), O moço loiro (1854)
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José de Alencar: O guarani (1857), Lucíola (1862), Iracema (1865), Senhora (1875)
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Manuel Antônio de Almeida: Memórias de um sargento de milícias (1853)
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Bernardo Guimarães: A dança dos ossos (1871), O seminarista (1872), A escrava Isaura (1875)
→ Realismo
- Principais características do realismo
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Retrato objetivo e descritivo da realidade
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Racionalidade
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Verossimilhança
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Críticas sociais
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Valorização do detalhe
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Rejeição a idealismos
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Personagens complexos
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Principais autores e obras do realismo
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Gustave Flaubert: Madame Bovary (1857)
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Charles Dickens: As aventuras do Sr. Pickwik (1836), Oliver Twist (1837)
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George Eliot: Middlemarch (1871), Agatha (1869)
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Henry James: Retrato de uma senhora (1881), A volta do parafuso ou Calafrio (1898)
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Henrik Ibsen: Uma casa de bonecas (1879), Um inimigo do povo (1882)
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Fiódor Dostoiévski: Crime e castigo (1866), Os irmãos Karamazov (1880)
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Liev Tolstói: Guerra e paz (1867), Anna Karenina (1878)
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Anton Tchekhov: Ivanov (1887), A gaivota (1896), O jardim das cerejeiras (1904)
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Honoré de Balzac: O pai Goriot (1835), A pele de onagro (1831)
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Machado de Assis: Memórias póstumas de Brás Cubas (1881), O alienista (1882), A cartomante (1884), Quincas Borba (1891), Dom Casmurro (1899), Esaú e Jacó (1904)
→ Naturalismo
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Principais características do naturalismo
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Racionalidade
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Verossimilhança
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Descritivismo
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Cientificismo
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Críticas sociais
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Zoomorfização (personagens animalescos)
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Determinismo
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Personagens planas (sem muita mudança de personalidade ou caráter)
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Principais autores e obras do naturalismo
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Émile Zola: Naná (1880), Germinal (1885)
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Eça de Queirós: O crime do padre Amaro (1875), O primo Basílio (1878)
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Aluísio Azevedo: O mulato (1881), Casa de pensão (1884), O cortiço (1890)
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Raul Pompeia: Uma tragédia no Amazonas (1880), As joias da coroa (1882), O Ateneu (1888)
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Adolfo Caminha: A normalista (1893), Bom-crioulo (1895), Cartas literárias (1895)
→ Parnasianismo
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Principais características do parnasianismo
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Racionalismo
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Busca pela perfeição estética
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Descritivismo
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Vocabulário formal e rebuscado
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Referência a modelos clássicos
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Principais autores e obras do parnasianismo
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João Penha: Rimas (1882), Novas rimas (1905), Últimas rimas (1919)
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Gonçalves Crespo: Miniaturas (1870), Nocturnos (1882), Obras completas (1887)
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Cesário Verde: Nós (1884)
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Olavo Bilac: Poesias (1888), Via Láctea (1888), O caçador de esmeraldas (1902)
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Alberto de Oliveira: Canções românticas (1878), Meridionais (1884), Sonetos e poemas (1885)
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Raimundo Correia: Primeiros sonhos (1879), Versos e versões (1887), Aleluias (1891)
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Vicente de Carvalho: Relicário (1888), Poemas e canções (1908)
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Francisca Júlia: Mármores (1895), Esfinges (1903)
→ Simbolismo
- Principais características do simbolismo
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Musicalidade
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Subjetividade
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Misticismo
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Espiritualidade
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Sinestesia (mistura de sensações)
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Valorização do etéreo
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Linguagem vaga e sugestiva
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Preferência pela forma fixa soneto
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Retomada de elementos românticos
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Principais autores e obras do simbolismo
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Charles Baudelaire: As flores do mal (1857), O albatroz (1859), Paraísos artificiais (1860)
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Stéphane Mallarmé: Poesias (1887), Divagações (1897)
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Paul Verlaine: Poemas saturninos (1866), Os poetas malditos (1884)
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Arthur Rimbaud: Iluminações (1872), Uma temporada no inferno (1873)
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Cruz e Sousa: Broquéis (1893), Evocações (1898), Poemas (1972)
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Alphonsus de Guimarães: Setenário das dores de Nossa Senhora (1899), Dona Mística (1899), Pastoral aos crentes do amor e da morte (1923)
→ Pré-modernismo
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Principais características do pré-modernismo
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Não é uma “escola” literária e sim um momento de transição
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Críticas sociais
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Representação de “tipos” humanos
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Temáticas regionais
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Principais autores e obras do pré-modernismo
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- Graça Aranha: Canaã (1902), A estética da vida (1921), Espírito moderno (1925)
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Monteiro Lobato: Urupês (1918), Cidades mortas (1919)
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Euclides da Cunha: Os sertões (1902)
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Lima Barreto: Recordações do escrivão Isaías Caminha (1911), Triste fim de Policarpo Quaresma (1911), Clara dos Anjos (1948)
→ Modernismo
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Principais características do modernismo
- Ruptura estética com o passado
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Inovação e experimentação estética
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Liberdade de expressão
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Crítica à tradição
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Nacionalismo crítico
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Oposição à arte acadêmica
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Antropofagia (deglutição das culturas)
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Valorização da linguagem coloquial
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Valorização da temática cotidiana
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Antropofagia
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Engajamento social
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Vertente intimista
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Pluralidade temática
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Principais autores e obras do modernismo
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- Fernando Pessoa: Livro do desassossego (1982), O banqueiro anarquista (1922), O marinheiro (1915)
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Mário de Sá-Carneiro: Princípio (1912), Memórias de Paris (1913), A confissão de Lúcio (1914), Dispersão (1914)
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James Joyce: Música de câmara (1907), Dublinenses (1914), Retrato do artista quando jovem (1916), Exilados (1918), Ulisses (1922)
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Virginia Woolf: A viagem (1915), Ao farol (1927), Um teto todo seu (1929), As ondas (1931), Entre os atos (1941)
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Franz Kafka: A metamorfose (1915), Um médico rural (1919), Um arista da fome (1922)
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Aldous Huxley: Férias em Crome (1921), Admirável mundo novo (1932), O tempo deve parar (1945)
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George Orwell: A revolução dos bichos (1945), 1984 (1949)
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Mário de Andrade: Pauliceia desvairada (1922), Macunaíma (1928), Contos novos (1947)
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Oswald de Andrade: Pau Brasil (1925), Memórias sentimentais de João Miramar (1924), O rei da vela (1937)
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Manuel Bandeira: Libertinagem (1930), Estrela da manhã (1936)
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Carlos Drummond de Andrade: Alguma poesia (1930), Sentimento do mundo (1940), A rosa do povo (1945), Contos de aprendiz (1951)
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Cecília Meireles: Espectros (1919), Romanceiro da Inconfidência (1953), Canções (1956)
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Vinicius de Moraes: Orfeu da Conceição (1956), As feras (1961), Procura-se uma rosa (1961)
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Rachel de Queiroz: O Quinze (1930), Caminho de pedras (1937)
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José Lins do Rego: Menino de engenho (1932), Fogo morto (1943)
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Jorge Amado: Cacau (1933), Capitães da areia (1937), Terras do sem-fim (1943), Gabriela, cravo e canela (1958)
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Graciliano Ramos: São Bernardo (1934), Angústia (1936), Vidas secas (1938)
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Erico Verissimo: O tempo e o vento (1948, 1951, 1961), Incidente em Antares (1971)
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João Cabral de Melo Neto: Morte e vida severina (1955)
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Guimarães Rosa: Sagarana (1946), Primeiras estórias (1962), Grande sertão: veredas (1956)
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Clarice Lispector: Laços de família (1960), A paixão segundo G.H. (1964), A hora da estrela (1977), Felicidade clandestina (1971)
→ Tendências contemporâneas
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Principais características das tendências contemporâneas
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Pluralidade formal
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Diversidade temática
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Realismo fantástico
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Recorrência da temática da violência urbana
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Hiper-realismo
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Concretismo (poesia)
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Principais autores e obras das tendências contemporâneas
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Chimamanda Ngozi Adichie: Meio sol amarelo (2006), Hibisco roxo (2003), Americanah (2013), Sejamos todos feministas (2014)
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Michel Houellebecq: O mapa e o território (2010), Submissão (2015), Serotonina (2019)
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Elena Ferrante: Um amor incômodo (1991), Dias de abandono (2002), A filha perdida (2006)
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Samanta Schweblin: Pájaros en la boca (2008), Distancia de Rescate (2014)
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Han Kang: A vegetariana (2007), Lições do grego (2011), Atos humanos (2014)
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Alejandro Zambra: Bonsai (2006), A vida privada das árvores (2007), Formas de voltar a casa (2011)
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Adélia Prado: Coração disparado (1977), Bagagem (1986)
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Ferreira Gullar: Poema sujo (1976)
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Manoel de Barros: Livro sobre nada (1996), Memórias inventadas (2008)
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Paulo Leminski: Polonaises (1980), Distraídos venceremos (1987), O ex-estranho (1996)
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Rubem Braga: O conde e o passarinho (1936), As boas coisas da vida (1988)
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Carolina Maria de Jesus: Quarto de despejo (1960)
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Rubem Fonseca: Feliz Ano-Novo (1975), O cobrador (1979)
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Moacyr Scliar: O centauro no jardim (1980), Max e os felinos (1981)
Linha do tempo das escolas literárias

Escolas literárias brasileiras
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Quinhentismo: foi a primeira manifestação literária ocorrida no Brasil após a chegada dos Portugueses. Essa literatura é composta pelas cartas de viajantes portugueses que descreviam esse “novo” território e por sermões dos padres que realizam a catequização dos povos originários. É uma literatura marcada muito mais por seu valor histórico do que por um valor estético.
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Barroco: foi o movimento literário marcado pela forte oposição entre fé e razão, na qual o indivíduo sofria devido à dificuldade em escolher um desses caminhos para viver, portanto, oscilava entre ambos conflituosamente. Apresentava a exuberância linguística, o exagero, a antítese e o paradoxo como características fundamentais. Por outro lado, por sua vinculação à Igreja Católica, o barroco também abarcava poemas e sermões que disseminavam os valores católicos.
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Arcadismo: foi o movimento literário que tentou reproduzir a estética do arcadismo europeu em contexto brasileiro. Propunha a utilização de nomes pastoris, valorizava a estética e a vida do campo, exaltava a natureza e um modo de vida equilibrado.
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Romantismo: foi um intenso movimento literário no Brasil, sendo dividido didaticamente em três fases: a nacionalista, a ultrarromântica e a condoreira. Na primeira fase, prezou-se pela construção de um ideal nacional; na segunda, imperaram o pessimismo, o escapismo e o idealismo subjetivo; na terceira, iniciaram-se algumas discussões sociais nessa literatura.
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Realismo: foi o movimento literário caracterizado pela objetividade, racionalidade e pelo descritivismo como características fundamentais das obras literárias que abordavam temas sociais, como desigualdade econômica e racismo. Além disso, esse movimento propôs personagens complexas, ou seja, indivíduos que mudam de comportamento ou ética no decorrer da história, os quais, muitas vezes, representavam hipocrisias recorrentes nessa sociedade. O realismo rejeitou os idealismos românticos e propôs uma literatura que fosse baseada na realidade social. Esse movimento manifestou-se apenas na prosa.
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Naturalismo: foi o movimento literário concomitante ao realismo e que também apresentou a objetividade, racionalidade e descritivismo como elementos fundamentais de sua estética. No entanto, o naturalismo propôs personagens planas, ou seja, personagens fixas nas mesmas características, e justificava os comportamentos humanos e sociais com base em elementos biológicos, apresentando, por isso, uma abordagem determinista. Semelhantemente ao realismo, esse movimento só se manifestou na literatura em prosa.
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Parnasianismo: foi outro movimento do século XIX, manifestado somente na poesia. Propôs uma retomada dos elementos da literatura clássica por meio de referências à mitologia e aos gêneros literários clássicos. Defendeu a produção poética como um trabalho artesanal, semelhante ao do ourives, que requeria cuidado, atenção aos detalhes e escolha racional das palavras. O apego à forma e ao ideal clássico de beleza foi predominante nesse movimento.
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Simbolismo: foi o movimento literário que propôs uma retomada da sensibilidade, do mistério, do simbolismo e da emoção para a poesia, contrariando os outros movimentos literários predominantes do século XIX (realismo, naturalismo e parnasianismo). O simbolismo se reaproximava de valores do romantismo, diferentemente das outras escolas, e valorizou a musicalidade, o misticismo e a subjetividade em suas produções poéticas.
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Pré-modernismo: esse não foi propriamente um movimento literário, o termo refere-se a um período de transição no qual as manifestações literárias começaram a apresentar mudanças nos temas, nas abordagens e na forma. Uma característica marcante desse período foi a abordagem de personagens e temas marginalizados socialmente, assim como a valorização de representações regionais, opondo-se à literatura centrada nos grandes centros urbanos.
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Modernismo: foi o movimento literário predominante do século XX e que tentou reelaborar a literatura e a arte nacional por meio da mistura de referências e modelos europeus, com a incorporação e valorização de elementos, linguagens, estéticas e temas nacionais. A princípio, o movimento pretendia romper com os modelos estabelecidos na época, por isso apresentava forte irreverência; na sequência, solidificou-se estrutural e esteticamente. O modernismo valorizou a linguagem coloquial, as experiências e cenários cotidianos e os elementos nacionais na sua literatura e em suas outras manifestações artísticas.
Acesse também: Quem são os principais escritores brasileiros?
Escolas literárias da Europa
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Trovadorismo: foi um movimento literário do século XI que ocorreu em antigas regiões europeias, hoje povoadas por países como França, Espanha e Itália. As composições poéticas eram cantadas e os participantes eram os trovadores (compositores nobres) e os jograis (servos). Os poemas do trovadorismo eram chamados de cantigas e dividiam-se em cantigas de amor, cantigas de amigo, cantigas de escárnio e cantigas de maldizer.
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Humanismo: foi o movimento literário ocorrido na transição da Idade Média para a Idade Moderna. Nesse período, o racionalismo, o antropocentrismo e o cientificismo eram as ideias efervescentes do contexto e influenciavam, também, a literatura.
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Classicismo: foi o movimento literário que buscou retomar os valores e as estéticas da Antiguidade em suas composições literárias. Sendo assim, os modelos clássicos de poesia, a referência a deuses das mitologias grega e romana e da mitologia pagã, o apego ao ideal de perfeição estética e a valorização do padrão clássico de beleza eram fundamentais para esse movimento. Além disso, permanecia ainda a influência dos princípios humanistas.
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Barroco: foi o movimento literário marcado pela crise nos princípios renascentistas e por um intenso conflito entre razão e fé. Na Europa, esse movimento esteve associado ao contexto da Contrarreforma Católica, por isso essa produção reproduziu os valores católicos em certa medida; mas, por outro lado, também expressou o conflito existencial entre os ideais espirituais e os desejos mundanos.
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Arcadismo ou neoclassicismo: foi o movimento literário influenciado pelo pensamento iluminista, o qual voltava a exaltar a racionalidade, bem como negava o exagero e a exuberância do barroco e abarcava a simplicidade e o equilíbrio dos modelos clássicos. Esse movimento foi caracterizado pelo culto à natureza e à vida no campo.
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Romantismo: foi o movimento literário ocorrido no final do século XVIII, motivado principalmente pelas transformações socioculturais geradas pela Revolução Industrial e Revolução Francesa. Nesse período, ocorreu uma queda do racionalismo e da exaltação dos modelos clássicos e uma ascensão aos ideais de subjetividade, sentimentalismo e individualidade.
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Realismo: foi o movimento literário surgido no século XIX como resposta ao idealismo e subjetivismo romântico. Nesse movimento, o objetivo era representar a realidade social de forma objetiva e racional. Essa estética era influenciada principalmente pelo positivismo, evolucionismo e marxismo, os quais eram conceitos ascendentes na época.
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Naturalismo: foi o um movimento ramificado do realismo, o qual manteve o foco na descrição da realidade e na compreensão das relações sociais, porém com uma abordagem ainda mais radical e centrada no determinismo, visando justificar os comportamentos humanos e os problemas sociais com base em argumentos biológicos.
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Parnasianismo: foi o movimento literário do século XIX que, semelhantemente ao realismo, prezou pela racionalidade em oposição à emotividade romântica. Esse movimento recuperou os modelos clássicos e a referência à mitologia grega. A objetividade, a impessoalidade, o culto à forma e o apego à perfeição estética eram as principais características desse movimento.
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Simbolismo: foi um movimento ocorrido também no século XIX, reagindo ao racionalismo presente nos movimentos realismo e naturalismo. Esse movimento buscou recuperar a subjetividade e a emotividade para as composições literárias, acrescentando ainda uma forte influência dos temas espirituais e místicos.
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Modernismo: foi um movimento do século XX que tentou libertar-se dos modelos tradicionais e criar formas de expressão condizentes com as transformações da sociedade. Defendeu uma arte experimental e flexível quanto à forma. Os avanços industriais e tecnológicos bem como as Guerras Mundiais foram fortes influências desse movimento literário.
Qual a escola literária da atualidade?
Atualmente não falamos de uma escola literária, pois não há um único modelo predominante como ideal de literatura. Na verdade, verifica-se que na contemporaneidade o experimentalismo literário tem aumentado; portanto, há diferentes gêneros, temas e estéticas que são trabalhados pelos escritores contemporâneos.
Algumas características já são perceptíveis em diversas manifestações literárias atuais, como a incorporação de temas que envolvem a cultura virtual, a recorrência de críticas e denúncias sociais e a mistura de gêneros literários que antes eram rigidamente separados, como romances que têm capítulos não lineares, poesias que são performadas, mescla de linguagem verbal e não verbal.
Exercícios resolvidos sobre escolas literárias
Questão 1
(PS Concursos) Leia o texto abaixo para responder à próxima questão:
Meu Desejo
Meu desejo? era ser a luva branca
Que essa tua gentil mãozinha aperta:
A camélia que murcha no teu seio,
O anjo que por te ver do céu deserta....
Meu desejo? era ser o sapatinho
Que teu mimoso pé no baile encerra....
A esperança que sonhas no futuro,
As saudades que tens aqui na terra....
Meu desejo? era ser o cortinado
Que não conta os mistérios do teu leito;
Era de teu colar de negra seda
Ser a cruz com que dormes sobre o peito.
Meu desejo? era ser o teu espelho
Que mais bela te vê quando deslaças
Do baile as roupas de escomilha e flores
E mira-te amoroso as nuas graças!
Meu desejo? era ser desse teu leito
De cambraia o lençol, o travesseiro
Com que velas o seio, onde repousas,
Solto o cabelo, o rosto feiticeiro....
Meu desejo? era ser a voz da terra
Que da estrela do céu ouvisse amor!
Ser o amante que sonhas, que desejas
Nas cismas encantadas de languor!
Álvares de Azevedo
O poema em questão apresentado acima é pertencente à obra do célebre poeta romântico Álvares de Azevedo. A segunda geração do Romantismo, da qual Azevedo é o maior expoente, tem como preceito presente neste poema o(a):
A) Idealização da natureza, que interage com o eu-lírico.
B) Fuga da realidade à infância, momento em que as dores e frustrações da vida adulta não se encontram presentes.
C) Intenso rigor formal por meio de formas poéticas clássicas como o soneto.
D) Idealização do ser amado, que se encontra sempre inatingível e idealizado.
E) Presença da religiosidade que pauta as relações amorosas, como se o ser amado tivesse dimensão sagrada.
Resolução:
Alternativa D.
No poema, o eu lírico está em constante idealização sobre poder encostar na amada, ainda que seja num objeto de uso pessoal dela, demonstrando que esse amor parece inatingível.
Questão 2
(Ameosc)
Se eu morresse amanhã
Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!
Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!
Que sol! que céu azul! que doce n'alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!
O poema ilustra o período marcado pela obsessão pela morte, pela melancolia, pela dor dos amores não correspondidos, pela lembrança da infância. A morte é vista, nessa geração, como a única saída para o descontentamento do eu lírico. Nesse poema, o eu lírico fantasia sobre o momento de sua morte e como seus familiares iriam se comportar diante dessa situação.
À qual escola literária e a qual escritor pertence o poema acima?
A) Modernismo, Raquel de Queiróz.
B) Romantismo, Álvares de Azevedo.
C) Parnasianismo, Raimundo Correa.
D) Simbolismo, Cruz e Souza.
Resolução:
Alternativa B.
Ainda que não se reconheça o poema como sendo de Álvares de Azevedo, é possível associar o texto ao romantismo devido ao seu tom melancólico e à temática da morte como espaço do sofrimento.
Questão 3
(Ameosc)
O modernismo foi uma tendência artístico-cultural ocorrida na primeira metade do século XX. Se manifestou em diversos campos das artes, como a pintura, escultura, arquitetura, literatura, dança e música. A liberdade é a característica principal do movimento modernista em suas mais diferentes manifestações artísticas, tanto no Brasil, como na Europa.
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São características do modernismo, EXCETO:
A) Revisão crítica do passado histórico e cultural.
B) Relato do cotidiano.
C) Quebras e estruturas tradicionais de versos e rimas.
D) Mistério, fantasia e sensualismo.
Resolução:
Alternativa D.
O modernismo não é marcado por sensualismo, mistério e fantasia. Ainda que esses traços possam aparecer em alguma obra, eles não são características predominantes do movimento.
Questão 4
(Enem)
A senhora manifestava-se por atos, por gestos, e sobretudo por um certo silêncio, que amargava, que esfolava. Porém desmoralizar escancaradamente o marido, não era com ela.
[...]
As negras receberam ordem para meter no serviço a gente do tal compadre Silveira as cunhadas, ao fuso: os cunhados, ao campo, tratar do gado com os vaqueiros; a mulher e as irmãs, que se ocupassem da ninhada. Margarida não tivera filhos, e como os desejasse com a força de suas vontades tratava sempre bem aos pequenitos às mães que os estava criando. Não era isso. uma sentimentalidade cristã, uma ternura, era o egoísta e cru instinto da maternidade, obrando por mera simpatia carnal. Quanto ao pai do lote (refere-se ao Antônio) esse que fosse ajudar ao vaqueiro das bestas.
Ordens dadas, o Quinquim referendava. Cada um moralizava o outro, para moralizar-se.
PAIVA, M. O. Dona Guidinha do Poço. Rio de Janeiro, Tecnoprint, s/d.
No trecho do romance naturalista, a forma como o narrador julga comportamentos e emoções das personagens femininas revele influência do pensamento.
A) capitalista, marcado pela distribuição funcional do trabalho.
B) liberal, buscando a igualdade entre escravizadas e livres.
C) científico, considerando o ser humano fenômeno biológico.
D) religioso, fundamentado na fé e na aceitação dos dogmas do cristianismo.
E) afetivo, manifesto na determinação de acolher familiares e no respeito mútuo.
Resolução:
Alternativa C.
O naturalismo foi marcado pelo olhar cientificista, que buscou analisar o ser humano como um fenômeno puramente biológico.
Questão 5
(Enem)
Mãos dadas
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história.
Não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela.
Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.
Não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os
homens presentes,
a vida presente
ANDRADE, C. D. Sentimento do mundo. São Paulo: Cia. das Letras, 2012
Escrito em 1940, o poema Mãos dadas revela um eu lírico marcado pelo contexto de opressão política no Brasil e da Segunda Guerra Mundial. Em face dessa realidade, o eu lírico
A) considera que em sua época o mais importante é a independência dos indivíduos.
B) desvaloriza a importância dos planos pessoais na vida em sociedade.
C) reconhece a tendência à autodestruição em uma sociedade oprimida.
D) escolhe a realidade social e seu alcance individual como matéria poética.
E) critica o individualismo comum aos românticos e aos excêntricos.
Resolução:
Alternativa D.
No poema, o eu lírico evidencia que não pretende se focar em idealizações, mas fazer do seu tempo presente a matéria de sua poesia, ou seja, escolhe a realidade social que o envolve como tema.
Fontes
BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. Editora Cultrix: 1970.