Função conativa
A função conativa é a função da linguagem que tem como foco o destinatário. Receitas e anúncios são exemplos de textos da função conativa.
Por Mariana Carvalho Machado Cortes

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A função conativa, ou apelativa, é a função da linguagem que tem como foco o destinatário como elemento da comunicação, ou seja, o sujeito que recebe a mensagem. Textos com função de instruir ou de convencer o leitor são frequentemente conativos. Nessa função, há o uso de marcas de interlocução, que podem ser imperativos ou pronomes pessoais ou possessivos na segunda ou na terceira pessoa.
Leia também: Quais são as funções da linguagem?
Resumo sobre função conativa
- A função conativa é a função da linguagem que foca no destinatário.
- O destinatário é o elemento da comunicação que se refere ao sujeito que recebe a mensagem.
- Elementos textuais que direcionam o texto ao leitor são chamados de marcas de interlocução.
- Em um texto cuja função da linguagem é conativa, pode-se encontrar o uso do imperativo e da segunda ou da terceira pessoa (quando se referir a um pronome de tratamento).
- Os textos dessa função podem ter um caráter apelativo.
- São exemplos de textos típicos da função conativa: a receita, o manual de instrução, o anúncio e a propaganda.
- As demais funções da linguagem são: emotiva, poética, fática, metalinguística e referencial.
- Os elementos da comunicação são: remetente, mensagem, canal, código e contexto.
Videoaula sobre a função conativa
O que é a função conativa?
A função conativa é a função da linguagem que tem como foco o interlocutor como elemento da comunicação. Este é definido como o sujeito que recebe a mensagem, o qual também pode ser chamado de destinatário ou de receptor.
Ela também pode ser chamada de apelativa, uma vez que, muitas vezes, os textos aos quais é relacionada apresentam invocação ao leitor e procuram chamar a sua atenção. Em textos com essa função, predomina a segunda ou a terceira pessoa, devido ao uso constante do pronome de tratamento “você”.
Quais as características da função conativa?
As características da função conativa estão relacionadas a marcas de interlocução, ou seja, a termos direcionados ao destinatário da mensagem.
- Uso do imperativo: pode ser muito frequente, já que tal modo verbal consiste em ordens que normalmente são direcionadas a um receptor direto. Devido a isso, gêneros textuais que utilizam o imperativo, como receitas, propagandas e anúncios, são típicos dessa função da linguagem.
- Uso da segunda ou da terceira pessoa: utiliza-se a segunda pessoa nos textos da função conativa, uma vez que ela se refere ao interlocutor da mensagem. A terceira pessoa só é utilizada nessa função quando se refere a pronomes de tratamento destinados ao receptor. O uso mais frequente é do pronome “você”. Outros termos que se referem à segunda e à terceira pessoa, portanto, podem ser: pronome pessoal do caso reto (tu), pronome pessoal oblíquo “te”, “ti”, “o”, “a”, “lhe”, “se”, “si” e pronome possessivo “teu”, “tua”, “seu” e “sua”.
- Caráter apelativo: muitos textos da função conativa têm como propósito o convencimento do interlocutor, como ocorre em propagandas e anúncios. Por isso, a função também é chamada de apelativa, uma que há a intenção de chamar a atenção do receptor de maneira a persuadi-lo a agir de alguma forma.
Leia também: Função emotiva — quando o foco está no próprio emissor
Exemplos de função conativa
Os textos da função conativa são sempre direcionados ao interlocutor, de modo a instruí-lo ou a convencê-lo.
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Receita
Ingredientes
5 ovos inteiros 5 gemas 170 g de açúcar 100 g de farinha de trigo 250 g de chocolate meio amargo 250 g de manteiga sem sal |
Modo de preparo
PALADAR ESTADÃO. Petit gateau perfeito de Érick Jacquin. Disponível: https://www.estadao.com.br/paladar/receita/petit-gateau-perfeito-de-erick-jacquin/ |
A receita é um texto típico da função conativa, uma vez que consiste em uma série de instruções direcionados ao destinatário. A principal marca de interlocução é a utilização do uso do imperativo, o qual ocorre em termos como “derreta”, “bata”, “una” ou “coloque”. Qualquer gênero textual com caráter instrutivo e com o uso do imperativo pertence à função da linguagem conativa, o que ocorre em qualquer texto característico de um manual de instrução.
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Os anúncios publicitários também são muito frequentes na função conativa, uma vez que a sua intenção é o convencimento do leitor à tomada de certa atitude. Nesse caso, o texto quer incentivar a população a participar do projeto de artesanato da cidade. A marca de interlocução encontrada também é o uso do imperativo nos verbos “participe” e “saiba”.
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Frases
- Você mereceu esses prêmios! Parabéns!
- Como você tem se sentido nos últimos dias?
- Não entregaste os papéis no cartório?
O receptor da função conativa pode se referir a qualquer leitor em geral ou a um indivíduo em específico. Em conversas cotidianas, ocorre o segundo caso. Na maioria das vezes, atualmente, o uso da terceira pessoa referindo-se ao pronome de tratamento “você” é mais frequente que o uso da segunda, o qual é mais utilizado em textos literários ou em contextos mais formais.
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Música
Você é linda (Caetano Veloso)
Fonte de mel
Nos olhos de gueixa
Kabuki, máscara
Choque entre o azul
E o cacho de acácias
Luz das acácias
Você é mãe do sol
A sua coisa é toda tão certa
Beleza esperta
Você me deixa a rua deserta
Quando atravessa
E não olha pra trás
Linda
E sabe viver
Você me faz feliz
Esta canção é só pra dizer
E diz
Você é linda
Mais que demais
Você é linda sim
Onda do mar do amor
Que bateu em mim
Você é forte
Dentes e músculos
Peitos e lábios
Você é forte
Letras e músicas
Todas as músicas
Que ainda hei de ouvir
No Abaeté
Areias e estrelas
Não são mais belas
Do que você
Mulher das estrelas
Mina de estrelas
Diga o que você quer
Você é linda
E sabe viver
Você me faz feliz
Esta canção é só pra dizer
E diz
Você é linda
Mais que demais
Você é linda sim
Onda do mar do amor
Que bateu em mim (...)
É certo que, em textos líricos, o que inclui músicas, a função de linguagem que predomina é a poética. No entanto, outras funções da linguagem também podem ser identificadas a depender da temática do texto.
Nessa música de Caetano Veloso, há uma descrição metafórica direcionada à receptora da mensagem. Isso pode ser percebido por meio do uso repetido do pronome você. A escolha de tal função da linguagem para a canção permitiu que essa tivesse um caráter mais íntimo e romântico, evidenciando a relação entre o eu lírico e a suposta interlocutora.
As 6 funções da linguagem
As funções da linguagem correspondem ao propósito que um texto apresenta de acordo com o seu foco em algum elemento da comunicação. Assim, cada função da linguagem corresponde a um elemento da comunicação. São estes: remetente, destinatário, mensagem (forma), contexto, código e canal; e as suas respectivas funções da linguagem são:
- emotiva (ou expressiva),
- conativa (ou apelativa),
- poética (ou estética),
- referencial (ou denotativa),
- metalinguística e
- fática.
É importante ressaltar que um texto pode ter mais de uma função, mas há sempre uma que predomina.
Exercícios sobre função conativa
1. Assinale a frase abaixo que exemplifica a função conativa da linguagem.
- A sorte favorece a mente bem-preparada.
- Se você acha que tem 50% de chance de sucesso, vá atrás.
- Sucesso é uma palavra à procura de definição pessoal.
- Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá.
- A disciplina é a parte mais importante da vida militar.
GABARITO:
A letra B é a única alternativa que apresenta marcas de interlocução, como o uso do pronome “você” e o imperativo, por isso é a única frase em que há a função conativa. As alternativas A e E são referenciais; a letra C é metalinguística e a letra D é um verso de um poema, portanto faz parte da função poética.
2. Assinale a frase que não exemplifica a função conativa de linguagem.
- Não deixe para amanhã o que pode fazer hoje.
- Faz o bem sem olhar a quem.
- Siga em frente que atrás vem gente.
- Fiz o que pude para ajudar os demais.
- Veja bem o que você vai fazer.
GABARITO:
Letra D. Em todas as outras alternativas, há o uso do imperativo na segunda ou na terceira pessoa, referindo-se ao pronome “você”; por isso, as funções da linguagem das demais alternativas são conativas. Na alternativa D, a função da linguagem predominante é a emotiva, já que há o uso da primeira pessoa.
Fontes:
JAKOBSON, R. Linguística e comunicação. Trad. José Paulo Paes. São Paulo: Cultrix, 2003.
CHALHUB, Samira. Funções da linguagem. 11. ed. São Paulo: Ática, 2002.