Naturalismo

Por Warley Souza

O Naturalismo é um estilo de época. Ele surgiu na Europa, no século XIX. A obra O mulato, de Aluísio Azevedo, inaugurou o Naturalismo brasileiro no ano de 1881.

Exemplo do Naturalismo na pintura: a obra Os comedores de batatas, de Van Gogh.
Exemplo do Naturalismo na pintura: a obra Os comedores de batatas, de Van Gogh.

O Naturalismo é um estilo de época surgido na segunda metade do século XIX, na Europa. Suas principais características são o determinismo e a zoomorfização, elementos que o diferenciam do Realismo. Porém, ambos os estilos apresentam linguagem objetiva, crítica social e falta de idealizações. No Brasil, os principais autores naturalistas são Aluísio Azevedo, Adolfo Caminha e Raul Pompeia.

Leia também: Realismo no Brasil — movimento inaugurado por Machado de Assis no país

Resumo sobre o Naturalismo

  • O Naturalismo é um estilo de época marcado pela objetividade e cientificismo.

  • No exterior, o francês Émile Zola, autor de Germinal, é o principal autor naturalista.

  • No Brasil, Aluísio Azevedo, autor de O Cortiço, é o principal escritor naturalista.

  • O determinismo e a zoomorfização são características do Naturalismo, e não do Realismo.

Videoaula sobre o Naturalismo

Quais são as características do Naturalismo?

Os autores de obras literárias começaram a utilizar, exageradamente, teorias científicas na composição de seus personagens. Uma dessas teorias é conhecida como “determinismo”, que consiste na ideia de que os indivíduos sofrem influência de sua raça, meio e período histórico em que vivem.

Nessa onda cientificista, os autores valorizaram mais as características biológicas de seus personagens do que as psicológicas. Tais personagens são retratados como animais, sujeitos à força dos instintos. Nessa perspectiva, ocorre a zoomorfização, que consiste na atribuição explícita de características animais aos personagens.

Os romances naturalistas, na época, foram considerados imorais ao mostrar tão explicitamente a sexualidade de seus personagens, comandados mais pelo instinto sexual do que pela razão. No entanto, essa animalização era comumente atribuída a indivíduos marginalizados, pertencentes à classe operária.

As obras naturalistas, com o olhar de hoje, se mostram preconceituosas. Afinal, as mulheres são representadas como detentoras de uma sexualidade patológica. As pessoas negras são consideradas, nesses livros, como seres inferiores. Já a homossexualidade é tratada como patologia e desvio da normalidade.

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Quais são os principais autores do Naturalismo?

Autores estrangeiros do Naturalismo

Émile Zola, grande nome do Naturalismo.
Émile Zola, grande nome do Naturalismo.
  • Émile Zola (1840-1902), francês.

  • Thomas Hardy (1840-1928), inglês.

  • Eça de Queirós (1845-1900), português.

  • Guy de Maupassant (1850-1893), francês.

  • Fialho de Almeida (1857-1911), português.

  • Arthur Schnitzler (1862-1931), austríaco.

  • Gerhart Hauptmann (1862-1946), alemão.

  • Stephen Crane (1871-1900), estado-unidense.

Autores brasileiros do Naturalismo

Aluísio Azevedo, grande nome do Naturalismo brasileiro.
Aluísio Azevedo, grande nome do Naturalismo brasileiro.
  • Júlio Ribeiro (1845-1890).

  • Aluísio Azevedo (1857-1913).

  • Júlia Lopes de Almeida (1862-1934).

  • Raul Pompeia (1863-1895).

  • Adolfo Caminha (1867-1897).

Naturalismo no Brasil

Quando Aluísio Azevedo publicou o romance O mulato, em 1881, teve início o Naturalismo no Brasil. No entanto, é seu romance O cortiço, de 1890, a principal obra naturalista brasileira. Tais livros, assim como os de outros autores brasileiros do período, apresentam as mesmas características da Naturalismo europeu:

  • determinismo;

  • zoomorfização;

  • objetividade;

  • cientificismo.

Além das obras de Azevedo, o Naturalismo brasileiro também conta com o romance Bom-Crioulo, de Adolfo Caminha, publicado em 1895. Esse é o primeiro romance brasileiro cuja temática central é a homossexualidade, obviamente analisada considerando os padrões preconceituosos da época.

Desse modo, Caminha aponta o determinismo associado à raça de Amaro (o Bom-Crioulo) e ao meio (a marinha brasileira). A influência do meio também está presente em O Ateneu, romance de Raul Pompeia, publicado em 1888. Já A carne, de Júlio Ribeiro, também publicado em 1888, tem como foco a sexualidade feminina.

Outro livro com viés naturalista é A falência, da escritora Júlia Lopes de Almeida, publicado em 1901. Esse romance possui traços deterministas, mas menos intensos do que nas obras dos outros autores aqui mencionados. Assim, esses são os principais romances naturalistas brasileiros.

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Contexto histórico do Naturalismo

O Naturalismo surgiu na Europa após a publicação do livro A origem das espécies, de Charles Darwin (1809-1882). Nessa obra revolucionária, publicada em 1859, o biólogo britânico comprova que as espécies animais são resultado de um processo natural de adaptação e evolução, sem qualquer interferência divina.

Por se opor à perspectiva criacionista, que defende que Deus criou os primeiros humanos na Terra, o livro não foi bem-visto por certos religiosos da época. No entanto, a descoberta de Darwin fez com que o olhar científico sobre a realidade passasse a ser mais valorizado, o que acabou influenciando também os meios literários.

Durante esse período, esteve em voga o positivismo, uma corrente filosófica que valorizava a humanidade e a racionalidade, em oposição ao teocentrismo. Assim, a ciência se tornou o instrumento da verdade. No entanto, correntes de pensamento equivocadas também adquiriram protagonismo.

Aquilo que ficou conhecido como “darwinismo social” era uma corrente de pensamento que defendia a inferioridade dos povos dominados pelos países imperialistas, de forma a legitimar tal dominação. Nessa perspectiva, o crítico Hippolyte Taine (1828-1893) colocou em evidência o conceito de “determinismo”, amplamente usado nos romances naturalistas.

Quais são as diferenças entre Naturalismo e Realismo?

O Naturalismo e o Realismo apresentam estas características em comum:

  • linguagem objetiva;

  • ausência de idealizações;

  • crítica sociopolítica.

Dessa forma, as obras de ambos os estilos procuram mostrar a realidade tal qual ela é, por meio de uma análise racional e não sentimental. No entanto, é exclusividade do Naturalismo:

  • visão determinista;

  • zoomorfização.

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