Existem alguns casos especiais de concordância verbal que podem gerar muitas dúvidas nos falantes. A mais comum delas acontece na chamada concordância ideológica.
A concordância verbal é um dos temas mais controversos da língua portuguesa. Por esse motivo, tornou-se um dos aspectos gramaticais mais temidos pelos estudantes. Chamamos de concordância verbal o estudo do verbo em relação à maneira como ele apresenta-se na frase: de acordo com o elemento ao qual ele se refere — o sujeito —, o verbo poderá estar no singular ou no plural.
A maneira mais eficiente de se fazer uma concordância verbal correta é refletir sobre a frase sobre a qual deve ser feita a concordância. Mesmo que existam regras para o assunto, às vezes, o melhor a se fazer é pensar sobre o verbo para assim encontrar o sujeito ao qual ele se refere, fazendo assim a concordância correta entre número e pessoa. Contudo, existem alguns casos especiais de concordância verbal que podem confundir ainda mais os falantes. Conhecê-los é a melhor maneira para eliminar possíveis erros. Observe algumas ocorrências:
Concordância ideológica: Também conhecida como silepse, a concordância ideológica acontece de acordo com o sentido ou ideia de uma palavra, e não com a sua forma. Observe um exemplo da ocorrência da silepse de número:
“Esta gente está furiosa e com medo; por consequência, capazes de tudo.” (Garrett)
Note que nesse caso não existe uma concordância verbal bem comportada, aquela que acontece quando o predicado concorda com o sujeito em número e pessoa. A palavra “gente”, embora esteja no singular, dá-nos a ideia de “muitas pessoas”, portanto, é compreensível que o adjetivo “capazes” esteja no plural para concordar com a ideia de multiplicidade transmitida pelo substantivo “gente”.
Há também um caso de concordância especial em relação aos gêneros masculino e feminino, que recebe o nome de silepse de gênero. Observe o exemplo:
João Pessoa é movimentada.
Embora “João Pessoa” seja um nome próprio do gênero masculino, o adjetivo “movimentada” está concordando com a ideia que está subentendida, no caso, a ideia de cidade de João Pessoa.
O último caso de concordância especial acontece na silepse de pessoa, quando há divergência entre o sujeito expresso na oração e a pessoa verbal. Observe o exemplo:
Os mineiros reclamamos da construção do viaduto.
O verbo “reclamamos” está conjugado na 1ª pessoa do plural, indicando que aquele que enuncia a frase inclui-se entre aqueles que reclamaram da construção do viaduto. Traduzindo para uma concordância verbal sem silepse, a oração ficaria da seguinte forma: Nós, os mineiros, reclamamos da construção do viaduto.
A silepse, caso especial de concordância verbal, pode ser considerada uma figura de construção, recurso muito empregado principalmente na linguagem literária. A palavra “silepse” vem do grego súllépsis, eós e também do latim, syllepsis, is, cujo significado revela bastante sobre sua função na língua portuguesa: compreensão, inclusão e reunião.
É normal que fiquemos na dúvida quando a concordância verbal foge às regras, desafiando assim a norma-padrão da língua. Nesses casos, o melhor a se fazer é analisar o contexto da frase e levar em consideração os aspectos referentes à ocorrência da silepse, que poderá ser de número, gênero e pessoa, observadas as peculiaridades da frase que será analisada.
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