Minuciosidades relativas a algumas conjugações verbais

Por Vânia Maria do Nascimento Duarte

Determinadas formas verbais são alvo de recorrentes desvios linguísticos

 

Que os verbos representam a classe gramatical inteiramente dotada de particularidades complexas ninguém pode negar, sobretudo em se tratando de uma delas – as flexões. O fato, inegável também, é que fazemos uso de tal classe muito mais do que imaginamos, ao organizamos nosso pensamento e expormos nossas ideias.

Dessa forma, em virtude da evidente necessidade de utilizá-los é que se faz necessário estarmos a par de todas as peculiaridades que os norteiam, mesmo que a princípio tudo pareça um tanto quanto complicado. Mas nada que um pouco de prática de leitura e escrita não possa ajudar, sanando alguns entraves que insistem em permanecer.

É com base nesses pressupostos que o artigo em questão prioriza o estudo de algumas formas verbais mais passíveis de dúvidas, mais precisamente aquelas que representam os chamados verbos irregulares – alvos de inúmeros “tropeços” até de pessoas que possuem bastante familiaridade com os fatos linguísticos, mas que por um motivo ou outro cometem alguns “escorregões”, tanto na oralidade quanto na escrita. Assim sendo, vejamos:

* Neste exato momento o entrevistador media o debate realizado entre os candidatos a governo do Estado.

Caso o verbo mediar fosse considerado com regular, a forma verbal ora expressa estaria adequada. Entretanto, o que ocorre é que em se tratando do presente do modo indicativo, o presente do modo subjuntivo e as formas relativas ao imperativo, todas elas recebem a intercalação da vogal “e”. Portanto, cabe ressaltar que o discurso carece de reformulações, ocorrência que o faz ser assim expresso:

* Neste exato momento o entrevistador medeia o debate realizado entre os candidatos a governo do Estado.

Assim como ocorre com esse verbo e seus respectivos derivados (intermediar e remediar), também acontece com: ansiar, incendiar e odiar.

* Quando ela me ver aqui, certamente não gostará.

Eis mais uma das famosas confusões. Dessa vez os “atores” em jogo são representados pelos verbos “ver” e “vir”, uma vez que no futuro do subjuntivo, um assume a forma do outro. Dessa forma, antes de atribuirmos ao enunciado a devida correção, façamos uma breve retomada acerca da forma como são conjugados:



Com base nessa premissa, obtemos:

* Quando ela me vir aqui, certamente não gostará.


* Quando eu pôr a mão em todos os prêmios que recebi, realizarei todos os meus desejos.

O que se pode notar é que antes de realizá-los o sortudo terá de mudar sua concepção no que tange ao emprego do verbo em evidência, não acha?

A verdade é que estamos diante de mais um verbo considerado irregular, pois a forma adequada de o emissor proferir tal discurso é:

* Quando eu puser a mão em todos os prêmios que recebi, realizarei todos os meus desejos.

Fato semelhante ocorre com o verbo querer, observe:

*Quando ela quiser, poderá visitar-me.

 Mas você sabe por que “quiser” é grafado com s e não com z?


 Até 1943 era aceitável que disséssemos quizer, mas desde então, mediante a uniformização da grafia, a situação que impera é a que conhecemos.

Será que o mesmo acontece com o verbo pôr?
Digamos que nesse aspecto sim, pois em vez de dizermos “puz”, dizemos “pus”, com s.


* Acho mesmo que pairo até o final da semana.

Caso você esteja pensando que se trata do verbo pairar (sustentar-se no ar, de asas abertas e aparentemente sem agitá-las), enganou-se. Estamos exatamente nos referindo ao verbo parir, dar à luz. Contudo, quando conjugados, ambos são idênticos quando se referem à primeira pessoa do presente do indicativo. Portanto, vamos a eles:

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