Interjeição

Por Guilherme Viana

As interjeições constituem uma classe de palavras cuja função é a de expressar surpresa, susto, hesitação, alegria etc. por parte do emissor do enunciado, além disso podem ser utilizadas também para chamar a atenção do interlocutor do texto.

Leia também: Gradação – recurso utilizado para aumentar ou diminuir a intensidade do discurso

O que é interjeição?

As interjeições são unidades autônomas (isto é, independentes de qualquer elemento no discurso) que exprimem a emoção de quem emite o enunciado. Algumas interjeições também são usadas para chamar a atenção ou exigir alguma reação do interlocutor. São caracterizadas por serem normalmente exclamativas, mas também podem ser interrogativas e exclamativas ao mesmo tempo, dependendo da emoção que se expressa.

- Nossa! Eu não acredito que ele te disse isso!

- Ai! Que situação horrível...

- Oba! Que notícia boa!

As interjeições são unidades cuja forma pode variar muito:

  • Sons vocálicos: “Ah!”, “Ih...”, “Ué!”.
  • Palavras da língua: “Puxa!”, “Eita!”, “Nossa!”.
  • Locuções interjetivas, envolvendo mais de uma palavra: “Cruz credo!”, “Arre égua!”.

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Tipos de interjeição

Há diversos tipos de interjeição, usualmente associados ao tipo de reação que expressam. Veja alguns deles:

  • Admiração: “Ah!”, “Oh!”, “Uau!”.
  • Alívio: “Ufa!”, “Ah!”, “Uh!”.
  • Animação: “Coragem!”, “Vamos!”, “Força!”.
  • Apelo: “Ei!”, “Oh!”, “Psiu!”.
  • Aplauso: “Bravo!”, “Bis!”, “Eh!”.
  • Desejo: “Oh!”, “Tomara!”, “Oxalá!”.
  • Dor: “Ai!”, “Ui!”, “Oh!”.
  • Dúvida: “Hum?!”, “Hein?!”, “Hã?!”.
  • Espanto: “Eita!”, “Ué!”, “Oxente!”, “Uai!”.
  • Frustração/impaciência: “Arre!”, “Puxa!”, “Ave!”.
  • Imposição de silêncio: “Xiu!”, “Psiu!”, “Silêncio!”.
  • Satisfação: “Oba!”, “Eba!”, “Irra!”.
  • Saudação/despedida: “Alô!”, “Ei!”, “Salve!”, “Olá!”, “Oi!”, “Tchau!”.
  • Suspensão: “Chega!”, “Basta!”, “Alto lá!”.
As interjeições expressam a emoção do enunciador.
As interjeições expressam a emoção do enunciador.

Locução interjetiva

Quando um grupo de palavras assume, juntas, o valor de interjeição, temos uma locução interjetiva. Veja algumas muito conhecidas:

- Valha-me, Deus!

- Ai de mim!

- Ora bolas!

- Minha nossa!

Veja também: Hipérbole – recurso linguístico que expressa exagero e intensidade

As torcidas nos estádios emitem muitas interjeições de aplauso, frustração, satisfação e alívio.
As torcidas nos estádios emitem muitas interjeições de aplauso, frustração, satisfação e alívio.

Exercícios resolvidos

Questão 1 – (UniFil) Leia o texto para responder a questão.

Negócio da China

Por Mentor Neto

Mais um ano, mais um vírus que vai acabar com a humanidade. Enquanto escrevo esta crônica, o Corona Vírus já contabiliza mais de 400 vítimas fatais, na China. Difícil saber se os dados são confiáveis, já que o governo chinês não preza exatamente por compartilhar informações. Apesar disso, estão fazendo o que podem. Interditaram entradas e saídas da cidade que foi o epicentro da doença. Wuhan tem mais de 11 milhões de habitantes. Um vilarejo para os padrões chineses, mas é gente que não acaba mais. Praticamente dois Rio de Janeiro de habitantes impossibilitados de transitar pelo país. Ao mesmo tempo, autoridades chinesas insistem em minimizar o problema ou culpar os Estados Unidos por difundir o medo. A falta de transparência chinesa apenas complica a situação e as consequências econômicas começam a se espalhar numa velocidade mais rápida do que uma pandemia. Azar do mundo que o Corona não surgiu no Brasil. Fosse aqui o berço dessa doença e o planeta estaria salvo. Acabaríamos com o vírus do mesmo jeito que acabamos com o Orkut. Afinal, não existe povo capaz de administrar crises melhor do que o brasileiro. Se a Natureza nos tivesse brindado com esta oportunidade, a raça humana estaria segura. De cara, já teríamos dado um apelido para a doença. “Gripe Cervejona”, por exemplo.

— Cadê o Plínio, do RH?

— Pegou a cervejona, mas amanhã ele tá aí.

E pronto.

Um belo dum apelido já desmoraliza o vírus de cara, que é para impor nosso ritmo. Claro que não seríamos capazes de fechar uma cidade inteira. Se alguém sugerisse uma maluquice dessas, metade do país diria que é coisa de fascista e que no tempo do Lula era melhor. A outra metade diria que o Corona é coisa de comunista e que temos sorte de ter o Mito para nos salvar. Divididos, permitiríamos que, em pouco tempo, o vírus se espalhasse por todo o país. Ótima notícia, pois possibilitaria que mais pesquisadores tivessem condições de estudar possíveis vacinas. Por aqui o Corona seria uma doencinha de verão, porque lidamos com doenças muito mais graves do que essa. O Bacilo da Corrupção, por exemplo. Isso sim é doença séria. Quando ataca, corrói o sujeito por dentro, apesar de não apresentar sintomas externos. Pelo contrário. Alguns doentes acabam vivendo melhor do que no tempo em que eram saudáveis. Pelo menos até serem diagnosticados. Alguns dizem que o foco inicial foi Brasília. Mas há registros de casos desde 1500. Mais grave que o Corona é, também, o Bala-Perdida Vírus. Surgiu no Rio de Janeiro e não tem cura conhecida. Mata mais do que a peste negra e é tão implacável quanto. Você está lá, saudável, assistindo o futebol na sua sala quando, sem mais nem menos, pimba! O vírus entra pela janela e já era para você. Outra doença muito comum nos últimos anos é causada pela misteriosa Bactéria da Barragem. Doença fulminante, capaz de dizimar cidades inteiras em questão de horas. Tem ainda a Epidemia do Desmatamento, o Microorganismo dos Rios Poluídos, a Metástase da Desigualdade e a mais grave de todas, que muitos chamam de a Matilde de Todas as Doenças: o Germe do Voto Errado, onde o sujeito perde completamente a habilidade de escolher seus representantes. Todas doenças gravíssimas, com que aprendemos a conviver, enquanto a cura não vem. Há quem diga, inclusive, que existem remédios para esses nossos males, mas que o sistema não permite que cheguem aos doentes, por interesses econômicos. O antibiótico da Educação e a vacina do Saneamento, por exemplo. Então, não me venham com esse escarcéu por causa de um viruzinho mequetrefe desses, ora por favor.

Brasileiro que é brasileiro tira essa cervejona de letra, isso sim.

Disponível em https://istoe.com.br/negocio-da-china-2/

Analise: “Você está lá, saudável, assistindo o futebol na sua sala quando, sem mais nem menos, pimba!”

O termo sublinhado, na classificação de palavras, é

A) substantivo.

B) interjeição.

C) numeral.

D) adjetivo.

Resolução

Alternativa B. No enunciado, “pimba!” tem função de interjeição por ser uma unidade autônoma que exprime surpresa.

Questão 2 - (FGV)

(Roberto Abdenur. Folha de S. Paulo, 25 de janeiro de 2012)

E, surpresa!, quem a esta altura clama pelo surgimento de um lúcido pensamento de esquerda, a contrabalançar os populismos de direta, é o famoso Francis Fukuyama. (L.60-63)

No período acima, o termo sublinhado assume um papel gramatical distinto de sua classificação original. Esse papel assumido no período é de

A) conjunção.

B) advérbio.

C) interjeição.

D) substantivo.

E) adjetivo.

Resolução

Alternativa C. Naquele contexto, a expressão “surpresa!” tem função de interjeição, por ser uma exclamação autônoma no enunciado que transmite emoção.

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