Frases e aforismos de Grande Sertão: Veredas

Por Luana Castro Alves Perez

As frases e aforismos de Grande Sertão: Veredas são verdadeiras pérolas da literatura brasileira. Eles traduzem toda a sabedoria de seu criador, o escritor João Guimarães Rosa.

Capa de uma das primeiras edições de Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. Editora José Olympio
Capa de uma das primeiras edições de Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. Editora José Olympio

Grande Sertão: Veredas. Certamente você já ouviu falar nesse que é um dos clássicos da literatura brasileira. Guimarães Rosa, seu autor, é considerado pela crítica e também pelo público um dos maiores escritores de nossas letras, um daqueles nomes que surgem de tempos em tempos para inovar o fazer literário. Rosa não se contentou apenas em aproveitar os textos-fonte (aqueles que deram origem a toda a literatura moderna, dos quais muitos autores apropriam-se), criou suas próprias histórias, seu próprio universo. Mais do que isso: criou sua própria linguagem, linguagem baseada na fala do homem simples do sertão, de quem esteve sempre perto e em quem sempre se inspirou.

A história de Riobaldo e Diadorim é uma daquelas histórias que povoam o imaginário coletivo e, por isso, entrou para o seleto grupo de textos-fonte. A partir da narrativa roseana, um “amor proibido” entre amigos, outros temas foram desenvolvidos, temas de dimensão universal, como o bem e o mal, Deus e o diabo, o amor, a violência, a morte, a traição, entre outros temas que afligem não apenas o homem do sertão de Minas Gerais, espaço onde boa parte das tramas de Rosa desenvolveram-se, mas também o homem das grandes cidades, esteja ele onde estiver. Esse caráter universal da obra de Guimarães Rosa fez com que sua obra fosse traduzida para diversos idiomas, despertando o interesse de milhares de leitores em todo o mundo.

Não é por acaso que Guimarães Rosa é considerado uma das maiores expressões da literatura brasileira: além de ter inovado a tradição regionalista, que até então se limitava a fazer um retrato quase caricato do homem do campo e de seus costumes, surpreendeu a crítica e o público em virtude da originalidade de sua linguagem e de suas técnicas narrativas que davam voz ao homem do sertão por meio do foco narrativo em 1ª pessoa, além do emprego do discurso direto e o discurso indireto livre. Rosa levou para a prosa elementos que até então eram encontrados somente na poesia, como metáforas, aliterações, onomatopeias, ritmo, neologismos e empréstimos linguísticos. Por esse motivo, Grande Sertão: Veredas é um oásis de aforismos e passagens dignas de nota, o que torna quase impossível ler sem contemplar e ter vontade de levar para toda a vida a sabedoria de seu narrador, Riobaldo.

Para você ficar ainda mais curioso e, assim, mergulhar no universo de uma das maiores obras-primas de nossa literatura, o sítio de Português traz para você um inventário das melhores frases e aforismos de Grande Sertão: Veredas, seleção que vai deixá-lo(a) com vontade de conhecer melhor uma das histórias mais originais e importantes do século XX. Boa leitura!

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"...digo. Esta vida está cheia de ocultos caminhos. Se o senhor souber, sabe; não sabendo, não me entenderá."

"Eu sou é eu mesmo. Diverjo de todo o mundo... Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa. O senhor concedendo, eu digo: para pensar longe, sou cão mestre – o senhor solte em minha frente uma idéia ligeira, e eu rastreio essa por fundo de todos os matos, amém!."

"Eu cá, não perco ocasião de religião. Aproveito de todas. Bebo água de todo o rio... uma só para mim é pouca, talvez não me chegue."

"Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou."

Capa do Cadernos de literatura brasileira, publicação do Instituto Moreira Salles
Capa do Cadernos de literatura brasileira, publicação do Instituto Moreira Salles

Amigo, para mim, é só isto: é a pessoa com quem a gente gosta de conversar, do igual o igual, desarmado. O de que um tira prazer de estar próximo. Só isto, quase; e os todos sacrifícios. Ou – amigo – é que a gente seja, mas sem precisar de saber o por que é que é."

"Pouco se vive, e muito se vê... – Um outro pode ser a gente; mas a gente não pode ser um outro, nem convém..."

"A vida é ingrata no macio de si; mas transtraz a esperança mesmo do meio do fel do desespero. Ao que, este mundo é muito misturado..."

"Sertão. Sabe o senhor: sertão é onde o pensamento da gente se forma mais forte do que o poder do lugar. Viver é muito perigoso..."

"Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende."

"O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem."

"Vou longe. Se o senhor já viu disso, sabe: se não sabe, como vai saber? São coisas que não cabem em fazer idéia."

"Tem horas em que penso que a gente carecia, de repente, de acordar de alguma espécie de encanto."

João Guimarães Rosa, em Grande Sertão: Veredas

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