Refrão

Por Vânia Maria do Nascimento Duarte

O refrão se define como um verso ou um conjunto de versos que se repete ao final de cada estrofe
O refrão se define como um verso ou um conjunto de versos que se repete ao final de cada estrofe

O refrão se caracteriza como um verso ou agrupamento de versos que se repete ao final de cada estrofe. Denominado também de estribilho, ele se encontra presente nas canções e nas criações literárias, como, por exemplo, os poemas.

Esse nome, refrão, provém do castelhano refrán, remontando às poesias gregas e latinas, à Bíblia, aos hinos litúrgicos e, sobretudo, às cantigas líricas trovadorescas, principalmente as cantigas de amigo, como podemos observar nesta a seguir:

"Ai flores, ai flores do verde pino,  A 
se sabedes novas do meu amigo!  
B 
ai Deus, e u é?  
Refrão 

Ai flores, ai flores do verde ramo, A
se sabedes novas do meu amado! B
ai Deus, e u é? Refrão

Se sabedes novas do meu amigo, A
aquel que mentiu do que pôs comigo! B
ai Deus, e u é? Refrão

Se sabedes novas do meu amado, A
aquel que mentiu do que mi há jurado! B
ai Deus, e u é?” Refrão
(...)

D. Dinis

Um dos poemas mais conhecidos da literatura universal – O corvo, sob a autoria de Edgar Allan Poe, constitui-se do presente elemento. No excerto abaixo, o próprio Poe revela acerca de suas intenções ao utilizar o refrão:

(...) definido o tom de tristeza, foi levado a procurar uma curiosidade artística e empolgante que fosse chave na construção do poema. Passando em demorada revista todos os efeitos de arte conhecidos, não poderia deixar de ver logo que o estribilho é, entre todos, o mais empregado. (...) Decidido que estava a usar um estribilho, pareceu-me inevitável dividir o poema em estrofes para esse estribilho concluir cada estrofe. E para ser conclusão, remate forte, teria de ser sonoro e suscetível de ênfase prolongada.
Fonte: POE, Edgar Allan. Três poemas e uma gênese com traduções de Fernando Pessoa. Lisboa: & etc.p.40.

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Vejamos, pois, alguns fragmentos do referido poema:

O corvo, tradução de Machado de Assis

[...]

Diante da ave feia e escura,
Naquela rígida postura,
Com o gesto severo, — o triste pensamento
Sorriu-me ali por um momento,
E eu disse: "O tu que das noturnas plagas
Vens, embora a cabeça nua tragas,
Sem topete, não és ave medrosa,
Dize os teus nomes senhoriais;
Como te chamas tu na grande noite umbrosa?"
E o corvo disse: "Nunca mais".

Vendo que o pássaro entendia
A pergunta que lhe eu fazia,
Fico atônito, embora a resposta que dera
Dificilmente lha entendera.
Na verdade, jamais homem há visto
Cousa na terra semelhante a isto:
Uma ave negra, friamente posta
Num busto, acima dos portais,
Ouvir uma pergunta e dizer em resposta
Que este é seu nome: "Nunca mais".
[...]

No entanto, o corvo solitário
Não teve outro vocabulário,
Como se essa palavra escassa que ali disse
Toda a sua alma resumisse.
Nenhuma outra proferiu, nenhuma,
Não chegou a mexer uma só pluma,
Até que eu murmurei: "Perdi outrora
Tantos amigos tão leais!
Perderei também este em regressando a aurora."
E o corvo disse: "Nunca mais!"

Estremeço. A resposta ouvida
É tão exata! é tão cabida!
"Certamente, digo eu, essa é toda a ciência
Que ele trouxe da convivência
De algum mestre infeliz e acabrunhado
Que o implacável destino há castigado
Tão tenaz, tão sem pausa, nem fadiga,
Que dos seus cantos usuais
Só lhe ficou, na amarga e última cantiga,
Esse estribilho: "Nunca mais".

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