Os diferentes dialetos e registros comprovam que a língua portuguesa é um elemento dinâmico que sofre modificações históricas, culturais e sociais.
A língua portuguesa é o código mais utilizado entre os brasileiros. Poderoso instrumento de interação social, a língua pertence a todos os membros de uma comunidade, o que faz dela um patrimônio social e cultural que evolui e transforma-se historicamente. Pensar na língua como um elemento imutável é um grande equívoco: a língua é dinâmica e modifica-se de acordo com a necessidade dos grupos sociais que dela fazem uso.
As variedades linguísticas corroboram a ideia de dinamismo da língua: de acordo com as condições sociais, culturais, regionais e históricas, a língua sofre variações que melhor se adaptam às necessidades de determinado grupo. Entre os tipos de variações linguísticas estão os dialetos e registros, fenômenos que comprovam na prática que não existe um modelo linguístico a ser seguido na modalidade oral. Mas o que são dialetos e registros?
É chamada de dialeto a variedade de uma língua própria de uma região ou território. Devem ser consideradas também as diferenças linguísticas originadas em virtude da idade dos falantes, sexo, classes ou grupos sociais e da própria evolução histórica da língua: pessoas que se identificam e utilizam uma linguagem mais ou menos comum, com vocabulário, expressões e gírias próprias do grupo. As diferenças regionais, no que diz respeito ao vocabulário, são exemplos de variação territorial. É caso, por exemplo, da raiz que em determinadas regiões é conhecida como “mandioca”, mas que em outras áreas recebe o nome de “aipim” ou “macaxeira”. Observe o exemplo:
“A farinha é feita de uma planta da família das
euforbiáceas, euforbiáceas
de nome manihot utilíssima que um tio meu apelidou de macaxeira
e foi aí que todo mundo achou melhor!...
A farinha tá no sangue do nordestino
eu já sei desde menino o que ela pode dar
e tem da grossa, tem da fina se não tem da quebradinha
vou na vizinha pegar pra fazer pirão ou mingau
farinha com feijão é animal!
O cabra que não tem eira nem beira
lá no fundo do quintal tem um pé de macaxeira
a macaxeira é popular é macaxeira pr`ali, macaxeira pra cá
e em tudo que é farinhada a macaxeira tá
você não sabe o que é farinha boa
farinha é a que a mãe me manda lá de Alagoas...”.
(Farinha - Djavan)
Chamamos de registros as variações que ocorrem de acordo com o grau de formalismo existente em uma determinada situação: há situações em que a variedade padrão, ou norma culta, é a melhor opção, aquela que estabelecerá uma maior sintonia entre os interlocutores. Nas entrevistas de emprego, em redações para concursos e vestibulares e em exposições públicas, por exemplo, a variedade linguística exigida, na maioria das vezes, é a padrão, por isso é indispensável conhecê-la bem para adequarmos a comunicação de acordo com a pertinência do momento. Em contrapartida, há situações de uso em que a variedade não padrão (gírias, regionalismos, jargões) é aquela que melhor se encaixa no contexto comunicacional.
A variedade padrão nem sempre é a mais adequada. Em determinadas situações, a variedade não padrão favorece a comunicação entre os falantes
Os diferentes dialetos e registros comprovam que a língua é um conjunto de variedades, ou seja, há diversas maneiras de falar ou escrever. Em relação à fala, jugar que existe o certo e o errado significa desconsiderar e desprestigiar determinado dialeto ou registro, manifestações culturais, sociais e históricas legítimas de um grupo. Quando entendemos que as línguas são conjuntos de variedades, entendemos também que as regras da língua portuguesa são variáveis, e não categóricas. Dizer que alguém fala o português melhor ou pior do que alguém, desconsiderando fatores sociais como o nível de escolaridade ou grupo e classes diferentes, só reforça a combatida ideia do preconceito linguístico, tão presente em nossa cultura.
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