Técnica de redação muito utilizada nas dissertações argumentativas, a impessoalização da linguagem ajuda a eliminar marcas de subjetividade em uma redação.
Você já deve saber que o tipo textual mais cobrado nas redações de concursos e vestibulares em todo o país é a dissertação argumentativa. O texto dissertativo-argumentativo exige que o estudante construa e defenda seu ponto de vista, apresente uma tese inicial e desenvolva argumentos que comprovem o seu principal ponto de vista. Embora esse tipo textual possa ser fundamentado em opiniões pessoais, ele não deve apresentar marcas de pessoalidade. Não entendeu? Vamos explicar para você.
Os textos formais exigem a impessoalização da linguagem. Isso significa que, às vezes, é necessário omitir os agentes do discurso para ocultar nossa opinião pessoal e as diversas vozes que compõem um texto. Imagine que você precise discorrer sobre a pena de morte. Imagine também que você seja contra esse tipo de punição. Para apresentar seus argumentos contrários à pena de morte, você não precisa redigi-los na primeira pessoa, ou seja, “Eu”. Períodos como Eu não acho que a pena de morte seja a solução contra a criminalidade, acredito que investir em educação e diminuir a desigualdade social são as melhores saídas contra a violência que assola o país podem ser construídos da seguinte maneira: A pena de morte não é a solução contra a criminalidade; investir em educação e na diminuição da desigualdade social são as melhores saídas contra a violência que assola o país. Percebeu que os elementos Eu acho que e acredito foram eliminados? Uma pequena adaptação que, além de atenuar a dialogia no período, contribuiu para uma posição impessoal frente ao assunto “pena de morte”.
Para ajudar na adequação da linguagem nos textos do tipo dissertativo-argumentativo, o sítio de Português traz cinco dicas de redação sobre a impessoalização do discurso. Saiba agora mesmo como isso pode ser feito sem prejudicar a construção de sentidos de seu texto. Boa leitura e bons estudos!
Evite construir o discurso na primeira pessoa do singular (eu) e adote o uso da primeira pessoa e da terceira pessoa do plural (nós e eles). Dessa maneira, você evitará elementos que possam atribuir marcas de subjetividade em seu texto. Veja o exemplo:
Analisados os fatos, concluímos que... (em vez de concluí que).
Por meio de nossas ideias, procuramos demonstrar que (em vez de por meio de minhas ideias, procurei demonstar que).
Para neutralizar o discurso e deixá-lo mais objetivo, opte, sempre que possível, por ocultar o agente. Isso pode ser feito por meio de expressões como é importante, é preciso, é indispensável, é urgente, já que elas não revelam o autor da ação:
É preciso tomar decisões para coibir a criminalidade.
É indispensável que as autoridades esclareçam os recentes casos de corrupção no país.
Não quer que o leitor identifique com exatidão quem é o agente da ação? Basta fazer uso gramatical do sujeito indeterminado. Essa técnica pode ser utilizada quando, por acaso, surgir alguma informação sobre a qual você desconheça a exata procedência. Observe:
Aprende-se na escola a importância da leitura.
Acreditava-se que os militares instituiriam a ordem e o progresso no país.
Fala-se muito sobre a diminuição da maioridade penal.
Outra maneira eficiente para impessoalizar a linguagem do texto é optar por um agente inanimado. Dessa maneira, a responsabilidade em relação à ação será diluída. Veja os exemplos:
A diretoria da empresa elegeu um novo coordenador executivo.
Os deputados votaram um projeto de lei que vai de encontro aos interesses da população.
As autoridades competentes devem garantir ao cidadão o direito de ir e vir.
Na voz passiva, o sujeito da oração torna-se paciente, isto é, ele sofre a ação expressa pelo fato verbal. Empregá-la é um recurso que contribui para a impessoalização da linguagem, já que na voz passiva o sujeito poderá estar oculto. Observe os exemplos:
As novas descobertas sobre a cura para o câncer foram realizadas em centros de estudo nos Estados Unidos.
Está sendo comprovada a importância da escrita à mão no processo de aprendizado.
Famoso poeta brasileiro, fez parte da segunda geração romântica.
O predicado é um termo essencial da oração que faz uma afirmação sobre o sujeito.
Indica uma condição em relação a um verbo, adjetivo ou outro advérbio.
Podem provocar efeitos indesejados na comunicação, entre eles a ambiguidade.
As palavras aportuguesadas são aquelas de origem estrangeira que foram adaptadas às normas ortográficas da língua portuguesa.