Ana Cristina Cesar (1952-1983) foi uma escritora e crítica brasileira. Publicou livros de poesia com teor intimista e foi muito influenciada pelo modernismo.
Ana Cristina Cesar foi uma poeta brasileira do fim do século XX. Suas obras, além de integrarem o movimento da poesia marginal, têm um teor muito intimista e quebram a forma tradicional da poesia, usando versos sem métrica ou rima, linguagem informal etc. Seu livro mais famoso se chama A teus pés (1982).
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Ana Cristina Cruz Cesar nasceu na cidade de Rio de Janeiro (RJ) em 2 de junho de 1952 e era filha de Waldo Aranha Lenz Cesar e Maria Luiza Cesar. Seu pai era sociólogo, jornalista e fundador da editora Paz e Terra (em sociedade com o editor Ênio Silveira), o que certamente influenciou seu contato com a literatura.
Ela começou a escrever muito nova e já teve seus primeiros poemas publicados, aos sete anos, no jornal Tribuna da Imprensa. Apesar de ter entrado no Colégio de Aplicação da Faculdade Nacional de Filosofia, interrompeu os estudos e foi estudar inglês na Richmond School for Girls, em Londres, por meio do programa de intercâmbio da juventude cristã.
Em 1971, entrou na Faculdade de Letras da Pontifícia Universidade Católica (PUC-RJ), de onde saiu licenciada. Continuou produzindo poesias e integrou o movimento da poesia marginal, além de conviver com muitos escritores e intelectuais da época. No mesmo ano, começou a trabalhar como professora e, depois da graduação, em 1975, colaborou com periódicos como Opinião, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Beijo.
Seu livro de estreia, Cenas de abril, foi publicado em 1979 de forma independente. No ano seguinte, lançou Correspondência completa e Luvas de pelica. Sua dissertação de mestrado na Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) resultou no livro Literatura não é documento (1980). Foi também nesse momento que a autora entrou no ramo da tradução e estudou teoria e prática de tradução literária na Universidade de Essex (Inglaterra) em 1981.
Voltando para o Brasil, trabalhou como analista de textos para a Rede Globo de Televisão. Em 1982, lançou seu livro mais famoso, A teus pés, um conjunto de textos já publicados junto do inédito, que tem o mesmo nome da obra.
Em 29 de outubro de 1983, Ana Cristina Cesar cometeu suicídio, aos 31 anos. Algumas obras foram publicadas postumamente por seu amigo e poeta Armando Freitas Filho: Inéditos e dispersos (1985), Escritos da Inglaterra (1988) e Escritos no Rio (1993). Em 2016, foi a poeta homenageada da Festa Literária Internacional de Paraty - Flip.
Ana Cristina Cesar pertenceu ao movimento da poesia marginal da década de 1970, a chamada geração mimeógrafo. Ela e outros poetas constituíram esse grupo, pois suas produções eram feitas de forma independente, com os próprios recursos e por meio de cópias feitas em mimeógrafos.
Ana Cristina Cesar não se encaixou em um movimento literário, mas foi muito influenciada pelo modernismo brasileiro, principalmente pela liberdade formal e quebra da estrutura tradicional do poema.
Ademais, algumas características das obras da autora são as seguintes:
A teus pés (1982) é o último livro que Ana Cristina Cesar publicou em vida e é pelo qual é mais conhecida. A obra também é a única publicada por uma editora, já que a autora fez parte da geração mimeógrafo, na qual as produções eram feitas de forma independente, com os próprios recursos.
O livro reúne os três trabalhos anteriores, Cenas de abril (1979), Correspondência completa (1980) e Luvas de pelica (1980), mas também inclui novos conteúdos. Assim é uma obra que reúne textos poéticos tanto em verso quanto em prosa.
No primeiro poema do livro A teus pés (1982), a escritora já expressa algumas de suas características. Veja um trecho a seguir:
Trilha sonora ao fundo: piano no bordel, vozes barganhando
uma informação difícil. Agora silêncio; silêncio eletrônico,
produzido no sintetizador que antes construiu a ameaça das asas
batendo freneticamente.
(...)|1|
A linguagem mostra uma cena de forma fragmentada, com confusão de sentidos. A visão é muito íntima e o poema não está na forma tradicional, apresentando versos sem métrica ou rimas.
Já no poema “primeira lição”, do livro Cenas de abril (1979), a autora disserta sobre os gêneros poéticos.
Os gêneros de poesia são: lírico, satírico, didático, épico, ligeiro.
O gênero lírico compreende o lirismo.
Lirismo é a tradução de um sentimento subjetivo, sincero e pessoal.
É a linguagem do coração, do amor.
O lirismo é assim denominado porque em outros tempos os versos sentimentais eram declamados ao som da lira.
O lirismo pode ser:
a) Elegíaco, quando trata de assuntos tristes, quase sempre a morte.
b) Bucólico, quando versa sobre assuntos campestres.
c) Erótico, quando versa sobre o amor.
O lirismo elegíaco compreende a elegia, a nênia, a endecha, o epitáfio e o epicédio.
Elegia é uma poesia que trata de assuntos tristes.
Nênia é uma poesia em homenagem a uma pessoa morta.
Era declamada junto à fogueira onde o cadáver era incinerado.
Endecha é uma poesia que revela as dores do coração.
Epitáfio é um pequeno verso gravado em pedras tumulares.
Epicédio é uma poesia onde o poeta relata a vida de uma pessoa morta.|2|
Ana Cristina usa uma linguagem informal e não acadêmica para fazer um texto metalinguístico, ou seja, faz uma poesia falando sobre poesia. Mais uma vez, não segue as formas tradicionais.
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Veja, a seguir, algumas frases de Ana Cristina Cesar, retiradas de seu livro A teus pés:
Notas
|1| CESAR, A. C. A Teus Pés. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
|2| CESAR, A. C. cenas de abril [1979]. In: Poética. 1. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.
O substantivo desempenha distintas funções sintáticas, tais como: sujeito, objeto direto, objeto indireto, etc
As palavras sessão, seção e cessão são homófonas heterográficas, entenda.
Foi um dos principais autores realistas do século XIX, e uma de suas obras mais famosas é o romance O idiota.
A literatura africana em língua portuguesa é dividida em três fases: colonização, pré-independência e pós-independência.
Consistem nas figuras de linguagem em que há o emprego de palavras com um sentido conotativo ou figurado