Miguel Torga

Por Warley Souza

Miguel Torga é um escritor lusitano cujas obras são marcadas pelo lirismo e pela sondagem psicológica, e estão relacionadas com a segunda fase do Modernismo português.

Miguel Torga.
Miguel Torga é um representante do Modernismo português.[1]

Miguel Torga é um escritor lusitano. Ele nasceu na vila de São Martinho de Anta, em Portugal, no dia 12 de agosto de 1907. Mais tarde, trabalhou em uma fazenda no Brasil, onde viveu por cinco anos, depois se formou em Medicina na Universidade de Coimbra, profissão que exerceu durante décadas.

O autor, que faleceu em 17 de janeiro de 1995, em Coimbra, é integrante da segunda fase do Modernismo português (Presencismo). Seus textos apresentam elementos autobiográficos, análise psicológica, denúncia de problemas sociais e telurismo. Torga recebeu vários prêmios, como o famoso prêmio Camões.

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Resumo sobre Miguel Torga

  • O autor português Miguel Torga nasceu em 1907 e faleceu em 1995.

  • Além de escritor, exerceu a profissão de médico durante muitos anos de sua vida.

  • As obras do poeta estão inseridas na segunda fase do Modernismo português.

  • A sondagem psicológica, a tragicidade e o telurismo são marcantes em seus textos.

  • Torga é autor de livros como Poemas ibéricos, Bichos e Vindima.

Biografia de Miguel Torga

Miguel Torga (Adolfo Correia Rocha) nasceu em 12 de agosto de 1907, na vila de São Martinho de Anta, em Portugal. Filho de pais camponeses, iniciou seus estudos em uma escola da vila, em 1913. Sem recursos financeiros para continuar os estudos, em 1917, foi trabalhar na casa de uma família na cidade do Porto.

No ano seguinte, conseguiu uma vaga no seminário na cidade de Lamego. Nessa instituição, o escritor permaneceu durante um ano, o suficiente para perder a fé e abandonar o seminário. Assim, em 1920, se mudou para o Brasil para trabalhar na fazenda de Santa Cruz, em Minas Gerais, de propriedade de seu tio paterno, onde permaneceu por cinco anos.

Em Minas Gerais, estudou no ginásio Leopoldinense, em 1924, na cidade de Leopoldina. No ano seguinte, retornou a Portugal, onde terminou os estudos em Coimbra, custeados pelo seu tio que morava no Brasil. Assim, em 1928, ingressou na Universidade de Coimbra, no curso de Medicina.

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Nesse ano, publicou seu primeiro livro — Ansiedade. Em 1929, começou a publicar textos na famosa revista literária Presença. Mas, em 1930, se mostrou descontente com os rumos dessa revista e fundou, como o escritor Branquinho da Fonseca (1905-1974), a revista Sinal, de curta duração.

Em 1933, terminou o curso de Medicina e passou a trabalhar em São Martinho de Anta. Ao publicar o livro A terceira voz, em 1934, utilizou pela primeira vez o pseudônimo Miguel Torga. Nesse mesmo ano, se mudou para Vila Nova. Já em 1936, com Albano Nogueira, criou a revista Manifesto.

Conheceu Itália, França, Bélgica e Suíça no final do ano de 1937. No ano seguinte, concluiu sua especialidade em otorrinolaringologia na Universidade de Coimbra. E conheceu sua futura esposa Andrée Crabbé (1917-2003). Em 1939, passou a trabalhar como otorrinolaringologista em Leiria.

Placa em homenagem a Miguel Torga.
Além de poeta, Miguel Torga também era médico.[2]

Durante a ditadura portuguesa, seu livro O quarto dia da criação do mundo foi apreendido, no final de 1939, quando foi decretada a prisão de seu autor. De Leiria, foi transferido para uma prisão em Lisboa. Mas conseguiu a liberdade em fevereiro de 1940. Em julho desse ano, se casou com Andrée Crabbé.

O casal foi viver em Coimbra, no ano de 1941. E o poeta continuou sob a mira do Estado, de forma que, em 1948, as autoridades lhe negaram um passaporte para sair do país. Já em 1949, fez parte da campanha para a candidatura à presidência do general Norton de Matos.

Finalmente, em 1950, conseguiu permissão para viajar, com a esposa, à França, Itália e Espanha. Já em 1953, conheceu a Grécia e a Turquia. No ano seguinte, voltou à Espanha e, no Brasil, participou do Congresso Internacional de Escritores. Em 1956, a censura proibiu seu livro Sinfonia, um poema dramático em quatro atos, publicado em 1947.

Viajou, em 1958, para Andorra, Bélgica, França, Espanha e Holanda. Novamente, em 1960, um livro seu — Diário VIII — foi apreendido pela censura. Já em 1969, recusou o Prêmio Nacional de Literatura, pois tal prêmio estava atrelado ao regime fascista que comandava Portugal. Em agosto de 1970, fez nova viagem, agora à Alemanha, além de Itália.

No ano de 1973, conheceu Angola e Moçambique. Com o fim da ditadura, em 1974, esteve presente no primeiro comício do Partido Socialista, em Coimbra. Em 1977, conheceu a Inglaterra. Em 1984, o México. E, em 1987, Macau, Hong Kong e Índia. O escritor fechou seu consultório médico em 1992. E faleceu cerca de três anos depois, em 17 de janeiro de 1995, em Coimbra.

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Características da obra de Miguel Torga

Miguel Torga é um autor da segunda fase do Modernismo português, também conhecida como Presencismo. De forma geral, suas obras apresentam as seguintes características:

  • introspecção;

  • sondagem psicológica;

  • questionamento existencial;

  • nacionalismo;

  • contenção sentimental;

  • realismo;

  • elementos trágicos;

  • lirismo;

  • visão humanista;

  • caráter autobiográfico;

  • crítica sociopolítica;

  • destaque para espaços campesinos;

  • telurismo;

  • regionalismo;

  • universalismo;

  • reflexão acerca da religião;

  • denúncia de problemas sociais;

  • recorrente temática da morte.

Obras de Miguel Torga

Folha em capa do livro Contos da montanha, de Miguel Torga.
Capa do livro Contos da montanha, de Miguel Torga, publicado pela editora Dom Quixote, do grupo editorial Leya.[3]

Poesia de Miguel Torga

  • Ansiedade (1928).

  • Rampa (1930).

  • Abismo (1931).

  • O outro livro de Job (1936).

  • Lamentação (1943).

  • Libertação (1944).

  • Odes (1946).

  • Nihil sibi (1948).

  • Alguns ibéricos (1952).

  • Penas do purgatório (1954).

  • Orfeu rebelde (1958).

  • Câmara ardente (1962).

  • Poemas ibéricos (1965).

Peças de teatro de Miguel Torga

  • Terra firme (1941).

  • Mar (1941).

  • Sinfonia (1947).

  • O paraíso (1949).

Prosa de Miguel Torga

  • Pão ázimo (1931).

  • A terceira voz (1934).

  • Os dois primeiros dias (1937).

  • O terceiro dia da criação do mundo (1938).

  • O quarto dia da criação do mundo (1939).

  • Bichos (1940).

  • Contos da montanha (1941).

  • Diário I (1941).

  • Rua (1942).

  • O senhor Ventura (1943).

  • Diário II (1943).

  • Novos contos da montanha (1944).

  • Vindima (1945).

  • Diário III (1946).

  • Diário IV (1949).

  • Pedras lavradas (1951).

  • Diário V (1951).

  • Diário VI (1953).

  • Diário VII (1956).

  • Diário VIII (1959).

  • O quinto dia da criação do mundo (1974).

  • O sesto dia da criação do mundo (1981).

  • Fábula de fábulas (1982).

  • Diário: volumes IX a XVI (1999).

Ensaios de Miguel Torga

  • Portugal (1950).

  • Traço de união (1955).

  • Fogo preso (1976).

  • Ensaios e discursos (2001).

Saiba mais: Cinco fragmentos da poesia de Miguel Torga

Prêmios e homenagens recebidos por Miguel Torga

  • Prêmio Almeida Garrett (1954).

  • Prêmio Diário de Notícias (1969).

  • Prêmio Internacional de Poesia (1976) — Bélgica.

  • Medalha de Honra da Associação Internacional de Reitores (1978).

  • Prêmio Morgado de Mateus (1980).

  • Prêmio Montaigne (1981) — Alemanha.

  • Prêmio Camões (1989).

  • Oficial da Ordem das Artes e Letras (1989) — França.

  • Prêmio Vida Literária (1992).

  • Prêmio Figura do Ano (1992).

  • Prêmio Écureil de Literatura Estrangeira (1992) — França.

  • Prêmio da Crítica (1993).

Créditos das imagens

[1] Wikimedia Commons

[2] Wikimedia Commons

[3] Editora Dom Quixote/ Grupo Leya (reprodução)

Fontes

ESPAÇO MIGUEL TORGA. Miguel Torga: vida e obra. Disponível em: https://www.espacomigueltorga.pt/p70-miguel-torga-vida-e-obra-pt.

LUCENA, Karine Braga de Queiroz. De sertões revestidos de magia e tragédia: representações da infância em contos de Guimarães Rosa e Miguel Torga. Raído, Dourados, v. 10, n. 22, 2016.

MENDES, Karla Renata. Navegando em mares lusitanos: Cecília Meireles e os poetas novos de Portugal. Raído, Dourados, v. 10, n. 22, 2016.    

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