Linguagem verbal e não verbal
Linguagem verbal e linguagem não verbal são diferentes tipos de linguagem. A verbal usa palavras na forma oral ou escrita. A não verbal usa elementos imagéticos ou sonoros.
Por Mariana Carvalho Machado Cortes

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Linguagem verbal e linguagem não verbal são diferentes tipos de linguagem. A linguagem verbal consiste na representação de ideias por meio da palavra oral ou escrita. A linguagem não verbal consiste na representação de ideias por meio de signos visuais e sonoros. Se um texto utiliza ambas, trata-se de linguagem mista.
Enquanto a linguagem verbal forma seu sentido de forma linear e com um tempo maior, a linguagem não verbal pode apresentar o seu texto de maneira linear ou imediata, de maneira que a experiência com esse tipo de texto pode ocorrer em diferentes tempos e espaços.
Leia também: Quais são as funções da linguagem?
Resumo sobre linguagem verbal e sobre linguagem não verbal
- Linguagem verbal e linguagem não verbal são diferentes tipos de linguagem.
- A linguagem verbal consiste na representação do texto por meio da palavra falada ou escrita.
- A linguagem não verbal consiste na representação de textos por meios de elementos imagéticos ou sonoros.
- A linguagem mista consiste em um texto em que há a união entre os elementos da linguagem verbal e não verbal.
- A tirinha e o anúncio publicitário são exemplos típicos da linguagem mista.
- São exemplos da linguagem verbal a poesia e a crônica.
- São exemplos da linguagem não verbal a pintura, a música instrumental e frames de filmes sem diálogo.
O que é linguagem verbal e linguagem não verbal?
Linguagem verbal e linguagem não verbal são diferentes tipos de linguagem. A linguagem verbal é aquela que utiliza a língua verbal escrita ou falada para a elaboração de seu texto. São exemplos de linguagem verbal o artigo científico, o conto e a crônica. A linguagem não verbal utiliza elementos que não pertencem à língua escrita ou falada para a elaboração de seu texto. Este pode ser formado por imagens, por cores, por sons ou pelo movimento corporal, por exemplo. Alguns exemplos de linguagem não verbal são a dança, a pintura ou a música instrumental.
O que é linguagem mista?
A linguagem mista é o tipo de linguagem que é constituído por elementos verbais e não verbais, que se complementam para a formação do sentido do texto. Um exemplo típico dessa linguagem é a tirinha.

Na tirinha, as expressões faciais das personagens e os elementos que aparecem no cenário de fundo complementam o sentido do texto. Isso ocorre especialmente no último quadrinho, em que a expressão de decepção do personagem e a fala da criança contribuem para a criação do humor estabelecido na tirinha.
Além disso, as expressões de orgulho e as imagens do pensamento do herói, reafirmado pela sua fala, no segundo quadrinho contribuem para a formação da expectativa que será quebrada posteriormente. Assim, as linguagens verbal e não verbal combinadas no texto compõem o tom humorístico da tirinha.
Outro uso recorrente da linguagem mista ocorre nos anúncios. O uso da linguagem não verbal aliada à verbal facilita a rapidez na transmissão da mensagem, uma vez que uma imagem unida a uma frase pode passar a ideia do anúncio de maneira eficaz e quase imediata.

A linguagem verbal utilizada com letras grandes e uma fonte vermelha demonstra a urgência implícita na mensagem. A linguagem não verbal elucida o “risco” mencionado na frase e causa impacto ao demonstrar a consequência de responder uma mensagem de celular enquanto se dirige. Com poucas palavras e com uma imagem impactante, então, o anúncio já passa a ideia e exerce o seu poder de convencimento do leitor. As legendas menores servem para acrescentar ou esclarecer informações importantes no anúncio. O uso das logos das instituições associadas serve para mostrar o remetente do anúncio.
Usos da linguagem verbal e da linguagem não verbal
→ Exemplos da linguagem verbal
A linguagem verbal é o uso mais comum e típico quando falamos sobre textos, uma vez que são utilizadas palavras para a sua elaboração. O gênero em que o uso das palavras é explorado de maneira criativa e estética é o poema.
Soneto de Fidelidade
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Vinicius de Moraes
O poema de Vinicius de Moraes mostra, por meio de palavras contraditórias, o sentimento conflituoso que o amor pode promover no ser humano. Palavras como “riso” e “pranto”, “pesar” e “contentamento” demonstram como um relacionamento pode passar por momentos de alegria e de tristeza.
A sonoridade dos poemas ocorre devido às rimas e ao número de sílabas métricas organizados nos versos. No final do soneto, o autor explora a ideia de intensidade do amor, mesmo que durável, por meio de expressões contraditórias que evidenciam a sua complexidade. Dessa forma, as palavras foram utilizadas na poesia de maneira a explorar seus sentidos, sua sonoridade e seu ritmo.
A crônica também é um gênero que utiliza a linguagem verbal, mas, nesse caso, é organizada em prosa e reflete sobre um tema universal ou cotidiano.
Das vantagens de ser bobo
O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar no mundo.
O bobo é capaz de ficar sentado, quase sem se mexer por duas horas. Se perguntando por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando."
Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a ideia.
O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não veem.
Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os veem como simples pessoas humanas.
O bobo ganha liberdade e sabedoria para viver.
O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski.
Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era de que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro.
Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranquilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado.
O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo nem nota que venceu.
Aviso: não confundir bobos com burros.
Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre frase: "Até tu, Brutus?"
Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!
Os bobos, com suas palhaçadas, devem estar todos no céu.
Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.
O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos.
Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos.
Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham vida.
Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem.
Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em Minas!
Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas.
É quase impossível evitar excesso de amor que um bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo.
Clarice Lispector
A crônica de Clarice Lispector desenvolve uma argumentação sobre as vantagens de ser bobo. Para isso, o texto desconstrói e reelabora o conceito que normalmente as pessoas têm sobre uma pessoa boba. Para ilustrar o seu pensamento, há referências intertextuais, cotidianas e factuais.
Além disso, o uso das figuras de linguagem contribui para dar beleza e encantamento ao conceito de bobo desenvolvido no texto. Isso ocorre já no primeiro parágrafo do texto, quando diz que o bobo “tem tempo para ver, ouvir e tocar no mundo” para falar sobre a sua habilidade de perceber e experienciar o mundo de forma única.
→ Exemplos da linguagem não verbal
Acerca da linguagem não verbal, os elementos que os constituem comunicam a mensagem de outras formas dentro do texto.

A pintura Room in the New York, de Edward Hopper, como muitas das suas obras, ilustra a solidão das pessoas na vida urbana americana. Apesar de haver dois sujeitos em uma mesma sala. A distância entre eles, a posição corporal e os olhares desencontrados mostram o caráter solitário que a cidade pode passar para os seus habitantes.
Muitas vezes, inclusive, os personagens das pinturas eram ilustrados dentro de suas casas e de seus quartos, de maneira a demonstrar a solidão na intimidade dos cidadãos. Além disso, não há precisão em seus rostos, uma vez que não há intenção de individualizar as pessoas retratadas na pintura. Suas faces são retratadas sob sombras.
Assim, é possível perceber que cada escolha nos traços das imagens expressa um sentido sobre o panorama de Nova Iorque no início do século XX. A linguagem não verbal imagética também se manifesta na fotografia.

A fotografia de Nikola Tesla é um exemplo de como a fotografia também é uma forma de linguagem, uma vez que apresenta mecanismos que comunicam sentidos para o leitor. Na imagem, o que aparece em primeiro plano é a grande invenção de Nikola Tesla: uma máquina de corrente alternada. Tal feito foi uma importante contribuição para os avanços da energia elétrica.
Colocar a máquina em primeiro plano evidencia a sua importância para a história e, portanto, a sua grandiosidade e o fascínio que ela promovia, uma vez que, muitas vezes, o cientista apresentava seus feitos para o público de forma dramática de modo a impressioná-lo.
Nikola Tesla aparece na imagem em segundo plano e em menor tamanho, ressaltando o contraste entre a pequenez humana e os grandiosos feitos que ela pode fazer. Assim, enquadramentos e angulações foram essenciais nessa fotografia para contribuir com a transmissão da sua mensagem.
Acesse também: Quais são as figuras de linguagem?
Exercícios resolvidos sobre linguagem verbal e sobre linguagem não verbal
Questão 1
(Enem PPL) No texto, o uso da linguagem verbal e não verbal atende à finalidade de
A) chamar a atenção para o respeito aos sinais de trânsito.
B) informar os motoristas sobre a segurança dos usuários de ciclovias.
C) alertar sobre os perigos presentes nas vias urbanas brasileiras.
D) divulgar a distância permitida entre carros e veículos menores.
E) propor mudanças de postura por parte de motoristas no trânsito.
Resolução:
Alternativa E.
As linguagens verbal e não verbal, primeiramente, no anúncio, têm como finalidade a mudança de comportamento de seu leitor: pedir um comportamento consciente dos motoristas em relação aos ciclistas no trânsito. Isso pode ser percebido por meio da demonstração imagética da distância entre o carro e o ciclista, na parte de cima da tela, e a simulação do pensamento da mulher que representa a motorista consciente, na parte de baixo. Em relação à linguagem não verbal, esta se dá por meio das frases: “Motorista legal é motorista consciente” e “Dê preferência e mantenha uma distância segura ao ultrapassar o ciclista”.
Questão 2
(UFMT)
Em relação à linguagem verbal e não verbal do texto, analise as afirmativas.
I - A imagem do atleta em primeiro plano, imponente, musculoso, com ar de vitória enfatiza a coragem e o sucesso.
II - A expressão do olhar é pista de que o atleta pouco se importa em ser usado na propaganda como símbolo negro.
III - A expressão em inglês Just do it, escrita em branco e em tamanho maior do que a fala do atleta, e o endereço eletrônico no canto inferior esquerdo contribuem para a construção do sentido da propaganda.
Está correto o que se afirma em
A) II e III, apenas.
B) I e III, apenas.
C) II, apenas.
D) I, II e III.
Resolução:
Alternativa B.
A imagem do atleta e o seu enquadramento ressaltam a sua importância no contexto atual. A segunda afirmativa está errada, pois trata-se de uma extrapolação do texto, uma vez que isso não é colocado como questão. A terceira afirmativa está correta, pois a frase “Just do it” (“Apenas faça”) contribui para a ideia passada pelo texto de que não se pode procrastinar ou “arrumar desculpas”; há, portanto, uma valorização das ações para o sucesso pessoal.
Créditos de imagem
[1] Cadu Simões / Wikimedia Commons (reprodução)
[2] Dickenson V. Alley / Lošmi / Wikimedia Commons (reprodução)
Fontes
BOSI, Alfredo. O ser e o tempo da poesia. São Paulo, Cultrix, Ed. da Universidade de São Paulo, 1977.
BARTHES, R. Rhétorique de l´image. In: Communications, n.4. Paris: Seuil, 1964.