Classificação dos verbos

A classificação dos verbos divide essa classe gramatical em verbos regulares, irregulares, anômalos, defectivos e abundantes.

Os verbos também podem ser classificados quanto a sua transitividade, isto é, quanto a sua necessidade, ou não, de complemento para o entendimento de seu sentido. Nessa perspectiva, eles podem ser classificados em transitivos, intransitivos e bitransitivos. 

Por fim, os verbos ainda podem se classificar com base em suas funções sintáticas, como verbos de ligação, verbos auxiliares e verbos principais.

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Resumo sobre a classificação dos verbos

• Os verbos são palavras que podem indicar ações, estados e fenômenos da natureza.
• Essa classe de palavras abarca uma diversidade de classificações quanto à estrutura, transitividade e função.
• Em relação à estrutura dos verbos, eles podem ser classificados como regulares, irregulares, anômalos, defectivos e abundantes.
• Quanto à transitividade dos verbos, eles podem ser classificados como transitivos (direto e indireto), intransitivo e bitransitivo.
• Quanto à função, os verbos podem ser classificados como auxiliares, principais e de ligação.

Verbos regulares

Os verbos regulares são aqueles que não apresentam modificação no radical em suas flexões verbais. Esses verbos seguem uma mesma estrutura de flexão, como é possível verificar na tabela abaixo. Observa-se que os radicais não se modificam.

Verbos irregulares

Os verbos irregulares são aqueles que, em algumas flexões, apresentam alteração no radical. No entanto, essa variação ocorre pontualmente, de modo que há uma mescla de formas regulares e irregulares para o mesmo verbo. Na tabela abaixo, é possível notar as formas irregulares destacadas.

Verbos anômalos

Os verbos anômalos são aqueles que têm uma flexão verbal totalmente irregular, apresentando alterações extremas nos radicais do verbo. O que difere os verbos anômalos dos irregulares é, portanto, a predominância de formas divergentes. Na tabela abaixo, observa-se que os verbos “ser” e “ir” apresentam formas completamente diferentes de seu infinitivo original.

Verbos defectivos

Os verbos defectivos são aqueles que não apresentam conjugação para todas as pessoas, ou seja, não podem ser flexionados em alguns casos. Na tabela abaixo, os verbos “abolir” e “colorir” não podem ser conjugados na primeira pessoa do singular (eu).

Verbos abundantes

Os verbos abundantes são aqueles que apresentam mais de uma flexão para a mesma forma nominal. Na tabela abaixo, nota-se que os verbos “aceitar” e “pagar” aceitam duas estruturas para indicar o particípio, uma é chamada de regular, por apresentar a estrutura padrão, e outra de irregular, por apresentar modificação estrutural.

A maioria dos verbos só apresenta uma forma nominal para cada tipo, por isso aqueles que apresentam duas formas são chamados de abundantes.

Classificação dos verbos quanto à transitividade

Os verbos podem ser classificados quanto a sua transitividade, ou seja, quanto a sua necessidade ou não de complemento. Assim, eles podem ser classificados em transitivo (direto ou indireto), intransitivo e bitransitivo.

• • Transitivo direto

Os verbos transitivos diretos são aqueles que precisam de um complemento, o qual se liga ao verbo SEM o uso de preposição. Geralmente, eles respondem à pergunta “o quê?”.  Observe o exemplo abaixo:

Minha irmã leu o novo livro dessa autora.

Leu o quê? O sujeito lê ALGUMA COISA.

Observa-se que o verbo “ler” pede um complemento para seu sentido. Afirmar que “Minha irmã leu” só dá parte da informação total, daí a necessidade do complemento “o novo livro dessa autora.”. Observe que não há preposição entre verbo e complemento, por isso é classificado como direto.

• • Transitivo indireto

Os verbos transitivos indiretos são aqueles que precisam de um complemento, o qual se liga ao verbo COM o uso de preposição. Geralmente, eles respondem a perguntas como “do quê?”, “para quê?” e “com o que?”. Observe o exemplo abaixo.

Marina gosta de treinar diariamente.

Gostar DE quê? O sujeito gosta DE alguma coisa.

Observa-se que o verbo “gostar” pede um complemento com a preposição “de”. Nesse caso, além de exigir uma complementação do sentido, o verbo exige o uso do conectivo.

• • Bitransitivo

Os verbos bitransitivos são aqueles que exigem dois complementos, um direto e outro indireto. Isso significa dizer que, nesses casos, um dos complementos exige preposição enquanto o outro não.

Entregar o quê? a quem? O sujeito entrega alguma coisa A alguém.

Juliana entregou o trabalho à professora.

Nota-se, no exemplo acima, que “o trabalho” e “à professora” estão completando o sentido do verbo “entregar”. O primeiro complemento NÃO usa preposição, já o segundo utiliza a preposição “a”; ou seja, o verbo é bitransitivo porque necessita de duas complementações.

• • Intransitivo

Os verbos intransitivos são aqueles que não exigem um complemento, visto que, sozinhos, conseguem passar o sentido geral.

A filha de João nasceu hoje.

Nascer: o sujeito nasce.

Nota-se que, no exemplo acima, que o verbo “nascer” passa toda a informação principal, isto é, não exige um complemento. Nesses casos, toda informação adicional é opcional, como a marcação do tempo “hoje”, que pode estar explícita ou não na frase, sem comprometer o sentido principal.

Classificação dos verbos quanto à função

Os verbos também podem ser classificados com base em suas funções desempenhadas nas frases. Nesse caso, dividem-se em principais, auxiliares e de ligação.

• • Verbos principais

Os verbos principais são aqueles que, nas locuções verbais, expressam o sentido principal e aparecem na forma nominal do infinitivo, particípio ou gerúndio.

Pedrinho já está estudando para a prova.

No exemplo acima, a locução verbal “está estudando” apresenta o verbo “estudar” como principal, visto que ele apresenta o sentido geral. Nesse exemplo, ele está na forma nominal gerúndio.

• • Verbos auxiliares

Os verbos auxiliares são aqueles que, nas locuções verbais, fazem a flexão de número-pessoa e tempo-modo para concordar com o sujeito. Nesse caso, seu papel não é o de expressar o sentido, mas de estabelecer a relação entre verbo principal e sujeito.

Pedrinho já está estudando para a prova.

No exemplo acima, observa-se que o verbo “está” concorda com o sujeito “Pedrinho” e estabelece a relação entre ele e o verbo principal, “estudando”.

• • Verbos de ligação

Os verbos de ligação são aqueles que indicam estados do sujeito e desempenham a função de conectar o sujeito ao seu predicativo (qualidade).

Juliana é muito inteligente.

Pedro continua triste.

Nos exemplos acima, os verbos “é” e “continua” servem para indicar estados permanentes do sujeito e atribuir-lhe características, ou seja, “muito inteligente” e “triste”.

Leia também: Modos verbais — particípio, gerúndio e infinitivo

Exercícios sobre classificação dos verbos

1. (Educa) “[...] Se eu pudesse resumir essa missão em uma palavra, seria gratidão, tanto pelo apoio dos meus familiares e professores quanto pelo reconhecimento da minha habilidade de escrita”, diz Gabriel.

É FALSO afirmar que o verbo “diz” é

A) Dicendi.

B) Regular.

C) Irregular.

D) De declaração.

E) De elocução.

Comentário: A alternativa incorreta é a B, porque o verbo “dizer” é irregular, ou seja, apresenta modificações no radical em algumas flexões, como em “eu digo”.

2. (Unoesc) Conjugação verbal é a disposição de todas as formas que o verbo pode assumir ao ser flexionado de acordo com diferentes modos, tempos, pessoas, números e vozes. Para cada conjugação, existe um modelo que indica as formas que as flexões verbais devem assumir na conjugação, cujo modelo é chamado paradigma. De acordo com a relação que os verbos estabelecem com os paradigmas, eles podem ser classificados em: regulares, irregulares, defectivos e abundantes.

Identifique e assinale a alternativa em que há um verbo regular, um irregular, um defectivo, respectivamente nesta ordem.

A) saber, fazer, aprender.

B) vender, reaver, trazer.

C) ver, escrever, condoer.

D) beber, dizer, precaver.

Comentário: A alternativa correta é a D, pois o verbo “beber” é regular, o verbo “dizer” é irregular (eu digo), e o verbo “precaver” é defectivo, visto que não conjuga na primeira pessoa do singular (eu).

Fontes

BECHARA, Evanildo.  Moderna gramática portuguesa. 37. ed., rev., ampl. e atual. conforme o novo Acordo Ortográfico. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.

CEGALLA, Domingos Paschoal.  Novíssima gramática da língua portuguesa. 48. ed., atual. São Paulo: Nacional, 2018.

CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley.  Nova gramática do português contemporâneo. 7. ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2017.