Em meio ao aprendizado dos fatos linguísticos conferidos pela gramática, comumente deparamos com uma exposição um tanto quanto estereotipada por parte dos educadores. E em consequência deste procedimento, obtém-se nada menos que a famosa “decoreba” por parte dos educandos, uma vez que estes apenas internalizam uma dada informação, tornando-se incapazes de analisar um termo visto sob uma ótica contextual.
Uma situação que bem ilustra a presente afirmativa é simples, simples. Bastando para isso que recorramos ao caso do sujeito e predicado. “O sujeito vem antes do predicado”.
Ora, será mesmo que não poderá vir antes?
Atormentada a aluna estava.
E aí, como explicar a ocorrência?
Servimo-nos destes pressupostos para evidenciarmos de forma plena o tema em questão, o qual também se adequa a essa mesma situação. Muitas vezes temos a noção de que os verbos de ligação são apenas representados por “ser, estar, permanecer, ficar”. Mas, afinal, por que são assim denominados?
Diante dessa perspectiva, engajar-nos-emos rumo a mais uma descoberta, tendo como suporte o exemplo supracitado:
A aluna estava atormentada. Analisando-a, levando-se em consideração suas características sintáticas, obteríamos:
A aluna – sujeito simples
estava – verbo estar (de ligação)
atormentada – predicativo do sujeito.
Esses dois últimos termos representam o ponto-chave de nossa discussão, pois o referido verbo (estar) ocupou-se da função de ligar o sujeito a uma qualidade (atormentada) – motivo de ele assim se caracterizar. Percebeu como se torna fácil ao optarmos por uma análise mais aprofundada em detrimento a meros superficialismos?
Pois bem, ainda há outros pormenores aos quais devemos uma merecida atenção – o fato de os verbos de ligação exprimirem distintas características em relação ao sujeito. Vejamo-las, portanto:
* Estado permanente – representado pelos verbos ser, viver.
Exemplos:
Carlos é estudioso. (ele possui sempre essa característica)
Pedro vive alegre. (idem à prerrogativa anterior)
* Estado transitório – verbos estar, andar, achar-se, encontrar-se.
Ex: Minha melhor amiga encontra-se doente. (constatamos que se trata de algo momentâneo, mas que irá passar)
* Estado mutatório – verbos ficar, virar, tornar-se, fazer-se.
Ex: Mariana ficou bonita, sem ao menos percebermos. (literalmente, identificamos uma mudança advinda do próprio sujeito)
* Estado de continuidade – verbos continuar, permanecer.
Ex: Fabiana continua eufórica. (aqui, notamos que se trata de algo ininterrupto)
* Estado aparente – verbo parecer.
Você parece preocupada. (revela-se pela impressão que temos do próprio sujeito)
Observações passíveis de nota:
Como dito anteriormente, a análise contextual é de suma importância para que possamos identificar de fato qual a posição ocupada por um determinado verbo, pois, dependendo do enunciado em que se encontra inserido, pode desempenhar outra posição, diferente da convencional. Assim, temos:
* O verbo “ser” pode também ser intransitivo quando seu significado se equivaler a “realizar-se”, “ocorrer”, acompanhado sempre de um adjunto adverbial de tempo ou lugar.
Ex: A solenidade de formatura será no Central Park.
Sujeito |verbo intransitivo | adjunto adverbial de lugar
* Os verbos, ser, estar, permanecer, ficar e continuar classificar-se-ão como intransitivos quando indicarem posição do sujeito em um dado lugar.
Ex: Os candidatos permanecem na sala de provas.
Sujeito | verbo intransitivo | adjunto adverbial de lugar
* Em determinados contextos linguísticos, haverá a possibilidade de os verbos transitivos e intransitivos ocuparem o posto de verbo de ligação.
Ex: Aqui a menina vira um anjo.
aqui - adjunto adverbial de lugar
a menina – sujeito
vira – verbo transitivo direto
um anjo – objeto direto
* O predicativo do sujeito também poderá ocorrer com verbos intransitivos ou transitivos.
Ex: A aluna, atormentada, caminhava pela escola.
Sujeito |predicativo | verbo intransitivo
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