Processo de formação das palavras
Os principais processos de formação de palavras na língua portuguesa são o de derivação e o de composição. Cada um deles tem formas específicas de ocorrer para criar palavras.
Por Guilherme Viana

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Os processos de formação de palavras na língua portuguesa permitem criar palavras ou modificar as existentes para atender a diferentes contextos comunicativos. Por meio de mecanismos como derivação e composição, amplia-se o vocabulário, enriquecendo a capacidade expressiva do idioma.
Leia também: Quais são os elementos que compõem a estrutura das palavras?
Resumo sobre processos de formação de palavras
- Os principais processos de formação são a derivação e a composição.
- Os processos de formação de palavras expandem o vocabulário e a expressividade na língua portuguesa.
- A derivação acontece por meio de afixos junto ao radical da palavra original.
- Os tipos de derivação são prefixal, sufixal, parassintética, regressiva e imprópria.
- A composição acontece combinando palavras.
- Os tipos de composição são por justaposição ou por aglutinação.
- As palavras podem ser classificadas como primitivas ou derivadas e como simples ou compostas, dependendo de sua composição.
Quais são os processos de formação das palavras?
Há dois tipos de processos principais na língua portuguesa: a derivação e a composição.
→ Derivação
A derivação ocorre quando uma palavra é usada como base e recebe acréscimos ou modificações que geram novas palavras. Geralmente, mantém-se o radical da palavra original, acrescentando-se afixos, isto é, um elemento que se junta antes do radical ou após ele para formar a palavra nova. Exemplo:
livro → livreiro
Nesse caso, a partir da palavra “livro”, manteve-se o radical livr- e acrescentou-se o afixo -eiro, para formar outra palavra. Portanto, “livreiro” é uma palavra formada por derivação.
Há alguns tipos de derivação: prefixal, sufixal, parassintética, regressiva e imprópria.
- Derivação prefixal: consiste no acréscimo de um prefixo (ou seja, um afixo que aparece antes do radical) à palavra. Exemplos:
real → irreal
parece → transparece
- Derivação sufixal: forma-se uma nova palavra adicionando um sufixo (ou seja, um afixo que aparece depois do radical). Exemplos:
flor → florescer
real → realeza
- Derivação prefixal e sufixal: a palavra nova é formada quando se adiciona ao mesmo tempo um prefixo ou um sufixo. Exemplos:
feliz → infelizmente
leal → deslealdade
Nesse caso, a derivação é prefixal e sufixal ao mesmo tempo porque tanto o prefixo quanto o sufixo podem ser retirados, que ainda existiria uma outra palavra sendo formada (“infeliz” e “felizmente”; “desleal” e “lealdade”).
- Derivação parassintética: adiciona-se um prefixo e um sufixo ao mesmo tempo. Porém, diferentemente do caso anterior, nesse caso não é possível formar uma palavra sem que os dois elementos estejam nela. Exemplos:
belo → embelezar
claro → esclarecido
Veja que, nesse caso, não é possível retirar apenas o prefixo ou apenas o sufixo: ambos devem permanecer para existir uma palavra.
- Derivação regressiva: reduz-se a palavra original para criar um vocábulo. Exemplos:
fotografia → foto
motocicleta → moto
Também é comum quando um verbo forma um substantivo, já que se retira uma parte da palavra original. Exemplos:
ameaçar → ameaça
jogar → jogo
- Derivação imprópria: não há nenhuma modificação na estrutura da palavra, porém ela muda de classe gramatical, formando uma palavra diferente. Exemplo:
“Quer jantar comigo amanhã?” (verbo)
“O jantar está na mesa!” (substantivo)
No segundo caso, formou-se uma palavra nova: “jantar” enquanto substantivo, com um sentido relacionado, mas diferente de “jantar” enquanto verbo. Para sabre mais sobre derivação imprópria, clique aqui.
→ Composição
Na composição, duas ou mais palavras ou elementos são combinados para formar uma nova. Existem dois tipos principais: a composição por justaposição e a composição por aglutinação.
- Composição por justaposição: os elementos se unem sem haver alterações na sua forma original. Exemplo:
fim + de + semana = fim de semana
guarda + roupa = guarda-roupa
gira + sol = girassol
- Composição por aglutinação: há fusão entre os elementos, com pequenas perdas e modificações em partes das palavras originais. Exemplos:
água + ardente = aguardente
plano + alto = planalto
vinho + acre = vinagre
→ Videoaula sobre formação de palavras por composição
Classificação das palavras quanto ao processo de formação
As palavras podem ser classificadas de acordo com o seu respectivo processo de formação. Em primeiro caso, podem ser primitivas ou derivadas. Podem, ainda, ser simples ou compostas.
- Palavras primitivas: são aquelas que não derivam de nenhuma outra palavra.
Exemplos: pedra, flor, rua.
- Palavras derivadas: são aquelas que surgem a partir de outras palavras.
Exemplos: pedreiro, floricultura, arruaceiro.
- Palavras simples: têm apenas um radical.
Exemplos: beijo, roupa, mão.
- Palavras compostas: têm mais de um radical.
Exemplos: beija-flor, guarda-roupa, mão de obra.
Saiba mais: Como ocorre a formação de palavras por hibridismo
Exercícios resolvidos sobre processos de formação de palavras
Questão 1
No processo de derivação parassintética, qual característica é indispensável?
A) A palavra mantém o sentido sem o prefixo ou sufixo.
B) Prefixo e sufixo são essenciais juntos para formar a nova palavra.
C) As palavras se unem sem alteração estrutural.
D) Há perda de partes das palavras originais.
E) Não há mudanças na estrutura.
Resposta
Alternativa B. Na derivação parassintética, tanto o prefixo quanto o sufixo são necessários, juntos, para formar a nova palavra.
Questão 2
Classifique a palavra “arco-íris” quanto ao processo de formação:
A) Simples.
B) Composta por justaposição.
C) Derivada sufixal.
D) Primitiva.
E) Composta por aglutinação.
Resposta
Alternativa B. A palavra “arco-íris” é composta a partir das palavras “arco” e “íris”, que não sofrem alterações em sua estrutura. Portanto, é uma composição por justaposição.
Fontes
AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo: Parábola, 2021.
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 38ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2020.
CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 7ª ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2016.
GONÇALVES, João Batista Costa. A derivação regressiva em português: uma análise crítica da abordagem de Margarida Basílio. Revista de Letras, v. 18, n. 2, jul.-dez. 1996. Disponível em: http://www.periodicos.ufc.br/revletras/article/view/2056/1533