Funções do “que”
As funções do "que" nas frases são quatro: pronome relativo, advérbio, conjunção e interjeição.
Por Talliandre Matos

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As funções do "que" nas frases são quatro: pronome relativo, advérbio, conjunção e interjeição. Como cada tipo de palavra, o “que” desempenha funções sintáticas diferentes. Devido à sua flexibilidade, a expressão pode aparecer bastante no texto, e é necessário tomar atenção com o “queísmo” o qual é um vício de linguagem que refere-se ao uso excessivo e/ou incorreto do “que”.
Leia também: Quais são as funções do “se”?
Resumo sobre as funções do “que”
- As funções do "que" nas frases são quatro: pronome relativo, advérbio, conjunção e interjeição.
- Como pronome relativo, o pronome "que" retoma palavras anteriores
- Como advérbio, o "que" marca uma circunstância sobre o verbo, advérbio ou adjetivo
- Como conjunção, o "que" serve para conectar orações coordenadas ou subordinadas
- Como interjeição, o "que" indica uma emoção, como emoção ou surpresa.
- O "queísmo" é um vício de linguagem que refere-se ao uso excessivo e/ou inadequado da expressão "que" no texto
Videoaula sobre o uso da palavra “que”
Quais são as funções do “que”?
A partícula “que” pode aparecer nas frases e textos cumprindo diferentes papeis, ou seja, embora apresente a mesma escrita e sonoridade, são palavras diferentes, de classes e com funções distintas. As três classificações para o “que” são: pronome relativo, advérbio e conjunção.
→ Função do “que” como pronome relativo
Quando o “que” é um pronome relativo, ele serve para retomar um termo citado anteriormente na frase, estabelecendo uma conexão entre esse referente e uma nova informação sobre ele.
O carro que você comprou é maravilhoso!
As aulas, que já começarão semana que vem, ocorrerão no novo prédio.
→ Função do “que” como advérbio
Quando o “que” é um advérbio, ele serve para indicar a circunstância de intensidade.
Que bom!
Que lindo!
→ Função do “que” como conjunção
Quando o “que” é uma conjunção, ele serve para conectar orações coordenadas ou subordinadas. De acordo com Cegalla, os sentidos que a conjunção “que” pode apresentar são:
- Explicativa: Apressemo-nos, que chove.
- Integrante: Diga-lhe que não irei.
- Consecutiva: Tanto se esforçou que conseguiu vencer.
- Comparativa: A luz é mais rápida que o som.
- Concessiva: Alguns minutos que fossem, já seriam suficientes.
- Causal: Velho que sou, já ouço pouco.
- Final: Vendo-me à janela, fez sinal que descesse.
→ Função do “que” como interjeição
Quando o “que” é uma interjeição, ele aparece como expressão de uma emoção, como surpresa ou espanto, por exemplo.
Que?! Não acredito que ele fez isso!
O que é “queísmo”?
O “queísmo” é um vício de linguagem o qual refere-se ao uso excessivo da expressão “que” em uma frase ou texto. Tendo em vista que essa expressão pertence a mais de uma classe de palavras, é compreensível sua recorrência no texto. No entanto, em algumas situações, ela pode ser substituída por outros termos semanticamente equivalentes, evitando, com isso, uma repetição exagerada e desnecessária. Além disso, é necessário ter atenção ao uso do “que” como conjunção, pois, em alguns casos, ele deve ser antecedido por uma preposição, a qual, por vezes, é esquecida.
- Exemplos:
Gosto que você leia a história para mim.
Gosto DE que você leia a história para mim.
Quero que você pegue aquele livro que Helena comprou que eu gostaria de lê-lo.
Quero que você pegue aquele livro o qual Helena comprou, pois eu gostaria de lê-lo.
Acesse também: Quais são os principais vícios de linguagem?
Como evitar o “queísmo” na redação?
Para evitar o “queísmo”, é necessário reconhecer as diferentes funções que a expressão pode desempenhar nos textos, de modo que, na releitura, substituições possam ser realizadas, sempre que possível, visando diminuir a repetição excessiva do termo. Existem diversas formas de substituir a expressão, algumas delas são:
- Use as orações subordinadas na forma reduzida: para diminuir a repetição do “que” como conjunção, é possível usar a oração subordinada na forma reduzida, o que retira o uso do conectivo.
-
- Exemplos:
Estude para que não haja reprovações.
Estude para não haver reprovações.
A professora pediu que concluíssem as tarefas.
A professora pediu as tarefas concluídas.
- Substitua a oração subordinada por um expressão nominal: em alguns casos, é possível transformar a oração subordinada em um sintagma nominal, ou seja, uma estrutura sem verbo, logo, desobriga-se o uso da conjunção.
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- Exemplos:
O treinador quer que os treinos recomecem.
O treinador quer o recomeço dos treinos.
O gerente quer que atualizem os relatórios.
O gerente quer a atualização dos relatórios.
- Substitua o pronome relativo “que” por outra forma equivalente: é possível colocar outros pronomes relativos no lugar do “que” sem que haja prejuízo semântico para a frase.
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- Exemplos:
Pediram pelos testes que você aplicou.
Pediram pelos testes os quais você aplicou.
Exercícios resolvidos sobre funções do “que”
Questão 1
(Iban) No trecho "Percebi que muitas vezes temos respostas prontas para perguntas mal formuladas ou inexistentes", o termo "que" foi corretamente empregado. Qual é a classe gramatical desse termo no contexto apresentado?
A) Pronome relativo, retomando o antecedente "respostas prontas".
B) Interjeição, indicando surpresa em relação às respostas formuladas.
C) Conjunção integrante, introduzindo uma oração subordinada substantiva.
D) Advérbio de intensidade, reforçando o verbo "percebi".
Resolução:
Alternativa C.
A expressão “que” está conectando a oração “muitas vezes temos respostas prontas para perguntas mal formuladas ou inexistentes” ao verbo “Percebi”, completando o sentido do mesmo e cumprindo a função substantiva de objeto direto.
Questão 2
(Idesg) No trecho "Aqueles que consumiam um quarto de porção", o pronome "que" é classificado como:
A) Pronome possessivo que indica relação de posse entre as partes.
B) Pronome demonstrativo que enfatiza a ideia de quantidade mencionada.
C) Pronome relativo que retoma o termo "Aqueles" e introduz a oração subordinada adjetiva.
D) Pronome pessoal que substitui os participantes do estudo.
Resolução:
Alternativa C.
O “que” é um pronome relativo e na frase ele serve para retomar a palavra “Aqueles” e introduzir a oração subordinada adjetiva “consumiam um quarto de porção” a qual está restringindo o sentido do seu referente.
Fontes
BECHARA, Evanildo. Gramática fácil. 4.ed. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2021.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. Companhia Editora Nacional, s/d.
CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. L. Nova gramática do português contemporâneo. 5 ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008.
CUNHA, Celso. Nova gramática do português contemporâneo [recurso eletrônico]. 7.ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2017.