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Funções do “que”

As funções do "que" nas frases são quatro: pronome relativo, advérbio, conjunção e interjeição.

Por Talliandre Matos

Ilustração resumindo as funções do “que” nas frases.
A expressão “que” pode pertencer a diferentes classes de palavras e exercer diferentes funções sintáticas. (Créditos: Gabriel Franco | Português)
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As funções do "que" nas frases são quatro: pronome relativo, advérbio, conjunção e interjeição. Como cada tipo de palavra, o “que” desempenha funções sintáticas diferentes. Devido à sua flexibilidade, a expressão pode aparecer bastante no texto, e é necessário tomar atenção com o “queísmo” o qual é um vício de linguagem que refere-se ao uso excessivo e/ou incorreto do “que”.

Leia também: Quais são as funções do “se”?

Resumo sobre as funções do “que”

  • As funções do "que" nas frases são quatro: pronome relativo, advérbio, conjunção e interjeição.
  • Como pronome relativo, o pronome "que" retoma palavras anteriores
  • Como advérbio, o "que" marca uma circunstância sobre o verbo, advérbio ou adjetivo
  • Como conjunção, o "que" serve para conectar orações coordenadas ou subordinadas
  • Como interjeição, o "que" indica uma emoção, como emoção ou surpresa.
  • O "queísmo" é um vício de linguagem que refere-se ao uso excessivo e/ou inadequado da expressão "que" no texto

Videoaula sobre o uso da palavra “que”

Quais são as funções do “que”?

A partícula “que” pode aparecer nas frases e textos cumprindo diferentes papeis, ou seja, embora apresente a mesma escrita e sonoridade, são palavras diferentes, de classes e com funções distintas.  As três classificações para o “que” são: pronome relativo, advérbio e conjunção.

→ Função do “que” como pronome relativo

Quando o “que” é um pronome relativo, ele serve para retomar um termo citado anteriormente na frase, estabelecendo uma conexão entre esse referente e uma nova informação sobre ele.

O carro que você comprou é maravilhoso!

As aulas, que já começarão semana que vem, ocorrerão no novo prédio.

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→ Função do “que” como advérbio

Quando o “que” é um advérbio, ele serve para indicar a circunstância de intensidade.

Que bom!

Que lindo!

→ Função do “que” como conjunção

Quando o “que” é uma conjunção, ele serve para conectar orações coordenadas ou subordinadas. De acordo com Cegalla, os sentidos que a conjunção “que” pode apresentar são:

  • Explicativa: Apressemo-nos, que chove.
  • Integrante: Diga-lhe que não irei.
  • Consecutiva: Tanto se esforçou que conseguiu vencer.
  • Comparativa: A luz é mais rápida que o som.
  • Concessiva: Alguns minutos que fossem, já seriam suficientes.
  • Causal: Velho que sou, já ouço pouco.
  • Final: Vendo-me à janela, fez sinal que descesse.

→ Função do “que” como interjeição

Quando o “que” é uma interjeição, ele aparece como expressão de uma emoção, como surpresa ou espanto, por exemplo.

Que?! Não acredito que ele fez isso!

O que é “queísmo”?

O “queísmo” é um vício de linguagem o qual refere-se ao uso excessivo da expressão “que” em uma frase ou texto. Tendo em vista que essa expressão pertence a mais de uma classe de palavras, é compreensível sua recorrência no texto. No entanto, em algumas situações, ela pode ser substituída por outros termos semanticamente equivalentes, evitando, com isso, uma repetição exagerada e desnecessária. Além disso, é necessário ter atenção ao uso do “que” como conjunção, pois, em alguns casos, ele deve ser antecedido por uma preposição, a qual, por vezes, é esquecida.

  • Exemplos: 

Gosto que você leia a história para mim.
Gosto DE que você leia a história para mim.

Quero que você pegue aquele livro que Helena comprou que eu gostaria de lê-lo.
Quero que você pegue aquele livro o qual Helena comprou, pois eu gostaria de lê-lo.

Acesse também: Quais são os principais vícios de linguagem?

Como evitar o “queísmo” na redação?

Para evitar o “queísmo”, é necessário reconhecer as diferentes funções que a expressão pode desempenhar nos textos, de modo que, na releitura, substituições possam ser realizadas, sempre que possível, visando diminuir a repetição excessiva do termo. Existem diversas formas de substituir a expressão, algumas delas são:

  • Use as orações subordinadas na forma reduzida: para diminuir a repetição do “que” como conjunção, é possível usar a oração subordinada na forma reduzida, o que retira o uso do conectivo.
    • Exemplos:

Estude para que não haja reprovações.

Estude para não haver reprovações.

A professora pediu que concluíssem as tarefas.

A professora pediu as tarefas concluídas.

  • Substitua a oração subordinada por um expressão nominal: em alguns casos, é possível transformar a oração subordinada em um sintagma nominal, ou seja, uma estrutura sem verbo, logo, desobriga-se o uso da conjunção.
    • Exemplos:

O treinador quer que os treinos recomecem.

O treinador quer o recomeço dos treinos.

O gerente quer que atualizem os relatórios.

O gerente quer a atualização dos relatórios.

  • Substitua o pronome relativo “que” por outra forma equivalente: é possível colocar outros pronomes relativos no lugar do “que” sem que haja prejuízo semântico para a frase.
    • Exemplos:

Pediram pelos testes que você aplicou.

Pediram pelos testes os quais você aplicou.

Exercícios resolvidos sobre funções do “que”

Questão 1

(Iban) No trecho "Percebi que muitas vezes temos respostas prontas para perguntas mal formuladas ou inexistentes", o termo "que" foi corretamente empregado. Qual é a classe gramatical desse termo no contexto apresentado?

A) Pronome relativo, retomando o antecedente "respostas prontas".

B) Interjeição, indicando surpresa em relação às respostas formuladas.

C) Conjunção integrante, introduzindo uma oração subordinada substantiva.

D) Advérbio de intensidade, reforçando o verbo "percebi".

Resolução:

Alternativa C.

A expressão “que” está conectando a oração “muitas vezes temos respostas prontas para perguntas mal formuladas ou inexistentes” ao verbo “Percebi”, completando o sentido do mesmo e cumprindo a função substantiva de objeto direto.

Questão 2

(Idesg) No trecho "Aqueles que consumiam um quarto de porção", o pronome "que" é classificado como:

A) Pronome possessivo que indica relação de posse entre as partes.

B) Pronome demonstrativo que enfatiza a ideia de quantidade mencionada.

C) Pronome relativo que retoma o termo "Aqueles" e introduz a oração subordinada adjetiva.

D) Pronome pessoal que substitui os participantes do estudo.

Resolução:

Alternativa C.

O “que” é um pronome relativo e na frase ele serve para retomar a palavra “Aqueles” e introduzir a oração subordinada adjetiva “consumiam um quarto de porção” a qual está restringindo o sentido do seu referente.

Fontes

BECHARA, Evanildo. Gramática fácil. 4.ed. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2021.

CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. Companhia Editora Nacional, s/d.

CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. L. Nova gramática do português contemporâneo. 5 ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008.

CUNHA, Celso. Nova gramática do português contemporâneo [recurso eletrônico]. 7.ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2017.

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