Gonçalves de Magalhães

Por Luiza Pezzotti Pugles

Gonçalves de Magalhães (1811-1882) foi um grande escritor e diplomata. Seu livro Suspiros poéticos e saudades iniciou o romantismo no Brasil.

Retrato do autor Gonçalves de Magalhães feito pelo artista Joaquim Pedro de Sousa (1818-1878).
Retrato do autor Gonçalves de Magalhães feito pelo artista Joaquim Pedro de Sousa (1818-1878).

Gonçalves de Magalhães foi um poeta e dramaturgo da primeira geração do romantismo brasileiro. Seu livro, Suspiros poéticos e saudades, foi o marco inicial da nova escola no país.

Viveu no Brasil e na Europa e publicou diversas coleções de poesia e peças de teatro. Foi professor, diplomata e é patrono da cadeira nº 9 na Academia Brasileira de Letras. Nasceu em 1811 e faleceu em 1882.

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Resumo sobre Gonçalves de Magalhães

  • Nasceu em 1811, no Rio de Janeiro.

  • Formou-se em Medicina em 1832.

  • Publicou seu primeiro livro no mesmo ano.

  • Fez parte do Grupo de Paris.

  • Sua obra Suspiros poéticos e saudades, de 1836, iniciou o romantismo no Brasil.

  • Escreveu poesias e textos de teatro.

  • Foi professor e diplomata.

  • Ele é o patrono da cadeira nº 9 da Academia Brasileira de Letras.

  • Faleceu em 1882.

Biografia de Gonçalves de Magalhães

Domingos José Gonçalves de Magalhães nasceu no Rio de Janeiro (RJ), em 13 de agosto de 1811. Algumas informações sobre sua vida são escassas: só é sabido o nome de seu pai, Pedro Gonçalves de Magalhães Chaves, e a primeira referência acadêmica é sua entrada no curso de Medicina, em 1828, no qual se formou em 1832.

Publicou seu primeiro livro, Poesias, no mesmo ano, e foi para a Europa no ano seguinte para fazer especializações na área médica na Itália, Suíça e França. Lá, fez parte do chamado Grupo de Paris, um grupo de intelectuais brasileiros que se inspiravam na nova escola romântica que surgia naquele continente.

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Em 1836, publicou Discurso sobre a literatura no Brasil, um manifesto sobre o romantismo no país, já que a pesquisa sobre a literatura seria recorrente em sua vida. Nesse mesmo ano, surgiu sua obra mais importante, Suspiros poéticos e saudades, que iniciou o romantismo no Brasil.

Ainda em 1836, fundou a revista Niterói ao lado de Araújo Porto-Alegre e Torres Homem, também escritores. De volta ao Brasil e tido como o chefe dessa “nova escola” literária, voltou-se ao teatro e escreveu duas tragédias, Antônio José ou o poeta e a Inquisição (1838) e Olgiato (1839). Foi professor de Filosofia por pouco tempo, em 1838, no Colégio Pedro II.

O período seguinte foi marcado pela política. Foi secretário de Caxias no Maranhão e no Rio Grande do Sul de 1838 a 1841 e de 1842 a 1846. Assumiu a diplomacia em 1847: foi ministro em missão especial no Paraguai e “encarregado de negócios” em Duas Sicílias, Piemonte, Rússia e Espanha. Ainda, foi ministro na Áustria, nos Estados Unidos, na Argentina e em Santa Sé. Casou-se com Ana Amélia no mesmo ano e tiveram dois filhos (Domingos e Luís).

Teve grande influência na vida literária de Dom Pedro II até a publicação do poema A Confederação dos Tamoios, de 1857. Como tinha características classicistas, foi atacado por alguns e defendido por outros, inclusive pelo próprio imperador.

Em 1876, recebeu o título de Visconde de Araguaia. Ele é o patrono da cadeira nº 9 da Academia Brasileira de Letras, por escolha de Carlos Magalhães de Azevedo. Faleceu seis anos depois, em 10 de julho de 1882.

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Por que Gonçalves de Magalhães é importante para o romantismo?

Gonçalves de Magalhães foi essencial para o romantismo brasileiro, pois sua obra Suspiros poéticos e saudades é considerada o primeiro livro do romantismo no Brasil. Assim, ele faz parte da primeira geração romântica, muito nacionalista e sentimentalista.

Além disso, lançou Discurso sobre a literatura no Brasil, um manifesto sobre o romantismo publicado no mesmo ano. As características dessa estética foram intencionais, já que o autor estava envolto na literatura europeia, na qual o romantismo havia surgido décadas antes, em 1774.

Características da obra de Gonçalves de Magalhães

  • Temas como Deus, natureza, infância, morte e pátria

  • Metalinguagem

  • Influência árcade

  • Inovação nas temáticas

  • Desapego a formas rígidas

  • Hipérbole

  • Sentimentalismo

  • Nacionalismo

Principais obras de Gonçalves de Magalhães

Capa da obra A Confederação dos Tamoios, de Gonçalves de Magalhães, do ano de 1856.
Capa da obra A Confederação dos Tamoios, de Gonçalves de Magalhães, do ano de 1856.

Poesia de Gonçalves de Magalhães

  • Poesias (1832)

  • Suspiros poéticos e saudades (1836)

  • A Confederação dos Tamoios (1856)

  • Os mistérios (1857)

  • Urânia (1862)

  • Cânticos fúnebres (1864)

Teatro de Gonçalves de Magalhães

  • Antônio José ou o poeta e a Inquisição (1838)

  • Olgiato (1839)

Textos filosóficos de Gonçalves de Magalhães

  • Fatos do espírito humano (1858)

  • Os indígenas do Brasil perante a história (1860)

  • Opúsculos históricos e literários (1865)

  • A alma e o cérebro (1876)

  • Comentários e pensamentos (1880)

Suspiros poéticos e saudades (1836)

A obra Suspiros poéticos e saudades, publicada em 1836, na França, foi o marco inicial do romantismo brasileiro. É composta por 55 poemas, separados em duas partes: “Suspiros poéticos”, que engloba vários temas, e “Saudades”, que retrata lembranças queridas do escritor.

Ela possui características românticas porque o autor, envolto na literatura europeia, já objetivava trazer essa estética para o Brasil. Os temas do nacionalismo e da pátria também surgem nela pela então recente independência do Brasil (1822).

No poema “A poesia”, o autor exalta tal arte colocando-a como mais uma forma de perceber a divindade existente no mundo. Pode-se perceber as hipérboles nas comparações e a metalinguagem no tratamento do fazer poético:

“Um Deus existe, a Natureza o atesta;
A voz do tempo sua glória entoa,
De seus prodígios se acumula o espaço;
E esse Deus, que criou milhões de mundos,
Mal queira, num minuto,
Pode ainda criar mil mundos novos.

Os que nos leves ares esvoaçam,
Os que do vasto mar no fundo habitam,
Os que se arrastam sobre a dura terra,
E o homem que para o céu olhos eleva,
Todos humildes seu Autor adoram.

Todos te adoram, sim, meu Deus, mas como?
Este no sol te vê, na lua aquele,
Qual um touro te crê, qual um tirano;
E entre si disputando a preferência,
Todos ufanos conhecer-te julgam.

(...)

Sim, tu és como Deus, diva Poesia!
Sim, tu és como o sol!
Por toda parte Cultos te rendem de uma zona à outra;
Cada mortal te ofrece
Um culto igual à força de sua alma”|1|

no poema “A fantasia”, o autor exalta a imaginação e a própria fantasia como alegrias da existência e o que salva as lembranças:

“Para dourar a existência
Deus nos deu a fantasia;
Quadro vivo, que nos fala,
D’alma profunda harmonia.

Como um suave perfume,
Que com tudo se mistura;
Como o sol que flores cria,
E enche de vida a natura.

Como a lâmpada do templo
Nas trevas sozinha vela,
Mas se volta a luz do dia
Não se apaga, e sempre é bela.

Dos pais, do amigo na ausência,
Ela conserva a lembrança,
Aviva passados gozos,
E em nós desperta a esperança.

Por ela sonho acordado,
Subo ao céu, mil mundos gero;
Por ela às vezes dormindo
Mais feliz me considero

(...)”|2|

Notas

|1| GONÇALVES DE MAGALHÃES. Suspiros poéticos e saudades, p. 12.

|2| GONÇALVES DE MAGALHÃES. Suspiros poéticos e saudades, p. 21.  

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