José J. Veiga

Por Warley Souza

José J. Veiga nasceu em 2 de fevereiro de 1915, em Corumbá de Goiás. Mais tarde, fez faculdade de Direito no Rio de Janeiro e, nessa cidade, trabalhou na rádio Guanabara. Além disso, trabalhou na BBC de Londres, além de ser redator-chefe da revista Seleções do Reader’s Digest.

O escritor, que faleceu em 19 de setembro de 1999, no Rio de Janeiro, escreveu obras que apresentam temática regionalista e crítica social. Além disso, José J. Veiga, autor pertencente à terceira geração modernista (ou pós-modernismo), é considerado, pela crítica especializada, um dos representantes do realismo mágico ou fantástico no Brasil.

Leia também: Gabriel García Márquez – autor colombiano representante do realismo mágico

Biografia de José J. Veiga

José J. Veiga (foto de capa) — Coleção Literatura Comentada, da editora Abril.[1]
José J. Veiga (foto de capa) — Coleção Literatura Comentada, da editora Abril.[1]

José J. Veiga nasceu em 2 de fevereiro de 1915, em Corumbá de Goiás. Teve uma infância saudável, vivida no interior e com muito espaço para brincar. Além disso, a mãe do autor estimulava o filho a ler, atividade que ele realizava com prazer. Porém, ficou órfão com apenas 10 anos de idade.

Sem a mãe, ele se mudou para a capital do estado de Goiás, onde passou a ser criado pelos tios, que viviam em uma chácara. Mais tarde, em 1935, Veiga foi morar no Rio de Janeiro. Nessa cidade, ele trabalhou como radialista na rádio Guanabara, além de estudar na Faculdade Nacional de Direito. Porém, nunca exerceu a profissão.

O escritor se mudou para a Inglaterra, onde, de 1945 a 1950, trabalhou na BBC de Londres. Quando voltou ao Brasil, escreveu para O Globo, Tribuna da Imprensa e se tornou redator-chefe da revista Seleções do Reader’s Digest. Em 1959, publicou seu primeiro livro: Os cavalinhos de Platiplanto. A obra ganhou, então, o Prêmio Fábio Prado e ficou em segundo lugar no Prêmio Monteiro Lobato.

Mais tarde, em 1976, o autor ganhou o Prêmio Pen Clube do Brasil pelo livro Os pecados da tribo. Foi vencedor do Prêmio Jabuti durante três edições: 1981, 1983 e 1993. Recebeu, em 1997, o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras. Morreu em 19 de setembro de 1999, no Rio de Janeiro.

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Características da obra de José J. Veiga

José J. Veiga faz parte da terceira geração modernista (ou pós-modernismo), e suas obras apresentam traços do realismo mágico ou fantástico. Além disso, seus narradores possuem um olhar realista, sem idealizações, sobre a realidade brasileira, apesar de narrarem situações incomuns, marcadas pelo nonsense.

O regionalismo também é uma característica de suas obras, que, com irreverência, tratam de temáticas do cotidiano e realizam crítica social. No mais, a linguagem é direta, irônica e, às vezes, apresenta certo lirismo. Afinal, os relatos estão quase sempre cercados por um clima de mistério, o que pode levar à plurissignificação.

Veja também: Murilo Rubião – principal representante brasileiro do realismo mágico

Principais obras de José J. Veiga

Capa do livro Os cavalinhos de Platiplanto, de José J. Veiga, publicado pela Companhia das Letras.[2]
Capa do livro Os cavalinhos de Platiplanto, de José J. Veiga, publicado pela Companhia das Letras.[2]
  • Os cavalinhos de Platiplanto (1959)

  • A hora dos ruminantes (1966)

  • A estranha máquina extraviada (1967)

  • Sombras de reis barbudos (1972)

  • Os pecados da tribo (1976)

  • O professor Burrim e as quatro calamidades (1978)

  • De jogos e festas (1980)

  • Aquele mundo de Vasabarros (1981)

  • Torvelinho dia e noite (1985)

  • Tajá e sua gente (1986)

  • A casca da serpente (1989)

  • O risonho cavalo do príncipe (1993)

  • O relógio Belisário (1995)

  • Objetos turbulentos (1997)

Os cavalinhos de Platiplanto

Os cavalinhos de Platiplanto é um livro composto pelos seguintes contos:

  • “A Ilha dos Gatos Pingados”,

  • “A usina atrás do morro”,

  • “Os cavalinhos de Platiplanto”,

  • “Era só brincadeira”,

  • “Os do outro lado”,

  • “Fronteira”,

  • “Tia Zi rezando”,

  • “Professor Pulquério”,

  • “A Invernada do Sossego”, “

  • Roupa no coradouro”,

  • “Entre irmãos” e

  • “A espingarda do rei da Síria”.

No conto que dá título ao livro, o narrador relata que seu avô Rubém lhe prometeu um cavalinho de sua fazenda do Chove-Chuva se ele, o menino, deixasse lancetarem o seu pé, “arruinado com uma estrepada no brinquedo de pique”:

“Meu avô era um homem que sabia explicar tudo com clareza, sem ralhar e sem tirar a razão da gente. Foi ele mesmo que chamou seu Osmúsio, mas deixou que eu desse a ordem. Naturalmente eu chorei um pouco, não de dor, porque antes ele jogou bastante de lança-perfume, mas de conveniência, porque se eu mostrasse que não estava sentindo nada eles podiam rir de mim depois.”

Porém, o avô adoeceu e foi levado para longe para se tratar. Enquanto isso, o menino sonhava com o cavalinho que ia ganhar quando o avô ficasse bom e até escolheu um nome para o bicho, ele ia se chamar Zibisco. No entanto, o tio Torim se aproveitou da situação e comprou a fazenda do avô do menino, o que levou a um rompimento entre o tio e os pais do narrador.

Para complicar a situação, a mãe do menino recebeu uma carta e, logo depois, disse ao filho que “vovô não ia mais voltar”. Ele não tinha morrido, mas, segundo a mãe, “seu avô está muito mudado, meu filho”, pois ele “nem parece o mesmo homem”. Assim, o menino entendeu que não ganharia o cavalinho.

A partir daí, a história envereda pelo caminho do realismo mágico ou fantástico, pois o narrador diz que foi à fazenda de um tal major, aonde “a gente chegava lá indo por uma ponte, mas não era ponte de atravessar, era de subir”. Depois, ele encontrou um “menino que tinha medo de tocar bandolim”.

Por fim, a música que esse menino decidiu tocar, segundo o narrador, “me ergueu do chão e num instante me levou para o outro lado do morro”. Então, o major lhe mostrou os cavalinhos “de todas as cores, pouco maiores do que um bezerro pequeno”, que deram um empolgante espetáculo.

A felicidade do menino, no entanto, não durou muito, pois, de acordo com o major, os cavalinhos não podiam sair dali, pois eles “só existem aqui em Platiplanto”. Então, o menino, que devia ter caído no sono em algum lugar, acordou em sua cama, o que indica que tudo foi um sonho. Assim, Platiplanto se revela como um lugar de refúgio, isto é, de fuga da realidade.

Veja também: Sagarana – livro de contos regionalistas de Guimarães Rosa

Frases de José J. Veiga

A seguir, vamos ler algumas frases de José J. Veiga, retiradas de seu livro A hora dos ruminantes:

  • “Quem está em posição mais alta, e armado de chicote, leva vantagem.”

  • “Amizade é uma estrada de ida e vinda.”

  • “O que vale não é o que um diz, é o que o resto vê.”

  • “Foi um tempo difícil aquele para os puros, os ingênuos, os de boa memória.”

  • “Desaprovar em silêncio é pouco menos do que aprovar.”

  • “Brigar dá trabalho, e na maioria das vezes não paga a pena.”

  • “Em muitos casos, vencer briga não é melhor do que perder.”

  • “Hoje em dia não é preciso dever para temer.”

  • “Pau é pau, ferro é ferro; e gente é gente.”

Créditos das imagens

[1] Editora Abril (reprodução)

[2] Companhia das Letras (reprodução) 

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