Gabriel García Márquez é um escritor colombiano, vencedor do prêmio Nobel de Literatura, que nasceu em 06 de março de 1927 e faleceu em 17 de abril de 2014. Quando criança, o autor teve muita dificuldade para aprender a ler. Mas, quando descobriu A metamorfose, de Franz Kafka, encontrou também o próprio destino: a escrita. Gabo, como foi apelidado, começou a estudar Direito, mas não concluiu o curso, vendeu enciclopédias, foi jornalista e teve grande sucesso como escritor.
Suas obras possuem características do realismo mágico, fantástico ou maravilhoso. A mais conhecida é Cem anos de solidão, que conta as histórias de habitantes da fictícia Macondo, espaço narrativo presente em outros textos do autor. Além dessa, ele também escreveu outras obras memoráveis, como Crônica de uma morte anunciada e O amor nos tempos do cólera. Todas elas, como bem diria Gabo, fazem parte dos “exércitos nem sempre pacíficos da literatura”.
Leia também: José Saramago – autor português que também conquistou o Nobel de Literatura
Gabriel García Márquez nasceu em 06 de março de 1927, na Colômbia, e, dos dois aos oito anos de idade, foi criado por seus avós maternos. Em 1931, teve sua primeira experiência com o cinema, seu avô o levou para ver um filme de vampiros. Em 1934, começou a estudar na escola Montessori. E, em 1935, com muita dificuldade, aprendeu a ler. Na adolescência, leu A metamorfose (1915), de Franz Kafka (1883-1924), que o inspirou a ser escritor.
Gabo, como era chamado, ingressou na Faculdade de Direito da Universidade Nacional da Colômbia em 1947. Não terminou o curso e preferiu dedicar-se ao jornalismo. Porém, em 1952, ganhou a vida como vendedor de enciclopédias. Publicou seu primeiro livro — A revoada — em 1955. Nos quatro anos seguintes, morou em Genebra, Roma e Paris. Na França, passou por dificuldades econômicas e escreveu a novela Ninguém escreve ao coronel.
Em 1958, mudou-se para a Venezuela e exerceu o jornalismo. Mais tarde, decidiu fixar residência no México, onde trabalhou com publicidade e também escreveu seu primeiro roteiro para o cinema. Mas seu grande sucesso literário só surgiu em 1967, com a publicação de Cem anos de solidão. A partir daí, o autor teve uma carreira literária de muito sucesso. E morreu em 17 de abril de 2014, no México.
O escritor recebeu, em vida, os seguintes prêmios e homenagens:
Primeiro lugar no concurso da Associação de Escritores e Artistas (1955)
Prêmio ESSO de romance colombiano, para O veneno da madrugada (1961)
Doutor honoris causa pela Universidade de Columbia, em Nova Iorque (1971)
Prêmio Rómulo Gallegos por Cem Anos de solidão (1972)
Medalha da Legião de Honra Francesa, em Paris (1981)
Condecoração Águia Asteca, no México (1982)
Prêmio Nobel de Literatura (1982)
Prêmio de quarenta anos do Círculo de Jornalistas de Bogotá (1985)
Membro honorário do Instituto Caro y Cuervo, em Bogotá (1993)
As obras de Gabriel García Márquez possuem características da corrente literária conhecida como realismo mágico, fantástico ou maravilhoso. Seus livros de ficção apresentam elementos mágicos ou fantásticos; distantes, portanto, do realismo objetivo.
Desse modo, evidenciam a deformação da realidade por meio de coisas ou fatos estranhos. No entanto, parte da crítica costuma diferenciar o realismo mágico ou fantástico do realismo maravilhoso. Assim, esse último não apresentaria o estranhamento do personagem diante da realidade fantástica.
De maneira geral, o realismo mágico, fantástico ou maravilhoso é assim caracterizado:
Falta de sentido lógico.
Situações absurdas.
Fatos que contrariam as leis naturais.
Acontecimentos sem explicação.
Capacidade de provocar estranhamento nos leitores.
Mistério.
Leia também: Conto fantástico – narrativas curtas que exploram elementos inverossímeis
A revoada (1955).
Ninguém escreve ao coronel (1961).
O veneno da madrugada (1962).
Os funerais da mamãe grande (1962).
Cem anos de solidão (1967).
Relato de um náufrago (1970).
A incrível e triste história de Cândida Erêndira e sua avó desalmada (1972).
Olhos de cão azul (1972).
O outono do patriarca (1975).
Crônica de uma morte anunciada (1981).
O amor nos tempos do cólera (1985).
O general em seu labirinto (1989).
Doze contos peregrinos (1992).
Do amor e outros demônios (1994).
Notícia de um sequestro (1996).
Memória de minhas putas tristes (2004).
Eu não vim fazer um discurso (2010).
O romance O amor nos tempos do cólera é um dos mais conhecidos de Gabriel García Márquez, inclusive possui uma adaptação para o cinema, com interpretações de Javier Bardem e Fernanda Montenegro.
O livro conta a história de Florentino Ariza e Fermina Daza, protagonistas de um amor que não se realiza na juventude. No entanto, mais de cinquenta anos depois, quando morre o doutor Juvenal Urbino, marido de Fermina, após o velório, Florentino reafirma a sua paixão:
“— Fermina — disse — esperei esta ocasião durante mais de meio século, para lhe repetir uma vez mais o juramento de minha fidelidade eterna e meu amor para sempre”.
A partir daí, a narrativa descortina os fatos precedentes, a vida dos protagonistas desde a juventude, quando Florentino apaixona-se por Fermina. A princípio, o namoro dos jovens realiza-se por meio de inúmeras cartas. Durante esse período, Florentino demonstra sintomas do cólera, um elemento mágico, fantástico ou maravilhoso, pois o médico que o atende chega à seguinte conclusão:
“Bastou ao médico um interrogatório insidioso, primeiro a ele e depois à mãe, para comprovar uma vez mais que os sintomas do amor são os mesmos do cólera”.
Esse namoro por correspondência perdura por dois anos:
“Iam completar-se dois anos de correios frenéticos quando Florentino Ariza, em carta de um só parágrafo, fez a Fermina Daza a proposta formal de casamento. Nos seis meses anteriores lhe havia enviado várias vezes uma camélia branca, mas ela a devolvia na carta seguinte, para que ele não duvidasse de que estava disposta a continuar escrevendo mas sem a gravidade de um compromisso.”
O resultado é infeliz, pois o pai de Fermina opõe-se ao casamento, e ela acaba casando-se com o doutor Juvenal Urbino, a quem Florentino sente-se inferior. Porém, ele entrega-se à obsessão e à espera:
“No dia em que Florentino Ariza viu Fermina Daza no adro da catedral, grávida de seis meses e com pleno domínio de sua nova condição de mulher do mundo, tomou a decisão feroz de ganhar nome e fortuna para merecê-la. Sequer perdeu tempo em pensar no inconveniente de ser ela casada, porque ao mesmo tempo resolveu, como se dependesse dele, que o doutor Juvenal Urbino tinha que morrer. Não sabia quando nem como, mas estabeleceu como inelutável o acontecimento, que estava resolvido a esperar sem pressas nem arrebatamentos, ainda que fosse até o fim dos séculos.”
Assim, Florentino empenha-se em seu relacionamento com o tio, Leão XII, de quem pretende receber a herança. E, após a morte de Juvenal Urbino, Florentino busca reconquistar sua amada. Ela e ele, então, voltam a namorar por meio de cartas. A obra, portanto, é uma história de amor que atravessa décadas, imersa em espera, conflitos e desilusões.
Veja também: Memórias póstumas de Brás Cubas – romance narrado por um defunto autor
A seguir, vamos ler algumas frases de Gabriel García Márquez, retiradas de prólogos que o escritor escreveu para alguns livros ou de discursos que ele proferiu:
“Para muitos latino-americanos, talvez o exílio já seja a pátria.”
“Dizem que, depois dos trinta anos, cada homem tem a cara que merece.”
“Nem agora nem antes, escrevo para ser famoso, mas para que meus amigos me amem mais.”
“Na arte da fotografia, uma só andorinha costuma fazer todo o verão.”
“A única criatura mítica que a América Latina produziu foi o ditador.”
“Sinto-me capaz de alistar vocês nos exércitos nem sempre pacíficos da literatura.”
“O mais importante da vida: a cultura.”
“Minha impressão é que o tráfico de drogas é um problema que escapou das mãos da humanidade.”
“Que, do berço até a tumba, cada um possa viver e fazer só o que gosta.”
“A educação privada, boa ou má, é a forma mais eficaz de discriminação social.”1
Nota
Traduções, do espanhol para o português, de Warley Souza.
Créditos das imagens
[1] Gorup de Besanez / Commons
[2] Record Editorial (reprodução)
O substantivo desempenha distintas funções sintáticas, tais como: sujeito, objeto direto, objeto indireto, etc
As palavras sessão, seção e cessão são homófonas heterográficas, entenda.
Foi um dos principais autores realistas do século XIX, e uma de suas obras mais famosas é o romance O idiota.
A literatura africana em língua portuguesa é dividida em três fases: colonização, pré-independência e pós-independência.
Consistem nas figuras de linguagem em que há o emprego de palavras com um sentido conotativo ou figurado