Que ou quê? “Que” e “quê” são termos que têm usos diferentes dependendo de sua classificação gramatical e de sua posição na frase. Enquanto “que” é átono, “quê” é tônico.
Que ou quê? Ambos os termos são gramaticalmente corretos. O termo “que” pode ser classificado como pronome, conjunção, advérbio, partícula expletiva, e preposição. Já “quê”, além de ser empregado apenas em final de oração, pode ser classificado como interjeição ou substantivo. Assim, as duas formas estão corretas, mas possuem contextos de usos diferentes.
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O português é uma língua muito rica e versátil, e isso pode ser provado com base na palavra “que”. Ela possui inúmeras classificações e desempenha diversas funções a depender do contexto, do item ao qual se refere ou de sua posição na frase. Existem duas versões da palavra “que”: a átona (que) e a tônica (quê). Esta última é usada em casos bem específicos.
O termo “que” é um monossílabo átono porque, em muitos momentos, soa como [ki]. Por outro lado, “quê” é sempre pronunciado como [ke], o que faz dele um monossílabo tônico. Para ficar mais claro, observe estes exemplos.
Entre as muitas possibilidades, o “que” pode introduzir um questionamento, ligar informações de orações distintas, retomar um termo mencionado anteriormente, intensificar uma característica ou realçar um enunciado. Dessa maneira, o termo “que” pode ser classificado como pronome (interrogativo, indefinido e relativo), conjunção (coordenativa ou subordinativa), advérbio de intensidade, partícula expletiva (ou de realce), e preposição.
A palavra “quê” (a forma tônica de “que”) pode ser usada para exprimir espanto ou admiração, para substituir termos como “alguma coisa”, bem como em finais de frases. Sendo assim, “quê” pode ser classificado como interjeição ou substantivo masculino.
O termo “que” é utilizado nos enunciados como advérbio, conjunção, preposição, pronome e partícula expletiva.
No papel de advérbio, “que” intensifica o sentido do adjetivo ou do advérbio. Veja os exemplos:
No papel de conjunção, “que” pode relacionar tanto orações coordenadas (independentes) como orações subordinadas (dependentes). Veja os exemplos:
No papel de preposição, “que” liga dois verbos que compõem uma locução verbal. Veja os exemplos:
No papel de pronome, “que” pode ser interrogativo, sendo empregado em perguntas diretas ou indiretas semelhantemente a “qual” ou “qual coisa”; indefinido, sendo acompanhado de um substantivo e, às vezes, equivalendo a “quanto(a)”; e relativo, sendo utilizado de maneira a retomar um elemento da oração anterior, assim como “o(a) qual” e as demais flexões do termo. Veja os exemplos:
No papel de partícula expletiva, é usado como força expressiva, apenas para dar realce, podendo também assumir a forma “é que”. Veja os exemplos:
O termo “quê” é utilizado em interjeições, em situações nas quais se apresenta como substantivo masculino ou em finais de frases, interrogativas ou não.
Como interjeição, “quê” indica espanto, surpresa, admiração, raiva etc., e vem sempre seguido de ponto exclamativo. Veja os exemplos:
Como substantivo, pode flexionar em número (quê; quês), vem sempre acompanhado de um determinante (a exemplo de um artigo, uma preposição ou um pronome), e seu sentido é similar ao do termo “alguma coisa”. Veja os exemplos:
Como último item da frase, “quê” pode ser seguido de ponto interrogativo, de ponto exclamativo ou de ponto-final. Veja os exemplos:
É preciso ter atenção quanto às reticências, pois elas nem sempre marcam o fim de uma frase. Às vezes, são apenas uma pausa que ocorre no meio do enunciado, como em:
Ela disse que... Que não voltaria mais.
Importante: Observe que, nos exemplos anteriores, também fica clara a razão de existirem as formas “porquê” e “por quê”, com o acento tônico. No caso dos “porquês”, aplica-se a mesma regra de acentuação: “porquê” é utilizado como substantivo, em substituição ao termo “motivo”; e “por quê” é empregado no fim das orações, antes do ponto de interrogação ou do ponto-final, em substituição a “por qual motivo”. Exemplos:
Veja também: Como fazer o uso correto dos quatro porquês?
Questão 1
Preencha as lacunas das citações com as formas corretas de “que” e “quê”.
A) “Não é o primeiro ____ me promete alguma coisa, replicou, e não sei se será o último ____ não me fará nada. E para ____? Eu nada peço, a não ser dinheiro [...].” (Machado de Assis)
B) “____ lembrança darei ao país ____ me deu tudo ____ lembro e sei, tudo quanto senti?” (Carlos Drummond de Andrade)
C) “Liberdade é pouco. O ____ desejo ainda não tem nome.” (Clarice Lispector)
D) “Como tudo, as palavras têm os seus ____, os seus comos e os seus por____.” (José Saramago)
Resolução:
A) que - que - quê
B) Que - que - que
C) que
D) quês - [por]quês
Questão 2
Marque a alternativa INCORRETA quanto ao uso de “que” ou “quê”.
A) — Muito obrigado! — Não há de quê.
B) Esse instrumento serve para que? Medir a temperatura do ambiente?
C) O quê?! Eles fizeram isso mesmo?
D) É possível que os resultados cresçam ainda mais no semestre que vem.
Resolução:
Alternativa B
Em fim de frase, usa-se a forma tônica “quê”.
Fontes
BECHARA, Evanildo; MAHMUD, Shahira. Novo dicionário de dúvidas da língua portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2018.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de dificuldades da língua portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro: Lexicon, 2012.
PESTANA, Fernando. A gramática para concursos públicos. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. (Série Provas e Concursos).
ROCHA LIMA, Carlos Henrique da. Gramática normativa da língua portuguesa. 49. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2011.
TERRA, Ernani. Curso prático de gramática. 6. ed. São Paulo: Scipione, 2011.
O substantivo desempenha distintas funções sintáticas, tais como: sujeito, objeto direto, objeto indireto, etc
As palavras sessão, seção e cessão são homófonas heterográficas, entenda.
Foi um dos principais autores realistas do século XIX, e uma de suas obras mais famosas é o romance O idiota.
A literatura africana em língua portuguesa é dividida em três fases: colonização, pré-independência e pós-independência.
Consistem nas figuras de linguagem em que há o emprego de palavras com um sentido conotativo ou figurado