Eça de Queirós

Por Warley Souza

Eça de Queirós foi um escritor português do século XIX pertencente ao Realismo, estilo de época antirromântico. Um de seus livros mais famosos é o romance “O primo Basílio”.

Eça de Queirós, em 1873.
Eça de Queirós, em 1873.

Eça de Queirós nasceu em 25 de novembro de 1845, em Póvoa do Varzim, Portugal. Ele fez faculdade de Direito, exerceu a advocacia, atuou como cônsul e se tornou um dos mais famosos escritores portugueses. Devido à sua carreira diplomática, morou em Cuba, Inglaterra e França.

O romancista, que faleceu em 16 de agosto de 1900, em Paris, escreveu obras pertencentes ao Realismo. Seus livros, portanto, apresentam antirromantismo, objetividade e uma análise crítica da sociedade portuguesa do século XIX. Essas características estão presentes também em seu romance O primo Basílio, uma de suas obras mais famosas.

Saiba também: Parnasianismo — o movimento literário contemporâneo ao Realismo

Resumo sobre Eça de Queirós

  • O autor Eça de Queirós nasceu em 1845 e faleceu em 1900.

  • Além de escritor, foi advogado e também cônsul.

  • Ele é um dos principais nomes do Realismo português.

  • Suas obras apresentam crítica à burguesia e análise psicológica.

  • Um de seus romances mais conhecidos é O primo Basílio.

Videoaula sobre Eça de Queirós

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Biografia de Eça de Queirós

Eça de Queirós nasceu em 25 de novembro de 1845, em Póvoa do Varzim, cidade portuguesa. Ele era filho de José Maria de Almeida Teixeira de Queirós (1820–1901). O pai do escritor não era casado com sua mãe, a portuguesa Carolina Augusta Pereira de Eça (1826–1908).

Assim, sua criação foi responsabilidade de sua ama de leite e madrinha, Ana Joaquina Leal de Barros. Em 1855, Eça de Queirós passou a estudar no colégio da Lapa, na cidade do Porto. Em 1861, ingressou na faculdade de Direito, em Coimbra. Quando terminou o curso universitário, em 1866, decidiu morar em Lisboa, na casa dos pais, que se casaram quatro anos depois do nascimento do escritor.

Em 1866, passou a escrever para o jornal Gazeta de Portugal e, no fim do ano, foi para Évora, onde atuou como advogado e dirigiu o jornal Distrito de Évora. Mas, em 1867, regressou a Lisboa. Dois anos depois, conheceu a Palestina, Síria e Egito. Em 1870, recebeu nomeação para o cargo de administrador do concelho de Leiria.

No ano de 1872, tomou posse do cargo de cônsul em Havana. No ano seguinte, viajou ao Canadá, Estados Unidos e América Central, após pedir uma licença ao Ministério dos Negócios Estrangeiros. Mas, em 1874, passou a atuar no consulado de Newcastle upon Tyne, na Inglaterra, e, em 1878, no consulado de Bristol. No ano de 1880, começou a escrever para o jornal Gazeta de Notícias, do Rio de Janeiro.

Três anos depois, em 1883, se tornou sócio-correspondente da Academia Real das Ciências. Já em 1885, ficou noivo de Emília de Castro (1857–1934), e os dois se casaram no ano seguinte. Dois anos depois, foram morar na França, pois Eça foi nomeado cônsul em Paris.

Mas o autor continuou escrevendo e publicando seus textos. Até que, em 1897, por ordem médica, passou um tempo em Plombières. Mais tarde, em 1900, foi para o sul da França, também por motivo de saúde. O escritor morreu em 16 de agosto de 1900, em Paris.

Características das obras de Eça de Queirós

Eça de Queirós foi um autor do Realismo português. Assim, suas obras apresentam estas características:

  • perspectiva antirromântica;

  • realismo social;

  • linguagem objetiva;

  • descrição detalhada;

  • crítica de costumes;

  • análise da sociedade;

  • crítica à burguesia;

  • análise psicológica;

  • temática do adultério.

Leia também: Memórias póstumas de Brás Cubas — obra característica do Realismo brasileiro

Obras de Eça de Queirós

  • O mistério da estrada de Sintra (1870)

  • O crime do Padre Amaro (1875)

  • A tragédia da Rua das Flores (1878)

  • O primo Basílio (1878)

  • O mandarim (1880)

  • A relíquia (1887)

  • Os Maias (1888)

  • Uma campanha alegre (1891)

  • A correspondência de Fradique Mendes (1900)

  • Dicionário de milagres (1900)

  • A ilustre casa de Ramires (1900)

  • A cidade e as serras (1901)

  • Contos (1902)

  • Prosas bárbaras (1903)

  • Cartas de Inglaterra (1905)

  • Ecos de Paris (1905)

  • Cartas familiares e bilhetes de Paris (1907)

  • Notas contemporâneas (1909)

  • Últimas páginas (1912)

  • A capital (1925)

  • O conde de Abranhos (1925)

  • Alves & Companhia (1925)

  • Correspondência (1925)

  • O Egito (1926)

  • Cartas inéditas de Fradique Mendes (1929)

Análise da obra O primo Basílio, de Eça de Queirós

Capa do livro “O primo Basílio”, de Eça de Queirós, publicado pela editora Moderna. [1]
Capa do livro “O primo Basílio”, de Eça de Queirós, publicado pela editora Moderna. [1]

O primo Basílio conta a história de Luísa, que tem um caso extraconjugal com um primo, chamado Basílio. Ela se envolve com ele porque busca experimentar a ilusão do amor romântico. Luísa deseja, ardentemente, viver com ele uma história de amor como a dos romances:

E Luísa tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido; sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo conduzia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!|1|

Porém, a realidade logo se mostra mais forte do que a idealização. Basílio não passa de um aproveitador, egoísta e irresponsável. E, para complicar, a empregada de Luísa, Juliana, ao descobrir a traição, começa a chantageá-la. Assim, o narrador mostra a realidade da classe burguesa lisbonense do século XIX.

Os dois homens de Luísa apresentam personalidades opostas. Jorge, seu esposo, é um engenheiro de minas. Ele é sério, porém um homem comum. Já Basílio é sedutor, mau caráter, hedonista e capaz de despertar a paixão. A imatura Luísa, em vez de ouvir a razão, acaba se entregando ao desejo e paga um preço alto por isso.

Juliana transforma a vida da patroa em um inferno, pois está em poder de cartas comprometedoras entre os amantes. Desse modo, Luísa é humilhada por Juliana, uma mulher ambiciosa e rancorosa. Quando consegue se ver livre da chantagista, Luísa fica seriamente doente.

Nesse romance realista, o narrador de Eça de Queirós faz uma crítica ao Romantismo, pois mostra como são os relacionamentos amorosos na vida real. Também deixa claro que a família burguesa está longe da perfeição pretendida pelos românticos e demonstra que o final feliz é apenas uma mentira folhetinesca.

Videoaula sobre a análise literária da obra A Relíquia, de Eça de Queirós

Frases de Eça de Queirós

A seguir, vamos ler algumas frases de Eça de Queirós, retiradas de suas obras O mandarim, O primo Basílio e Os Maias:

  • “Céu e inferno são concepções sociais para uso da plebe.”

  • “Com um compadre no bairro, e uma comadre mística nas Alturas ― o destino do bacharel está seguro.”

  • “Só os começos são bons.”

  • “Chafurdo por necessidade, como político: e troço por gosto, como artista!”

  • “Falha-se sempre na realidade aquela vida que se planeou com a imaginação.”

  • “O primeiro dever do homem é viver.”

Nota

|1| QUEIRÓS, Eça de. O primo Basílio. Disponível aqui. Acesso em: 21 fev. 2022.

Crédito de imagem

[1] Editora Moderna (reprodução)  

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