Colocação pronominal

A colocação pronominal refere-se à posição do pronome oblíquo átono em relação ao verbo nas orações. Pode ser próclise (antes), ênclise (depois) ou mesóclise (no meio).

Por Mariana Carvalho Machado Cortes

Quadros com exemplos dos três casos de colocação pronominal: próclise, mesóclise e ênclise.

Colocação pronominal é o nome que se dá à parte da gramática que trata da posição do pronome oblíquo átono em relação ao verbo. Se o pronome estiver antes do verbo, sua colocação será chamada de próclise; se estiver depois do verbo, de ênclise; e se estiver no meio do verbo, mais especificamente entre o radical e as desinências, de mesóclise. Cada posição tem regras específicas morfossintaticamente baseadas que a tornam obrigatória.

Leia também: Pronomes oblíquos tônico e átonos — quais são e qual a diferença?

Resumo sobre colocação pronominal

  • A colocação pronominal refere-se à posição do pronome oblíquo átono em relação ao verbo.
  • Quando o pronome está antes do verbo, a posição se chama próclise; depois do verbo, ênclise; no meio do verbo, entre o radical e as desinências, chama-se mesóclise.
  • A próclise é obrigatória quando há os seguintes fatores de atração:
    • palavras de sentido negativo, advérbios, conjunções, pronomes relativos, pronomes indefinidos ou pronomes interrogativos antes do verbo;
    • combinação de “em” + gerúndio;
    • em orações exclamativas e optativas.
  • A mesóclise é obrigatória quando o verbo está no futuro do presente ou no futuro do pretérito.
  • A ênclise é obrigatória quando aparece no início da frase ou logo após uma pausa e quando o verbo está no imperativo, no infinitivo ou no gerúndio.
  • Se a frase não se aplica a nenhuma regra, a colocação pronominal se torna facultativa entre a próclise e a ênclise.
  • Nas locuções verbais, as regras são:
    • Se o verbo principal estiver no particípio, o pronome fica depois do verbo auxiliar.
    • Se houver fator de atração, o pronome fica antes da locução verbal.
    • Se o verbo principal estiver no infinitivo ou no gerúndio, o pronome pode ficar no meio ou depois da locução verbal.
    • Se houver palavra atrativa, pode ficar antes ou depois da locução verbal.

Videoaula sobre colocação pronominal

O que é colocação pronominal?

A colocação pronominal se trata da disposição dos pronomes oblíquos átonos em relação aos verbos. Ela obedece a uma variedade de fatores fonéticos, lógicos, estilísticos, estéticos e históricos que, às vezes, se entreajudam e, às vezes, se contrapõem. Dependendo da estrutura da frase, o pronome pode estar:

  • antes do verbo, o que chamamos de próclise;
  • no meio do verbo (entre o radical e as desinências), o que chamamos de mesóclise; e
  • depois do verbo, o que chamamos de ênclise.

Regras da colocação pronominal

→ Próclise (antes do verbo)

A colocação do pronome oblíquo átono antes do verbo é obrigatória quando há fatores de atração, que ocorrem nos seguintes casos:

  • Quando há palavra de sentido negativo antes do verbo.

Ela não o visita constantemente.

  • Quando há um advérbio antes do verbo.

Ela sempre o visita.

Espero que me perdoem pelo meu comportamento.

  • Quando há pronomes relativos antes do verbo.

Ali estavam duas que se conheceram ao acaso.

Ninguém lhe deu ouvidos.

  • Quando há pronomes interrogativos antes do verbo.

Quem te falou que eu não vinha?

  • Quando o pronome está entre a preposição “em” e o verbo no gerúndio.

Em se tratando do tema em questão, não temos que nos preocupar.

  • Em orações exclamativas ou optativas (que exprimem desejo).

Deus te ajude!

→ Mesóclise (no meio do verbo)

A mesóclise é obrigatória quando:

  • O pronome está associado a um verbo no futuro do presente:

Afastar-se-á de mim quando souber a verdade.

  • O pronome está associado a um verbo no futuro do pretérito:

Afastar-se-ia de mim quando soubesse a verdade.

→ Ênclise (depois do verbo)

A ênclise é obrigatória nos seguintes casos:

  • Verbo no início da oração:

Empresta-me seus utensílios?

  • Quando há uma pausa antes do verbo:

Na noite passada, dei-lhe um presente.

  • Verbo no imperativo afirmativo:

Calem-se todos!

  • Verbo no infinitivo impessoal:

Machucar-te não era minha intenção.

Estava com as joias, ostentando-as para todos.

Veja também: Quais são os complementos verbais?

Como saber se a colocação pronominal está correta?

Para saber se a colocação pronominal está correta, é necessário observar o seguinte:

  • Em primeiro lugar, verificar as regras que tornam a próclise, a ênclise ou a mesóclise obrigatórias.
  • Se, na frase, não há um caso obrigatório de próclise, ênclise ou mesóclise, a colocação pronominal é facultativa entre a próclise e a ênclise, uma vez que a mesóclise só pode ser utilizada em verbos no futuro do presente ou no futuro do pretérito.
  • Se houver mais de uma regra que se aplique à frase, a prioridade a ser respeitada, respectivamente, é: regras da próclise, da mesóclise e da ênclise.
Em primeiro lugar, consideramos as regras da colocação pronominal. (Créditos: Gabriel Franco | Português).

Colocação pronominal nas locuções verbais

  • Casos em que o verbo principal estiver no particípio:
    • Em casos gerais, o pronome oblíquo virá depois do verbo auxiliar.

Haviam-me convidado para a festa.

    • Se houver palavra atrativa, o pronome oblíquo virá antes do verbo auxiliar.

 Não me haviam convidado para a festa.

  • Casos em que o verbo principal estiver no gerúndio ou no infinitivo:
    • O pronome oblíquo virá depois do verbo auxiliar, antes ou depois do verbo principal.

Devo-te confessar os meus segredos.

Devo te confessar os meus segredos.

Devo confessar-te os meus segredos.

    • Se houver palavra atrativa, o pronome pode ser colocado antes do verbo auxiliar ou depois do principal.

Não te posso falar os meus segredos

Não posso falar-te os meus segredos.

Saiba mais: Como funciona a regência verbal?

Exercícios resolvidos sobre colocação pronominal

1. Analise as alternativas abaixo e marque a alternativa que não apresenta nenhum erro de colocação pronominal.

a) Me conte a verdade, pois sei que você está mentindo.

b) Paula se fazendo de compreensiva, conquistou a confiança de todos.

c) Sempre lembrarei-me da minha primeira professora.

d) Falar-te-ei sobre os meus projetos.

e) Nunca dir-lhe-ei mentiras!

GABARITO: D.

  • A letra A está incorreta, porque, no início da frase, a ênclise é obrigatória.
  • A letra B está incorreta, porque o gerúndio faz a ênclise ser obrigatória.
  • A letra C está incorreta, pois o fator de atração “sempre” faz a próclise ser obrigatória.
  • A letra D está correta, uma vez que a mesóclise está sendo usada com o verbo no futuro do presente.
  • A letra E está incorreta, pois o advérbio “nunca” é um fator de atração, e a regra da próclise tem preferência em relação à da mesóclise.

2. No trecho “A sogra, que sempre a alertou, estava certa”, a colocação pronominal está correta de acordo com a gramática normativa. Analise as opções e identifique a justificativa correta para o uso do pronome átono em próclise neste caso.

a) A próclise é exigida pela presença da palavra atrativa “sempre”, que atrai o pronome átono para antes do verbo.

b) A próclise é opcional neste caso, podendo o pronome ser colocado antes ou depois do verbo, sem prejuízo gramatical.

c) A próclise é utilizada porque o verbo está no futuro do presente e deve ser seguido por um pronome átono.

d) A próclise é utilizada devido à presença de uma conjunção subordinativa antes do verbo, que exige essa colocação pronominal.

GABARITO: A.

  • A letra A está correta, pois “sempre” é um advérbio, portanto, um fator de atração.
  • A letra B está incorreta, pois a próclise não é opcional e sim obrigatória.
  • A letra C está incorreta, pois o verbo não está no futuro do presente e isso não tem relação com próclise, e sim com mesóclise.
  • A letra D está incorreta, pois não há conjunção subordinativa antes do verbo, e sim um advérbio.

Fontes

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 37.ed. rev. e ampl. atual. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2009.

PESTANA, Fernando. A gramática para concursos públicos. 4.ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2021.

CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 48. Ed. São Paulo: IBEP, 2009.

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