Machado de Assis

Por Warley Souza

Machado de Assis foi um importante escritor brasileiro, conhecido por publicar obras realistas. Memórias póstumas de Brás Cubas é um de seus principais romances.

Machado de Assis, em retrato de Marc Ferrez (1843-1923).
Machado de Assis, em retrato de Marc Ferrez (1843-1923).

Machado de Assis foi um famoso escritor brasileiro. Ele nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 21 de junho de 1839. Mais tarde, atuou como revisor, tradutor, além de trabalhar como funcionário público. O autor foi o introdutor do realismo na literatura brasileira ao publicar seu romance Memórias póstumas de Brás Cubas, em 1881.

O escritor, que morreu em 29 de setembro de 1908, no Rio de Janeiro, escreveu obras românticas, de caráter idealizador, as quais destacam a questão da ascensão social. No entanto, é valorizado, pela crítica literária, por sua obra realista, a qual apresenta ironia, crítica à burguesia, fluxo de consciência e análise psicológica.

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Resumo sobre Machado de Assis

  • Machado de Assis foi um romancista brasileiro, nascido no Rio de Janeiro em 1839.

  • Além de escritor, foi tradutor e funcionário público.

  • Iniciou sua carreira de escritor como autor romântico.

  • Em 1881, trouxe o realismo para o Brasil com seu romance Memórias póstumas de Brás Cubas.

  • Suas obras realistas apresentam objetividade, ironia, temática do adultério e análise psicológica.

  • Ele morreu em 1908.

Videoaula sobre Machado de Assis

Biografia de Machado de Assis

Joaquim Maria Machado de Assis nasceu na cidade do Rio de Janeiro, no dia 21 de junho de 1839. Seu pai era brasileiro; e sua mãe, açoriana. A madrinha do escritor era esposa de um senador. Em 1849, a mãe do autor — Maria Leopoldina Machado da Câmara (1812-1849) — faleceu.

O pai de Machado de Assis se casou novamente, no ano de 1854, com Maria Inês da Silva. Dois anos depois, o jovem escritor passou a trabalhar como aprendiz na Tipografia Nacional. Em 1858, começou a aprender francês e latim. Seu professor era o padre Antônio José da Silveira Sarmento.

Nesse mesmo ano, passou a trabalhar como revisor na tipografia do jornalista Paula Brito (1809-1861). Nesse ambiente, conheceu os escritores Manuel Antônio de Almeida (1831-1861) e Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882). Como os demais escritores da época, Machado também escrevia para jornais, como o Correio Mercantil.

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Em 1860, o jornalista Quintino Bocaiuva (1836-1912) o convidou para ser redator do jornal Diário do Rio de Janeiro. Nesse periódico, assinava seus textos com pseudônimos. Em 1862, assumiu o cargo de auxiliar da censura do Conservatório Dramático Brasileiro — trabalho não remunerado, que exercia como sócio do conservatório.

Seu primeiro livro de poesias — Crisálidas — foi publicado em 1864. Até então só tinha publicado peças teatrais. Já em 1865, foi um dos fundadores da sociedade literária Arcádia Fluminense. Além de escritor, Machado de Assis fez traduções, tais como a d’Os trabalhadores do mar, do escritor romântico francês Victor Hugo (1802-1885), publicado no Brasil em 1866.

Foi também nesse ano que chegou ao Rio de Janeiro a sua futura esposa, a portuguesa Carolina Augusta Xavier de Novais (1835-1904). Em 1867, ele se tornou cavaleiro da Ordem da Rosa e assumiu o cargo de auxiliar do diretor do Diário Oficial. Dois anos depois, casou-se com Carolina, casamento que duraria até a morte dela, em 1904, e não deixaria filhos.

Seu primeiro romanceRessurreição — foi publicado em 1872. No ano seguinte, começou a trabalhar como funcionário público na Secretaria de Estado do Ministério da Agricultura, Comércio e Ordens Públicas. Já em 1881, publicou sua obra mais elogiada, o romance Memórias póstumas de Brás Cubas, introdutor do realismo no Brasil.

O título de oficial da Ordem da Rosa veio em 1888. Anos depois, em 1897, tornou-se o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras. Em 1904, ficou viúvo. Faleceu quatro anos depois, em 29 de setembro de 1908, no Rio de Janeiro. Foi sepultado no cemitério de São João Batista.

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Principais características das obras de Machado de Assis

Machado de Assis entrou para a história da literatura brasileira como autor de obras realistas. Assim, a fase realista de Machado de Assis apresenta as seguintes características:

  • visão antirromântica;

  • linguagem objetiva;

  • ironia;

  • crítica à burguesia;

  • foco na corrupção humana;

  • crítica de costumes;

  • personagens hipócritas e interesseiros;

  • análise psicológica;

  • monólogo interior;

  • temática do adultério.

Contudo, no início de sua carreira, Machado de Assis escreveu obras românticas, com estes elementos:

  • idealização amorosa;

  • caráter subjetivo;

  • mulher idealizada;

  • destaque para a ascensão social;

  • caráter irônico.

Quais as principais obras de Machado de Assis?

  • Hoje avental, amanhã luva (1860)

  • Desencantos (1861)

  • O caminho da porta (1863)

  • O protocolo (1863)

  • Crisálidas (1864)

  • Quase ministro (1864)

  • As forcas caudinas (1865)

  • Os deuses de casaca (1866)

  • Contos fluminenses (1870)

  • Falenas (1870)

  • Ressurreição (1872)

  • Histórias da meia-noite (1873)

  • A mão e a luva (1874)

  • Americanas (1875)

  • Helena (1876)

  • Iaiá Garcia (1878)

  • Ocidentais (1880)

  • Tu, só tu, puro amor (1881)

  • Memórias póstumas de Brás Cubas (1881)

  • Papéis avulsos (1882)

  • Histórias sem data (1884)

  • Casa velha (1885)

  • Quincas Borba (1891)

  • Várias histórias (1896)

  • Não consultes médico (1896)

  • Dom Casmurro (1899)

  • Páginas recolhidas (1899)

  • Esaú e Jacó (1904)

  • Relíquias de casa velha (1906)

  • Lição de botânica (1906)

  • Memorial de Aires (1908)

Análise da obra Memórias póstumas de Brás Cubas

Capa do livro Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, publicado pela editora Antofágica.
Capa do livro Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, publicado pela editora Antofágica.[1]

Memórias póstumas de Brás Cubas é o romance machadiano mais apreciado pela crítica. Com essa obra, Machado de Assis trouxe o estilo realista para a literatura brasileira. Publicado, pela primeira vez, em 1881, o livro não apresenta apenas realismo social como também traços de realismo fantástico.

O caráter fantástico do romance reside em seu narrador e protagonista ser um defunto. Isso mesmo, Brás Cubas é um membro da elite burguesa carioca do século XIX que, após sua morte, decide escrever suas memórias. Nesse irônico romance, a classe burguesa é alvo de crítica.

Após sua morte, no ano de 1869, Brás Cubas relata sua existência desde a infância. Foi um menino sem limites e malvado. Na sociedade escravagista em que vivia, tinha sob seu poder o pequeno Prudêncio, menino escravizado e alvo de sua crueldade. Mais tarde, apaixonou-se por Marcela, a qual estava interessada apenas em seu dinheiro.

O pai, para afastar o filho da moça, decidiu mandá-lo para a Europa. Estudante medíocre em Portugal, o jovem Brás Cubas gastava o dinheiro do pai na boemia. Mesmo assim, conseguiu um diploma, considerado um símbolo de status para a burguesia da época. De volta ao Brasil, conheceu Virgília.

Virgília acabou se casando com Lobo Neves. Brás Cubas e ela então se tornaram amantes. Quando o romance chegou ao fim, já quarentão, o protagonista planejou se casar com uma jovem chamada Eulália, a qual faleceu antes do casamento. Sem grandes talentos, Brás Cubas teve uma vida de fracassos.

Tentou comercializar o emplasto Brás Cubas, mas não teve sucesso. Por vaidade, envolveu-se com política e foi eleito deputado. Por fim, sua vida era fundada em futilidades, egoísmo e falsas aparências. Desse modo, a sua classe social é retratada, no romance, como vazia, pouco instruída, opressora e hipócrita, assim como o defunto Brás Cubas.

Videoaula sobre a obra Memórias póstumas de Brás Cubas

Importância de Machado de Assis

No campo literário, Machado de Assis é o principal autor da literatura brasileira, conhecido no mundo inteiro. Ele foi o introdutor do realismo no Brasil, com seu romance Memórias póstumas de Brás Cubas. Em suas obras, ele mostrou o Brasil por um olhar irônico e sem idealizações. Foi também um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras.

No aspecto social e cultural, ele é representante de duas minorias, já que nasceu pobre e negro. Desse modo, o maior escritor brasileiro é negro, portanto, é fonte de inspiração para diversos meninos que, como ele, enfrentam todos os dias os preconceitos de raça e de classe. Apesar das dificuldades, esse escritor mostrou seu valor no campo intelectual e artístico.

Legado e homenagens a Machado de Assis

O romancista, poeta, contista, cronista e dramaturgo brasileiro Machado de Assis deixou como legado diversas obras, entre romances, contos, crônicas, poemas e peças teatrais. Em sua fase realista, esse autor nos deu livros como Memórias póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba e Dom Casmurro, seus três principais romances.

Ele é conhecido pela sua visão irônica da realidade brasileira, além de escrever sobre temas universais, como a corrupção e a hipocrisia. Desse modo, fez com que a literatura brasileira fosse celebrada em outros países, pois sua obra atravessou fronteiras. E se tornou também um modelo para autores e autoras brasileiras.

Portanto, esse escritor é parte intrínseca de nossa cultura, de forma que mesmo quem ainda não o leu já ouviu falar o seu nome. Ele foi valorizado ainda em vida e também depois de sua morte, com vários artigos científicos, dissertações de mestrado e teses de doutorado escritos sobre sua obra.

A partir de 1941, a Academia Brasileira de Letras passou a ser também chamada de A Casa de Machado de Assis. A lei 11.522, de 2007, instituiu o ano de 2008 como Ano Nacional Machado de Assis. Já em 2017, Machado de Assis se tornou herói da pátria por meio da lei nº 13.558.

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Frases de Machado de Assis

A seguir, vamos ler algumas frases de Machado de Assis retiradas dos livros Memórias póstumas de Brás Cubas e Quincas Borba:

  • “Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas Memórias Póstumas.”

  • “Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.”

  • “Há nas coisas todas certa substância recôndita e idêntica, um princípio único, universal, eterno, comum, indivisível e indestrutível.”

  • “O universo é o homem.”

  • “Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas.”

  • “Tão certo é que a paisagem depende do ponto de vista, e que o melhor modo de apreciar o chicote é ter-lhe o cabo na mão.”

  • “A cara ficou séria, porque a morte é séria.”

Créditos da imagem

[1]Editora Antofágica (reprodução)

Fontes

ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura: tempos, leitores e leituras. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2021.

ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. Machado de Assis: biografia. Disponível em: https://www.academia.org.br/academicos/machado-de-assis/biografia.

MACHADO DE ASSIS. Cronologia. In: MACHADO DE ASSIS. Crônicas escolhidas. Seleção, introdução e notas de John Gledson. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. p. 322-330.

MEC. Machado de Assis: vida e obra. Disponível em: http://machado.mec.gov.br/.   

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