Fiódor Dostoiévski

Por Warley Souza

Fiódor Dostoiévski foi um conhecido escritor russo. Foi um dos principais autores realistas do século XIX, e uma de suas obras mais famosas é o romance O idiota.

Retrato de Fiódor Dostoiévski, em 1860.
Retrato de Fiódor Dostoiévski, em 1860.

Fiódor Dostoiévski foi um famoso escritor russo. Ele nasceu em 11 de novembro de 1821, na cidade de Moscou. Mais tarde, por fazer oposição ao czarismo, cumpriu pena de quatro anos de trabalhos forçados, mas isso não impediu que se tornasse um dos mais importantes escritores de seu tempo.

O autor faleceu em 09 de fevereiro de 1881, em São Petersburgo. Foi um dos principais escritores realistas da Rússia. Suas obras apresentam profundidade filosófica e recorrem ao monólogo interior para a análise psicológica dos personagens. É o que podemos ver em um de seus livros mais conhecidos, o romance O idiota.

Leia também: Gustave Flaubert — o principal representante francês do realismo

Resumo sobre Fiódor Dostoiévski

  • O autor Fiódor Dostoiévski nasceu em 1821 e faleceu em 1881.

  • Além de escritor, também foi chefe de redação de um jornal.

  • Seus romances fazem parte do realismo russo.

  • A análise psicológica é uma das principais características de seus livros.

  • O romance O idiota é uma das obras mais famosas desse autor.

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Biografia de Fiódor Dostoiévski

O autor russo Fiódor Dostoiévski nasceu na cidade de Moscou, em 11 de novembro de 1821. Seu pai, o médico Mikhail Andreevich Dostoiévski (1788-1839), trabalhava no hospital Mariinsky para os pobres. Já sua mãe, Maria Fiodorovna Nechaeva (1800-1837), era filha de um comerciante.

O irmão mais velho do escritor se chamava Mikhail, e os dois ingressaram no internato de Leonty Ivanovich Chermak em 1834. Três anos depois, ficaram órfãos de mãe. Nesse ano de 1837, os irmãos Dostoiévski foram viver em São Petersburgo, e, no ano seguinte, em 1839, o autor passou a estudar na Academia Militar de Engenharia.

No ano de 1839, o pai foi assassinado pelos servos na pequena propriedade da família no distrito de Kashir. Já em 1844, o romancista renunciou à carreira militar para se dedicar à escrita literária. No ano seguinte, seu nome já começava a circular no meio literário de São Petersburgo.

O autor fazia parte do círculo de Petrachévski, um grupo de intelectuais descontentes com o czarismo. Por isso, foi preso em 1849 e condenado à morte. Porém, momentos antes do cumprimento da sentença, teve a pena capital transformada em prisão com trabalhos forçados.

Foi enviado para a Sibéria, onde cumpriu pena de quatro anos na fortaleza de Omsk, e, depois, foi obrigado a se alistar como soldado, serviço cumprido nos próximos quatro anos. Já casado, voltou a viver em São Petersburgo em 1859. Em 1862, fez sua primeira viagem à Europa, onde permaneceu durante quase três meses.

Dois anos depois, ficou viúvo. No mesmo ano, perdeu seu irmão mais velho, que deixou suas dívidas para serem pagas por Dostoiévski. Em 1867, ele se casou pela segunda vez. O casal se mudou para a Europa, onde viveu durante mais ou menos quatro anos. De volta à Rússia, o escritor assumiu a chefia da redação do jornal conservador O Cidadão.

A morte do autor ocorreu em 09 de fevereiro de 1881, em São Petersburgo, devido a problemas de saúde agravados pelas crises de epilepsia que o atormentaram durante muito tempo. Elas tiveram início durante o cumprimento de sua pena e se agravaram com o decorrer dos anos.

Características da obra de Fiódor Dostoiévski

As obras do escritor realista Fiódor Dostoiévski apresentam crítica social e política, por meio de uma visão conservadora e nacionalista do autor. Como típico escritor russo, Dostoiévski era prolixo e apreciava a descrição, mas o que tornou suas obras especiais foi seu caráter filosófico.

Os personagens de Dostoiévski são, em maioria, indivíduos marginalizados e contraditórios, descritos sem nenhuma idealização. Para tornar seus romances ainda mais realistas, o autor recorreu ao fluxo de consciência e à análise psicológica de seus personagens.

Com uma linguagem objetiva, o romancista tratou de temas como:

  • crime;

  • degradação;

  • opressão;

  • insanidade;

  • morte;

  • liberdade;

  • religião.

Veja também: O que é o realismo fantástico?

Principais obras de Fiódor Dostoiévski

  • Gente pobre (1846) — romance

  • O duplo (1846) — romance

  • Senhor Prokhartchin (1846) — conto

  • Romance em nove cartas (1847) — conto

  • A senhoria (1847) — novela

  • Noites brancas (1848) — novela

  • Coração fraco (1848) — conto

  • O ladrão honrado (1848) — conto

  • Uma árvore de Natal e um casamento (1848) — conto

  • A mulher de outro e o marido debaixo da cama (1848) — conto

  • Netochka Nezvanova (1849) — romance

  • O pequeno herói (1849) — novela

  • O sonho do tio (1859) — novela

  • Aldeia de Stiepantchikov e seus habitantes (1859) — novela

  • Humilhados e ofendidos (1861) — romance

  • Recordações da casa dos mortos (1862) — romance

  • Uma história desagradável (1862) — conto

  • Notas do subterrâneo (1864) — novela

  • O crocodilo (1865) — conto

  • Crime e castigo (1866) — romance

  • O jogador (1867) — romance

  • O idiota (1869) — romance

  • O eterno marido (1870) — novela

  • Os demônios (1872) — romance

  • Bobók (1873) — conto

  • O adolescente (1875) — romance

  • Uma criatura gentil (1876) — novela

  • O Mujique Marei (1876) — conto

  • O sonho de um homem ridículo (1877) — conto

  • Os irmãos Karamazov (1881) — romance

Análise da obra O idiota, de Fiódor Dostoiévski

Capa do livro “O idiota”, de Fiódor Dostoiévski, publicado pelo Grupo Companhia das Letras.
Capa do livro O idiota, de Fiódor Dostoiévski, publicado pelo Grupo Companhia das Letras. [1]

O protagonista de O idiota, romance de 1869, é Liév Nikoláievitch Míchkin, usado pelo narrador como elemento central de uma reflexão filosófica. No início da obra, o príncipe Míchkin regressa a São Petersburgo após uma estadia em um sanatório na Suíça para tratar a sua epilepsia.

A partir daí, detalhes da personalidade do príncipe vão sendo expostos pelo narrador. Generoso, compassivo e honesto, o protagonista é um homem comum, sem nenhum traço de genialidade ou heroísmo. Aí está o ponto central da obra, já que a bondade e ingenuidade de Míchkin fazem com ele seja considerado por todos um “idiota”.

Temos, assim, um aspecto universal do romance, de forma que sua temática ainda é bastante atual, já que hoje em dia o mundo inteiro reflete sobre temas como ética e corrupção. Portanto, o que era uma crítica à sociedade russa do século XIX acabou ultrapassando as fronteiras espaciais e temporais.

Naquela sociedade, a valorização do indivíduo espertalhão se mostra bastante evidente, assim como o menosprezo pela sinceridade e bondade de pessoas como o “idiota” Míchkin. Para intensificar o debate, aparece um personagem de caráter oposto ao do protagonista.

Míchkin conhece Parfión Rogójín no trem, quando está voltando da Suíça, e iniciam uma amizade. Este personagem nutre profunda paixão pela bela Nastássia Filíppovna, que logo também seduz o ingênuo príncipe. Como plano de fundo, o cenário político da Rússia também apresenta uma oposição entre conservadores e anarquistas.

Politicamente, para não desagradar a ninguém, Míchkin fica “em cima do muro”, o que acaba incomodando personagens de ambos os lados da disputa ideológica da época. Resta ao príncipe desprezado a solidão dos incompreendidos. Afinal, a humanidade parece despreparada para valorizar a superioridade moral de Míchkin.

Leia também: George Orwell — um escritor inglês cujas obras apresentam claras posições ideológicas

Influência de Fiódor Dostoiévski

  • Na literatura:
    • André Gide (1869-1951)
    • Georges Bernanos (1888-1948)
    • William Faulkner (1897-1962)
  • Na psicanálise:

    • Sigmund Freud (1856-1939)
  • Na filosofia e na política:

    • Friedrich Nietzsche (1844-1900)
    • Jean-Paul Sartre (1905-1980)
    • Lev Shestov (1866-1938)
    • Martin Heidegger (1889-1976)
    • Mikhail Bakhtin (1895-1975)

Frases de Fiódor Dostoiévski

Vamos ler algumas frases de Fiódor Dostoiévski, retiradas de suas obras Os irmãos Karamazov, Os demônios, Notas do subterrâneo e Crime e castigo:

  • “Se Deus não existe, tudo é permitido.”

  • “O homem inventou Deus apenas para poder viver sem se matar.”

  • “O que se deve preferir: felicidade fácil ou sofrimento elevado?”

  • “Acredito que a melhor definição de homem seria: criatura bípede e ingrata.”

  • “Se o juiz fosse justo, talvez o criminoso não fosse culpado.”

  • “As pequenas coisas importam; é por meio delas que nos perdemos.”

Crédito de imagem

[1] Grupo Companhia das Letras (reprodução)

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