Romance

Por Luiza Brandino

Embora a palavra “romance” seja muitas vezes utilizada para designar uma experiência de cunho amoroso, quando se trata de literatura, sua definição é outra. O romance é a forma literária mais popular do Ocidente, desde o século XIX.

Histórias famosas da literatura clássica, como Dom Casmurro ou Guerra e paz, até best-sellers contemporâneos, como A culpa é das estrelas foram escritas na forma do romance – e não necessariamente envolvem pares amorosos. Mas, afinal, o que significa o termo “romance” para a literatura?

Leia também: Gêneros literários – quais são suas características e como são classificados?

O que é romance?

O romance é uma forma literária narrativa escrita em prosa que se popularizou na literatura ocidental durante o século XIX. Suas origens, entretanto, remetem a Dom Quixote, novela de cavalaria escrita por Miguel de Cervantes no século XIV, considerada um precursor do romance moderno.

A forma literária do romance apresenta, de maneira ficcional, a experiência social da modernidade, uma representação mais próxima da experiência individual, que possui um contexto temporal e espacial.

Antes de serem vendidos e editados em forma de livro, tal como os conhecemos agora, os romances eram publicados como folhetins: um capítulo por vez, em espaços dedicados a eles nos jornais. Isso colaborou para a popularização desse tipo de história ficcional, já que eram veiculados em meios de comunicação de grande circulação e deixavam os leitores ávidos por dar continuidade à narrativa – algo semelhante aos seriados e novelas televisivos dos dias de hoje.

Livro aberto apresentando um texto com estrutura de romance.
Livro aberto apresentando um texto com estrutura de romance.

Características do romance

  • Narrativa longa, escrita em prosa, geralmente dividida em capítulos.

  • Ambientação temporal: a narrativa deve acontecer em determinado tempo, que pode ser linear ou não linear, objetivo ou subjetivo.

  • Ambientação espacial: além do tempo, o romance é ambientado em determinado espaço, onde as ações acontecem.

  • Enredo ou trama: o romance conta uma história, que é apresentada a partir de um encadeamento de eventos – é o enredo. Muitas vezes, a história contada não é o principal componente do romance, mas sim a maneira como essa história é contada.

  • Presença de personagens, que podem ser planas ou complexas, protagonistas, antagonistas, em número variável, mas que se relacionam a partir da trama principal.

  • Gênero em constante mutação: o romance não é uma forma acabada, mas está continuamente se transformando, assim como a humanidade. É um gênero aberto aos mais variados experimentalismos, buscando novas formas de captar a atenção do leitor.

Veja também: Tipos de narrador – a importância de cada tipo na construção de uma narrativa

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Tipos e exemplos de romance

  • Romance histórico: é aquele em que as ações são ambientadas em dado período ou evento histórico. Trata-se de uma narrativa ficcional que se desdobra em determinado espaço-tempo que corresponde a um período histórico verídico. Estão ausentes as análises psicológicas aprofundadas ou críticas sociais. Exemplo: As Minas de Prata, de José de Alencar .

  • Romance regional: também conhecido como romance regionalista, diz respeito a narrativas que têm o componente do espaço intensamente caracterizado. Geralmente, trata-se de um espaço rural, ou distante dos grandes centros urbanos, cujos costumes e cultura são representadas em primeiro plano, representando a “cor local” desses espaços. Exemplo: O Gaúcho, de José de Alencar.

  • Romance de formação: narra uma história de crescimento e amadurecimento de um protagonista, ilustrando as dificuldades e percalços durante o longo caminho de formação moral, física e psicológica de um ser humano. Exemplo: O Ateneu, de Raul Pompeia.

  • Romance de ação: possui uma trama complexa e a história é centrada nos desdobramentos da ação do protagonista. Os acontecimentos se sucedem uns aos outros, frequentemente repletos de surpresas e derivações da trama principal. Um evento comum pode ter uma consequência inesperada, levando a sequências extraordinárias de ações, geralmente superadas pelo protagonista (herói) com astúcia, inteligência, força etc. Os chamados romances policiais encaixam-se nesta categoria, com a especificidade de localizarem a ação em torno de investigações criminais. Exemplo: O Guarani, de José de Alencar.

  • Romance picaresco: protagonizada por um pícaro, isto é, uma personagem de origem humilde, sem trabalho ou profissão fixa, que vive das mais diversas ocupações para garantir sua sobrevivência, muitas vezes envolvendo-se em atividades escusas ou ilícitas. O pícaro é um anti-herói, e antes de tudo um ingênuo que aprende a malandragem e a picaretagem a partir do embate direto com a realidade circundante. A narrativa se constrói a partir de vários episódios vivenciados pelo protagonista, com a característica de possuir um tom bem-humorado. Exemplo: Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antonio de Almeida.

  • Romance autorreflexivo: também chamado de metaficcional, caracteriza-se por inserir no texto colocações que dizem respeito ao próprio ato de escrevê-lo. Há uma presença ativa do leitor na construção textual e uma exposição das estruturas que compõem a narrativa. Exemplo: Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis (romance com características autorreflexivas).

  • Romance psicológico: centrado na consciência individual das personagens. Em lugar de um narrador externo e onisciente, desenvolve-se a história a partir do olhar e da interioridade de uma (ou mais) personagem. Exemplo: Angústia, de Graciliano Ramos.

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