Maya Angelou

Por Warley Souza

Maya Angelou é uma famosa escritora dos Estados Unidos. Ela escreveu textos poéticos e autobiografias. Suas obras apresentam questões de gênero e crítica sociopolítica.

Maya Angelou discursando em 1993. A poetisa teve também importante papel político nos Estados Unidos.
Maya Angelou discursando em 1993. A poetisa teve também importante papel político nos Estados Unidos.

Maya Angelou é uma famosa escritora americana. Ela nasceu no dia 4 de abril de 1928, em St. Louis, uma cidade dos Estados Unidos. Mais tarde, ganhou a vida como atriz, cantora, dançarina, editora e professora. Ativista política, esteve diretamente envolvida no movimento de direitos civis.

A artista, que faleceu em 28 de maio de 2014, na cidade americana de Winston-Salem, escreveu obras que fazem parte da literatura e cultura afro-americanas. Ela foi a primeira mulher negra a ser estampada em uma moeda dos Estados Unidos. Além disso, recebeu a Medalha Nacional de Artes e Humanidades, além da Medalha Presidencial da Liberdade. 

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Resumo sobre Maya Angelou

  • A escritora estado-unidense Maya Angelou nasceu em 1928 e faleceu em 2014.

  • Além de poetisa, foi cantora, atriz e participante do movimento dos direitos civis.

  • As obras de Angelou são autobiográficas e possuem caráter ideológico.

  • Seus textos enaltecem a cultura afro-americana e discutem questões de gênero.

Biografia de Maya Angelou

Marguerite Ann Johnson nasceu em 4 de abril de 1928, em St. Louis, no estado do Missouri, nos Estados Unidos. Mais tarde, ao ingressar na carreira artística, assumiu o pseudônimo de Maya Angelou. “Maya” é como lhe chamava o irmão, e “Angelou” vem do sobrenome de seu primeiro marido — Tosh Angelos.

Em 1931, os pais da poetisa se separaram. Ela e seu irmão Bailey Johnson Jr. (1927-2000), que tinha quatro anos na ocasião, foram colocados em um trem, sozinhos, rumo a Stamps, no Arkansas. Ali, passaram a morar com a avó paterna — Annie Henderson. Vivendo no Sul do país, a menina poetisa presenciou a discriminação racial.

Quatro anos depois, o pai foi visitar os dois pela primeira vez desde que se mudaram para a casa da avó. E os levou de volta a St. Louis para viverem com a mãe deles. A mãe da escritora — Vivian Baxter — trabalhava em salões de jogos. Já o padrasto de Maya, um tal Sr. Freeman, acabou abusando sexualmente da menina.

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A autora decidiu revelar a violência sofrida, e logo o homem apareceu morto. Traumatizada e sentindo culpa pela morte de seu agressor, Maya recorreu ao mutismo resolvendo não mais falar. Os irmãos então foram enviados novamente para Stamps. E só depois de cinco anos de silêncio a escritora sentiu vontade de falar com a senhora Bertha Flowers, uma mulher negra e rica.

Essa mulher foi uma benéfica influência na vida de Maya Angelou, pois lhe apresentou a literatura. Em seguida, Maya e o irmão se mudaram para a cidade de São Francisco, onde residiam em companhia da mãe, casada com o senhor Clidell, um empresário conceituado. Nessa cidade, estudou na George Washington High School e na California Labor School.

Na década de 1940, entrou para a história como a primeira mulher negra a dirigir um bonde na cidade de São Francisco. Por essa época, também deu à luz um filho. Mãe solteira, trabalhou como cozinheira, cantora, dançarina e atriz. Seu casamento com o ex-marinheiro Tosh Angelos (1925-1978) ocorreu em 1951.

O casamento terminou em 1954, quando a artista foi para a Europa, como parte do elenco da ópera Porgy e Bess. Também gravou o disco intitulado Miss Calypso em 1957. No ano seguinte, em Nova Iorque, onde trabalhava como atriz, ficou amiga do escritor James Baldwin (1924-1987) e se envolveu na luta pelos direitos civis.

Iniciou um relacionamento com o advogado sul-africano Vusumzi Make (1931-2006). Assim, eles se mudaram para o Egito em 1960, onde a poetisa trabalhou como editora do periódico The Arab Observer. Em seguida, se mudou para Gana, onde foi professora na Universidade de Gana e editora do The African Review.

No ano de 1964, de volta aos Estados Unidos, intensificou seu apoio ao movimento dos direitos civis. E iniciou sua carreira literária em 1969, com a publicação do livro Eu sei por que o pássaro canta na gaiola. Na década de 1970, foi nomeada ao Pulitzer, o prêmio artístico e jornalístico mais importante dos Estados Unidos.

Maya Angelou recebendo a Medalha Presidencial da Liberdade das mãos do presidente Barack Obama.
Maya Angelou recebendo a Medalha Presidencial da Liberdade das mãos do presidente Barack Obama.

Também foi professora de Estudos Americanos na Wake Forest University. Publicou várias obras e ganhou alguns prêmios importantes. A cantora, atriz, dançarina, ativista política e escritora faleceu em 28 de maio de 2014, em Winston-Salem, cidade dos Estados Unidos.

Veja também: Literatura africana em língua portuguesa — características, fases, principais obras e autores

Principais características da obra de Maya Angelou

Os textos de Angelou fazem parte da literatura negra dos Estados Unidos e apresentam estas características:

  • crítica sociopolítica;

  • caráter identitário;

  • elementos autobiográficos;

  • valorização da memória;

  • fragmentação;

  • versos livres;

  • denúncia de racismo;

  • enaltecimento da cultura negra;

  • protagonismo feminino;

  • hibridismo cultural;

  • questões de gênero.

Principais obras de Maya Angelou

Capa do livro Carta a minha filha, de Maya Angelou.
Capa do livro Carta a minha filha, de Maya Angelou, publicado pela editora Agir.[1]
  • Eu sei por que o pássaro canta na gaiola (1969).

  • Apenas me dê um copo de água fresca antes de morrer (1971).

  • Reúnam-se em meu nome (1974).

  • Oh reze para que minhas asas me caiam bem (1975).

  • Cantando e dançando e ficando feliz como o Natal (1976).

  • Ainda assim eu me levanto (1978).

  • O coração de uma mulher (1981).

  • Shaker, por que você não canta? (1983).

  • Poemas (1986).

  • Todos os filhos de Deus precisam de sapatos de viagem (1986).

  • Sra. Flowers: um momento de amizade (1986).

  • Agora Sheba canta a canção (1987).

  • No pulso da manhã (1993).

  • Mulher fenomenal (1995).

  • Uma verdade corajosa e surpreendente (1995).

  • De uma mulher negra a um homem negro (1995).

  • Kofi e sua mágica (1996).

  • Até as estrelas parecem solitárias (1997).

  • A vida não me assusta (1998).

  • Uma canção lançada ao céu (2002).

  • Paz maravilhosa (2005).

  • Celebrações: rituais de paz e oração (2006).

  • Poesia para jovens (2007).

  • Carta a minha filha (2008).

  • Nós o tivemos (2009).

  • Seu dia acabou (2013).

  • Mamãe & eu & mamãe (2013).

Poemas de Maya Angelou

É do livro Poesia completa o poema “Eles voltavam para suas casas”. Escrito em versos livres, o poema fala da solidão da amante, com quem os homens jamais constroem um lar:

Eles voltavam para suas casas e contavam às suas esposas,
que nunca antes em suas vidas
haviam conhecido uma garota como eu,
Mas... Eles voltavam para suas casas.

Eles elogiavam a limpeza da minha casa,
eu não dizia nenhuma palavra que não fosse a certa
e mantinha meu ar de mistério,
Mas... Eles voltavam para suas casas.

As bocas de todos os homens me enalteciam,
eles gostavam do meu sorriso, da minha sagacidade, dos meus

quadris,
passavam uma noite, ou duas ou três.
Mas...

Do mesmo livro é o poema “Para um homem”, em que o eu lírico enaltece o homem negro, tratado como objeto de desejo:

Meu homem é
Âmbar Preto Dourado
Mutável.
Lábios quentes de Brandy Fine
Uma luz solar cuidadosa sobre o tapete estampado
Tossindo risadas, movidas numa espiral de tabaco francês
Voltas graciosas sobre pernas felpudas
Discreto?
Olho de gato.
Ele é do sul. Suculento e macio como feijões brancos
E eu disse “Macio”?
É a própria maciez
Um grande gato que espreita atrás do arbusto
E eu mencionei “Âmbar”?
O fogo não aquecido consumindo a si mesmo.
De novo. E de novo. Cada vez mais um vazio de nunca.
Meu homem é um Âmbar
Mudando
Sempre em si mesmo
Novo. Agora, Novo.
Ainda assim ele.
Ainda assim.

Qual é a importância de Maya Angelou?

Verso da moeda dos Estados Unidos que homenageia Maya Angelou.
Verso da moeda dos Estados Unidos que homenageia Maya Angelou.

Uma das principais vozes negras da literatura estado-unidense, Maya Angelou é um símbolo de talento e resistência. Sua importância para a cultura americana não é só literária, mas também política, já que a poetisa foi uma ativista. E se tornou fonte de inspiração para mulheres negras no mundo inteiro.

Como artista e mulher negra, teve grande protagonismo, dando visibilidade à cultura afro-americana. Foi a primeira mulher negra a ser estampada em uma moeda dos Estados Unidos. E recebeu prêmios importantes como a Medalha Nacional de Artes e Humanidades, além da Medalha Presidencial da Liberdade.

Saiba mais: Conceição Evaristo — outra representante da literatura negra no Brasil

Frases de Maya Angelou

Vamos ler, a seguir, algumas frases de Maya Angelou, retiradas de seu livro Carta a minha filha:

  • “Você não pode controlar todos os fatos que acontecem em sua vida, mas pode decidir não ser diminuída por eles.”

  • “Tente ser um arco-íris na nuvem de alguém.”

  • “Lamentos fazem com que um animal saiba que há uma vítima nas imediações.”

  • “Casa é aquela região juvenil na qual uma criança é o único habitante real.”

  • “Não acredito que devemos ser rudes a respeito de seja lá o que for, mas é maravilhosamente libertador ser honesto.”

  • “A independência é inebriante.”

  • “Se insisto em ser pessimista, há sempre o amanhã.”

Créditos da imagem

[1] Editora Agir (reprodução)

Fontes

ALVES, Ana Margarida Fernandes Grácio de Almeida. I know why the caged bird sings: uma experiência tradutória. 2011. Dissertação (Mestrado em Estudos Ingleses e Americanos) – Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa, Lisboa, 2011.

ANGELOU, Maya. Carta a minha filha. Tradução de Celina Portocarrero. 2. ed. Rio de Janeiro: Agir, 2019.

ANGELOU, Maya. Poesia completa. Tradução de Lubi Prates. Bauru: Astral Cultural, 2020.

BRITO, Philipe Farias de. Literatura subalterna e o traduzir: uma tradução de I know why the caged bird sings de Maya Angelou. 2018. TCC (Curso de Tradução) – Instituto de Letras, Universidade de Brasília, Brasília, 2018.

POETRY FOUNDATION. Maya Angelou. Disponível em: https://www.poetryfoundation.org/poets/maya-angelou.

SILVA, Beatriz. Maya Angelou é a primeira mulher negra a estampar moeda norte-americana. Glamour, política & Direitos, 12 jan. 2022.

SILVA, Monaliza Rios. Maya Angelou e suas afroamericanidades: o ritmo autobiográfico de The heart of a woman. 2011. Dissertação (Mestrado em Letras) – Faculdade de Letras, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2011.     

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