Conceição Evaristo

Por Warley Souza

Conceição Evaristo é uma escritora mineira. Suas obras fazem parte da literatura contemporânea brasileira. O livro mais famoso dessa autora é o romance “Ponciá Vicêncio”.

Conceição Evaristo, no Festival Latinidades 2013. [1]
Conceição Evaristo, no Festival Latinidades 2013. [1]

Conceição Evaristo nasceu em 29 de novembro de 1946, em Belo Horizonte, no estado de Minas Gerais. Trabalhou como empregada doméstica, se tornou professora e fez faculdade de Letras, além de mestrado e doutorado. Mas, apesar de consagrada como escritora, não foi eleita pela Academia Brasileira de Letras em 2018.

A romancista, poetisa e contista é autora de livros como Ponciá Vicêncio, seu romance mais famoso. Suas obras, pertencentes à literatura contemporânea, são caracterizadas pelo protagonismo feminino e pela denúncia de discriminação racial. Assim, são realistas e discutem questões de gênero e etnia.

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Resumo sobre Conceição Evaristo

  • A autora mineira Conceição Evaristo nasceu em 1946.

  • Além de escritora, ela também foi professora.

  • As obras de Conceição Evaristo pertencem à literatura contemporânea.

  • Seus livros mostram a realidade das pessoas negras no Brasil.

  • Ponciá Vicêncio é seu romance mais famoso.

Videoaula sobre Conceição Evaristo

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Biografia de Conceição Evaristo

Conceição Evaristo (Maria da Conceição Evaristo de Brito) nasceu em 29 de novembro de 1946, em uma favela de Belo Horizonte, em Minas Gerais. Era filha de dona Joana, uma lavadeira e passadeira que estimulou a escritora a estudar. Com outros oito filhos para criar, a mãe permitiu que a menina, com sete anos de idade, fosse morar na casa de um casal de tios.

A romancista estudou em escola pública, trabalhou como empregada doméstica e, em 1971, terminou o curso de magistério ou Curso Normal. Mas só conseguiu emprego como professora, em 1973, após prestar concurso público, quando se mudou para o Rio de Janeiro.

Mais tarde, em 1987, a autora ingressou na Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em 1990, publicou seus primeiros poemas na série Cadernos negros, do grupo Quilombhoje. Já em 1992, iniciou seu mestrado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. O tema de sua dissertação foi a literatura negra.

No ano de 2003, a mestra publicou seu primeiro romance: Ponciá Vicêncio. Anos mais tarde, entre 2008 e 2011, cursou o doutorado na Universidade Federal Fluminense, onde aprofundou seu conhecimento sobre a literatura angolana e a afro-brasilidade. Em 2012, ministrou cursos sobre a “escrevivência de mulheres negras” e “inscrições de afro-brasilidade” no Middlebury College Summer Schools, nos Estados Unidos.

Conceição Evaristo recebeu os seguintes prêmios:

  • Prêmio Camélia da Liberdade (2007);

  • Prêmio Ori (2007);

  • Prêmio Jabuti (2015).

Em 2018, Conceição Evaristo tentou ser a primeira mulher negra a ingressar na Academia Brasileira de Letras. Mas, apesar do apoio popular, que gerou dois abaixo-assinados com milhares de assinaturas, os membros da ABL decidiram não eleger a escritora para ocupar a cadeira número 7, que tem como patrono o escritor abolicionista Castro Alves (1847–1871).

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Características da obra de Conceição Evaristo

As obras de Conceição Evaristo fazem parte da literatura contemporânea brasileira e apresentam as seguintes características:

  • protagonismo feminino;

  • realidade e valorização da cultura afro-brasileira;

  • crítica sócio-histórica;

  • caráter memorialístico;

  • prosa lírica;

  • elementos do cotidiano;

  • personagens socialmente marginalizados;

  • temática da injustiça social;

  • questões de gênero e etnia;

  • denúncia de discriminação racial.

Obras de Conceição Evaristo

  • Ponciá Vicêncio (2003).

  • Becos da memória (2006).

  • Poemas de recordação e outros movimentos (2008).

  • Insubmissas lágrimas de mulheres (2011).

  • Olhos d’água (2014).

  • Histórias de leves enganos e parecenças (2016).

  • Canção para ninar menino grande (2018).

Análise de Ponciá Vicêncio

Capa do livro “Ponciá Vicêncio”, de Conceição Evaristo, publicado pela editora Pallas. [2]
Capa do livro “Ponciá Vicêncio”, de Conceição Evaristo, publicado pela editora Pallas. [2]

O romance Ponciá Vicêncio conta a história de Ponciá, uma mulher negra que deixa o espaço familiar para tentar a vida na cidade grande. Outro personagem da obra é Vô Vicêncio, nascido escravo e falecido quando a protagonista era ainda criança, mas presente nos gestos da neta, como uma marca de ancestralidade.

Há também a mãe e o irmão de Ponciá, o qual sonha em ser soldado. Já o pai da protagonista, filho de ex-escravos, é uma figura ausente. O sobrenome da família foi herdado do coronel Vicêncio, antigo “dono” dos antepassados de Ponciá. Ela, porém, tem esperanças de ter uma vida digna, pois sabe ler — aprendeu com padres missionários.

Sair do povoado parece uma chance de ter uma vida melhor. Mas, ao chegar à cidade grande, Ponciá precisa dormir na rua. Só depois consegue um trabalho como empregada doméstica. Os anos passam, ela perde o contato com a família e ignora que seu irmão Luandi também migrou.

Porém, ele não sabe ler, e isso o impede de ser soldado, de forma que só lhe resta o trabalho de varrer e limpar uma delegacia. A desilusão também encontra Ponciá, que, assim como o irmão, não pode sair de sua situação de subalternidade imposta por uma sociedade racista.

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Frases de Conceição Evaristo

A seguir, vamos ler algumas frases de Conceição Evaristo, retiradas de entrevista publicada no Correio do Povo, em 2021:

“Conheço mulheres negras cheias de sonhos e de competência que trabalham, trabalham, trabalham e ficam pelo caminho.”

“A pobreza no Brasil tem cor.”

“É muito mais fácil para um sujeito branco pobre ascender do que para um sujeito negro pobre.”

“A sociedade brasileira e as suas instituições são racistas.”

“O homem negro brasileiro, em determinadas situações, equipara-se ao branco na hora de exercer o machismo.”

“Homens e mulheres negros estão sempre em situação de suspeição.”

“O fato de eu ser escritora e ter um doutorado não me deixa imune ao racismo brasileiro.”

Créditos da imagem

[1] Wikimedia Commons (reprodução)

[2] Editora Pallas (reprodução)  

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