Soneto

Por Warley Souza

O soneto é um poema com 14 versos que foi criado no século XIII, na Itália. Ele pode ser italiano (petrarquiano), inglês (shakespeariano), monostrófico ou estrambótico.

Busto de Francesco Petrarca em exposição na Suíça, um dos mais importantes sonetistas europeus, autor de inúmeros sonetos.
Francesco Petrarca foi um dos mais importantes sonetistas europeus.

Soneto é como chamamos um poema de 14 versos. Essa forma fixa foi criada pelo poeta italiano Giacomo da Lentini, no século XIII, e foi popularizada por outro poeta italiano — Francesco Petrarca. Assim, o soneto petrarquiano é aquele cujas duas primeiras estrofes são quartetos e as duas últimas, tercetos.

Na Inglaterra, o soneto assumiu uma nova forma, usada pelo famoso poeta e dramaturgo William Shakespeare. Desse modo, o soneto shakespeariano é aquele com três quartetos seguidos por um dístico. Também existem o soneto monostrófico, com apenas uma estrofe, e o estrambótico, com até três versos a mais.

Leia também: Epopeia — um gênero poético estruturado em versos e estrofes

Resumo sobre soneto

  • Um poema de 14 versos é o que chamamos de “soneto”.

  • Existem quatro tipos de sonetos.

  • O soneto petrarquiano apresenta dois quartetos e dois tercetos.

  • O soneto shakespeariano apresenta três quartetos e um dístico.

  • É monostrófico o soneto que possui apenas uma estrofe.

  • É estrambótico o soneto que possui até três versos extras.

  • O soneto foi criado pelo italiano Giacomo da Lentini e foi popularizado pelo italiano Francesco Petrarca.

  • William Shakespeare popularizou o soneto na Inglaterra séculos mais tarde.

O que é soneto?

Soneto é um poema composto por 14 versos.

Quais são os tipos de soneto?

  • Soneto italiano ou petrarquiano.

  • Soneto inglês ou shakespeariano.

  • Soneto monostrófico.

  • Soneto estrambótico.

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Quais são as características e a estrutura do soneto?

O soneto petrarquiano é o mais conhecido por nós brasileiros, já que caiu no gosto de nossos autores e autoras, tais como: Gregório de Matos, Cláudio Manuel da Costa, Olavo Bilac, Francisca Júlia e Cruz e Sousa. Esse tipo de soneto apresenta dois quartetos e dois tercetos.

O soneto shakespeariano apresenta três quartetos mais um dístico (uma estrofe de dois versos). Já o soneto monostrófico possui apenas uma estrofe. Portanto, o que realmente define essa forma de poema são os 14 versos que o compõem. Por isso, um soneto que possui até três versos a mais é chamado de estrambótico.

Apesar de haver uma preferência de autores pelos versos decassílabos e alexandrinos, o soneto pode ter outros tipos de versos. De qualquer modo, a sua produção exige muita habilidade da poetisa e do poeta, que têm a tarefa de desenvolver o tema de forma sucinta, mas completa.

O último verso desse tipo de poema traz a conclusão, conhecida como “chave de ouro”. Além disso, o esquema de rimas é da preferência do autor, como também a ausência dele. Assim, outras variações podem ocorrer na produção desses quatro tipos essenciais de soneto.

Exemplos de soneto

Soneto petrarquiano

Era o dia em que ao Sol descoloraram
Os raios, por piedade do Criador.
Fiquei cativo e, sem nenhum temor,
Os teus divinos olhos me enlearam.

Aqueles tempos não se afiguraram
Como o dos golpes do tirano Amor.
Andava sem suspeita e a minha dor
Essas dores comuns desfiguraram.

Pegou-me o Amor de todo desarmado.
E, na via do olho ao coração,
Só lágrimas, no íntimo e no olhar.

Não lhe foi digno, em minha opinião,
Com setas me ferir naquele estado
E a ti, armada, o arco não mostrar.|1|

Soneto shakespeariano

Dos seres ímpares ansiamos prole
Para que a flor do Belo não se extinga,
E se a rosa madura o Tempo colhe,
Fresco botão sua memória vinga.

Mas tu, que só com os olhos teus contrais,
Nutres o ardor com as próprias energias
Causando fome onde a abundância jaz,
Cruel rival, que o próprio ser crucias.

Tu, que do mundo és hoje o galardão,
Arauto da festiva Natureza,
Matas o teu prazer inda em botão
E, sovina, esperdiças na avareza.

Piedade, senão ides, tu e o fundo
Do chão, comer o que é devido ao mundo.|2|

Soneto monostrófico

Tarde antiga

Era a mais suave, a mais azul das tardes...
tão calma que só poderá ter sido
naqueles tempos do bom Reyno Unido
de Portugal, Brasil & Algarve...
Te lembras dessas tardes, Dom João VI?
Pois foi por uma dessas nossas tardes.
Estava eu a meditar um texto
do meu querido Manuel Bernardes
eis senão quando... nada aconteceu:
apenas, eu... não era eu...
nem tu o Rei... as almas não têm nome...
e — no Todo onde tudo se consome —
a mesma pura chama consumia
minha miséria e tua hierarquia!|3|

Soneto estrambótico

No soberbo trono diamantino
que com pés sangrentos pisa Marte,
frenético o Manchego seu estandarte
hasteia com brio peregrino,
descansa a armadura e o aço fino
com que destroça, assola, racha e parte...
Novas proezas!, mas inventa a arte
um novo estilo para o novo paladino.
E se Gaula se orgulha de seu Amadis,
se a Grécia, com seus bravos descendentes,
triunfou mil vezes e a fama alcança,
hoje Quixote é coroado na corte
onde Belona preside, e dele se orgulha,
mais que a Grécia ou Gaula, a nobre Mancha.

O esquecimento nunca suas glórias mancha,
pois até Rocinante, em ser galhardo,
excede a Brilhadouro e a Baiardo.|4|

Veja também: Eu lírico — a voz que se manifesta no poema

História do soneto

O soneto é um poema de forma fixa que sobreviveu ao tempo. Ainda hoje, poetas de todo o mundo recorrem a essa estrutura poética para expressar ideias e emoções. O criador do soneto foi o poeta italiano Giacomo da Lentini (1210-1260). Portanto, desde o século XIII, uma infinidade de sonetos vem sendo produzida pela humanidade.

Durante o século XIV, o soneto assumiu o protagonismo por meio dos poemas do italiano Francesco Petrarca (1304-1374). Três séculos depois, ele também passou a ser valorizado na Inglaterra pela divulgação dos sonetos de William Shakespeare (1564-1616). No mais, a forma do soneto é preferida por autores dos seguintes estilos de época:

Notas

|1| PETRARCA, Francesco. Soneto 3. In: LYRA, Pedro (Trad.). Vinte sonetos de amor e uma canção de despedida. Revista Brasileira, Rio de Janeiro, 2006.

|2| SHAKESPEARE, William. Soneto 1. In: SHAKESPEARE, William. 50 sonetos. Tradução de Ivo Barroso. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015.

|3| QUINTANA, Mario. Tarde antiga. In: QUINTANA, Mario. Apontamentos de história sobrenatural. São Paulo: Globo, 2005.

|4| CERVANTES, Miguel de. Dom Quixote de la Mancha. Tradução de Ernani Ssó. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

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