Visconde de Taunay

Por Luiza Pezzotti Pugles

Visconde de Taunay (1843-1899) foi um escritor, militar e político brasileiro. Seu romance Inocência foi muito importante para o romantismo no Brasil.

Retrato de Visconde de Taunay (1843-1899), famoso escritor romântico e político brasileiro. [1]
Retrato de Visconde de Taunay (1843-1899), famoso escritor romântico e político brasileiro. [1]

Visconde de Taunay foi um famoso escritor do romantismo brasileiro e um importante político na época pré-republicana. Veio de uma família aristocrática e formou-se em Letras, Ciências Físicas e Matemáticas, e Engenharia Militar. Participou da Guerra do Paraguai, e seu terceiro livro, Inocência (1872), foi muito importante para o romantismo brasileiro.

Leia também: Franklin Távora — outro autor do romantismo brasileiro conhecido por seus romances regionalistas

Resumo sobre Visconde de Taunay

  • Visconde de Taunay nasceu em 1843, no Rio de Janeiro.
  • Era filho de família aristocrática.
  • Formou-se em Letras e em Ciências Físicas e Matemáticas.
  • Participou da Guerra do Paraguai, em uma expedição no Mato Grosso.
  • Cursou Engenharia Militar.
  • A política dominou sua vida por muitas décadas, e recebeu o título de visconde pelo próprio D. Pedro II.
  • Publicou seu primeiro romance em 1871.
  • Foi militar, professor, historiador, engenheiro militar, presidente de província, deputado, músico, etnólogo e biógrafo.
  • Faleceu em 1899.

Biografia de Visconde de Taunay

Alfredo Maria Adriano d’Escragnolle Taunay nasceu em 22 de janeiro de 1843, no Rio de Janeiro (RJ). Era filho de Félix Emílio Taunay, o Barão de Taunay, e Gabrielle Herminie de Robert d’Escragnolle.

Sua família tinha importância artística e política. Seu pai havia sido um dos preceptores de D. Pedro II e dirigido a Escola Nacional de Belas Artes. Seu avô, Nicolau Antoine Taunay (1755-1830), foi um conhecido pintor parisiense que liderou, junto de outros, a Missão Artística Francesa, de 1816. Além disso, sua mãe era filha do Conde d’Escragnolle. Assim, foi criado em um ambiente culto, cercado de intelectuais.

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Alfredo Taunay estudou no Colégio Pedro II até se formar em Letras, em 1858. No ano seguinte, iniciou o curso de Ciências Físicas e Matemáticas da Escola Militar. Em 1864, tornou-se segundo tenente do Exército Imperial. Um ano depois, ingressou no curso de Engenharia Militar, mas a Guerra do Paraguai (1864-1870) interrompeu seus estudos.

Ele participou da Comissão de Engenheiros na Expedição de Mato Grosso, a qual o inspirou a escrever seu primeiro livro, Cenas de viagem (1868). No ano seguinte, o Conde d’Eu, comandante chefe das Forças Brasileiras no Paraguai, convidou-o a ser secretário do Estado-maior e redigir o diário do Exército. Em 1870, ele publicou o conteúdo do diário em um livro de mesmo nome. No mesmo ano, com o fim da guerra, foi promovido a capitão, terminou o curso de Engenharia Militar e passou a ser professor da Escola Militar.

Visconde de Taunay ao lado de vários oficiais brasileiros durante a Guerra do Paraguai, entre eles Conde d’Eu e José Paranhos.
Na foto, Taunay está no centro, entre Conde d’Eu (com a mão na cintura, à direita) e José Paranhos (apoiado na espada, à esquerda).

Seu primeiro romance, Mocidade de Trajano, veio em 1871, escrito sob o pseudônimo de Sílvio Dinarte, que ele usaria na maior parte de suas obras de ficção. Além disso, em 1872, publicou La retraite de Laguna, em francês, obra que fez sua fama no Brasil.

Candidatou-se a deputado federal pelo estado de Goiás e foi eleito, tendo o mandato renovado em 1875. Em 1876 e 1877, foi nomeado presidente da província de Santa Catarina por ordem imperial. Nesse período, inaugurou o Monumento aos Heróis Catarinenses da Guerra do Paraguai. Foi promovido a major em 1875, mas se demitiu 10 anos depois.

Monumento aos Heróis Catarinenses da Guerra do Paraguai, inaugurado pelo Visconde de Taunay.
Monumento aos Heróis Catarinenses da Guerra do Paraguai, inaugurado por Taunay. [2]

Passou dois anos estudando na Europa e, em 1881, foi eleito deputado geral por Santa Catarina. Os próximos anos seriam marcados por nomeações e cargos políticos. A proclamação da república, em 1889, interrompeu sua carreira política, já que era monarquista.

Alfredo de Taunay dedicou-se à música, às artes e às letras, tendo escrito romances, depoimentos, críticas literárias, textos políticos, narrativas de guerra e de viagem, entre outros. Ademais, foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, tendo ocupado a cadeira nº 13, e da Academia Brasileira de Música. O escritor morreu em 25 de janeiro de 1899, em sua cidade natal.

Títulos e honrarias de Visconde de Taunay

  • Segundo tenente do Exército Imperial (1864)
  • Capitão do Exército Imperial (1870)
  • Deputado federal do estado de Goiás (1872-1875)
  • Major (1875)
  • Presidente da província de Santa Catarina por ordem imperial (1876-1877)
  • Deputado geral por Santa Catarina (1881)
  • Presidente da província do Paraná (1885-1886)
  • Presidente da Sociedade Central de Imigração (1885-1886)
  • Senador de Santa Catarina (1886-1889)
  • Visconde, por D. Pedro II (1889)
  • Oficial da Imperial Ordem da Rosa
  • Cavaleiro da Imperial Ordem de São Bento de Aviz
  • Cavaleiro da Imperial Ordem de Cristo

Principais características das obras de Visconde de Taunay

Visconde de Taunay fez parte do movimento romântico brasileiro, uma escola literária que buscou reavaliar e fixar o nacionalismo após a recente independência do Brasil (1822). Assim, o movimento procurou criar uma ideia de arte e literatura “realmente” brasileiras. As principais características presentes nas obras de Visconde de Taunay são:

  • regionalismo (cultura e localização) e nacionalismo (personagens);
  • foco na representação do Brasil;
  • foco no ambiente rural;
  • linguagem coloquial.

Veja também: Bernardo Guimarães — outro autor brasileiro que também escreveu romances regionalistas

Obras de Visconde de Taunay

  • Cenas de viagem (1868)
  • Mocidade de Trajano (1870)
  • La retraite de Laguna (1872)
  • A retirada da Laguna (edição em português, traduzida por Salvador de Mendonça) (1874)
  • Inocência (1872)
  • Lágrimas do coração (1873)
  • Histórias brasileiras (1874)
  • Da mão à boca se perde a sopa (1874)
  • Ouro sobre azul (1875)
  • Narrativas militares (1878)
  • Por um triz, Coronel (1880)
  • Céus e terras do Brasil (1882)
  • Estudos críticos, 2 vols. (1881 e 1883)
  • Amélia Smith (1886)
  • O Encilhamento (1894)
  • No declínio (1899)
  • Reminiscências (1908)
  • Trechos de minha vida (1911)
  • Viagens de outrora (1921)
  • Visões do sertão (1923)
  • Dias de guerra e do sertão (1923)

Análise da obra Inocência, de Visconde de Taunay

A obra Inocência (1872), uma das mais importantes do autor, é um romance regionalista com foco no interior do Brasil. Para Taunay, o interior do Brasil seria o Brasil verdadeiro, não as cidades grandes, cheias de influências europeias. Seu percurso durante a Guerra do Paraguai deu-lhe propriedade e vontade de escrever sobre essas regiões. Assim, o cenário é o interior do Mato Grosso e o narrador comporta-se como um viajante dessas terras.

O livro retrata a história de amor do casal Inocência e Cirino. Inocência é uma jovem idealizada, e Cirino, um dito “médico” que chega à cidade, mas que só estudou por livros e suas próprias práticas. Por formação, é um farmacêutico. Assim, conhece Inocência, que está doente, ao ser recebido por seu pai, seu Pereira, na casa da família. Inocência e Cirino vivem um amor impossível, uma vez que a moça está prometida a Manecão Doca. O pai, mesmo sendo muito vigilante, não desconfia de Cirino, mas de Meyer, um alemão.

Quando a paixão é descoberta, Pereira quer matar o farmacêutico, mas Manecão assume esse papel. Contudo, Inocência falece logo após o assassinato de Cirino, pois não aceita um casamento sem amor.

O romance promove uma união das visões do sertão e da cidade por meio do narrador, que compreende ambas. Há, também, uma dualidade linguística, com as falas das personagens reproduzindo a linguagem cotidiana daquela região, mas as notas de rodapé e as epígrafes feitas de forma culta e com citações de intelectuais.

A obra também trata da submissão feminina em uma sociedade conservadora e patriarcal. Tendo o autor escrito como uma crítica ou uma simples representação da realidade, retratou Inocência (como o próprio nome já mostra) como uma garota sem qualquer poder de escolha, obediente ao pai, prometida ao noivo e doente. Entretanto, ela tem um único momento de controle, quando se recusa a aceitar tal realidade antes de morrer.

O livro fez grande sucesso, sendo reeditado sete vezes só no século XIX e traduzido para 11 línguas.

Crédito de imagem

[1] Academia Brasileira de Letras (reprodução)

[2] Parzeus / Wikimedia Commons (reprodução)

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