Bernardo Guimarães

Por Warley Souza

Bernardo Guimarães foi um famoso autor de Minas Gerais cujas obras fazem parte do romantismo brasileiro. Seu livro mais conhecido é o romance regionalista A escrava Isaura.

Busto do escritor romântico Bernardo Guimarães. [1]
Busto do escritor romântico Bernardo Guimarães. [1]

Bernardo Guimarães foi um escritor brasileiro do século XIX. Ele nasceu em 15 de agosto de 1825, na cidade mineira de Ouro Preto. Na juventude, estudou Direito em São Paulo, e, após se formar, trabalhou como juiz municipal e também exerceu a profissão de professor.

O poeta e romancista, que faleceu em 10 de março de 1884, em Ouro Preto, foi um autor romântico. Sua poesia está inserida na segunda fase do romantismo brasileiro. Já sua prosa é marcada por características regionais. Assim, sua obra mais famosa é o romance regionalista A escrava Isaura.

Leia também: Franklin Távora — um escritor cearense que também escreveu romances regionalistas

Resumo sobre Bernardo Guimarães

  • O romancista Bernardo Guimarães nasceu em 1825 e morreu em 1884.

  • Além de escritor, atuou como juiz municipal e professor.

  • Poeta da segunda geração romântica, também escreveu romances regionalistas.

  • Suas obras apresentam idealização amorosa, bucolismo e elementos regionais.

  • O romance A escrava Isaura é o livro mais conhecido desse autor romântico.

Biografia de Bernardo Guimarães

O escritor Bernardo Guimarães nasceu em 15 de agosto de 1825, na cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais. O pai do autor se chamava João Joaquim da Silva Guimarães e escrevia artigos para jornais em sua época, além de poesia árcade. Com quatro anos de idade, Bernardo se mudou para Uberaba.

Ali, iniciou seus primeiros estudos, continuados em um seminário na cidade de Campo Belo e finalizados no colégio do padre Leandro, em Ouro Preto. Assim, ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo em 1847, e se formou em 1852. Durante esse período, como tantos românticos, experimentou a vida boêmia.

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Atuou como juiz municipal na cidade de Catalão, em Goiás, de 1852 a 1854. No ano de 1859, no Rio de Janeiro, escreveu artigos para o jornal A Atualidade. Retornou a Catalão para, novamente, exercer a função de juiz em 1861. Mais tarde, em 1866, passou a trabalhar como professor de retórica no Liceu de Ouro Preto.

Em 1867, com 42 anos, casou-se com Teresa Gomes de Lima, em Ouro Preto. Em 1873, tornou-se professor de latim e francês na cidade de Queluz, em Minas Gerais. Dois anos depois, em 1875, o autor ficou nacionalmente conhecido com a publicação de seu romance A escrava Isaura.

Desse modo, o famoso romancista e poeta experimentou a glória tão almejada pelos autores românticos. Com o sucesso de sua obra-prima, ele pôde dedicar seus últimos anos de vida somente à literatura. O autor vivia em Ouro Preto quando faleceu, em 10 de março de 1884.

Bernardo Guimarães e a Academia Brasileira de Letras

Escolhido para ser o patrono da cadeira número 5 da Academia Brasileira de Letras, Bernardo Guimarães foi assim homenageado pelo escritor parnasiano Raimundo Correia (1859-1911), um dos fundadores da ABL.

Qual o estilo literário de Bernardo Guimarães?

Bernardo Guimarães foi um dos principais autores do romantismo brasileiro. Suas obras, portanto, possuem caráter subjetivo, com exagero sentimental e idealização amorosa. Apesar de ser poeta da segunda geração romântica, compôs uma poesia marcada pela valorização da natureza e das impressões por ela causadas.

Já como romancista, foi autor de romances regionalistas. Esse tipo de romance, no século XIX, tinha a função de mostrar aspectos do Brasil que eram desconhecidos para a maioria dos brasileiros. Desse modo, os autores valorizavam a cultura regional e davam protagonismo aos habitantes do meio rural, em contraposição ao ambiente urbano.

Obras de Bernardo Guimarães

Romance de Bernardo Guimarães

  • O ermitão de Muquém (1869)

  • O garimpeiro (1872)

  • O seminarista (1872)

  • O índio Afonso (1872)

  • A escrava Isaura (1875)

  • Maurício ou Os paulistas em São João del-Rei (1877)

  • A ilha maldita ou A filha das ondas (1879)

  • Rosaura, a enjeitada (1883)

  • O bandido do Rio das Mortes (1904)

Poesia de Bernardo Guimarães

  • Cantos da solidão (1852)

  • Inspirações da tarde (1858)

  • Poesias diversas (1865)

  • Novas poesias (1876)

  • Folhas de outono (1883)

Teatro de Bernardo Guimarães

  • A voz do pajé (1860)

Novela de Bernardo Guimarães

  • Lendas e romances (1871)

  • Histórias e tradições da província de Minas Gerais (1872)

  • O pão de ouro (1879)

Análise da obra A escrava Isaura, de Bernardo Guimarães

Capa do livro “A escrava Isaura”, de Bernardo Guimarães, publicado pela editora Autêntica.
Capa do livro A escrava Isaura, de Bernardo Guimarães, publicado pela editora Autêntica. [2]

Isaura é filha de uma mulher negra e escravizada, mas seu pai, Miguel, feitor de uma fazenda, é branco. Assim, Isaura nasce branca, mas com uma pinta preta no rosto. Quando a mãe morre, a esposa do comendador Almeida decide criar a menina como se fosse uma filha.

Desse modo, a heroína tem a educação de uma jovem burguesa do século XIX, porém é uma branca escravizada. Com medo de que Isaura a abandone, a esposa do comendador posterga a carta de alforria da moça, e acaba morrendo, sem dar a liberdade para Isaura, que se torna propriedade do filho do comendador, o cruel Leôncio.

Isaura é uma jovem bela e recatada, e Leôncio deseja ardentemente tê-la para si. Mas ele não quer simplesmente obrigar a moça a satisfazer o seu desejo, ele quer que Isaura se entregue por vontade própria. O vilão então passa a assediá-la, mesmo depois de se casar com a jovem Malvina.

Em companhia de Miguel, Isaura foge da fazenda e vai morar em Recife. Ali, a heroína se apaixona pelo jovem, rico e abolicionista Álvaro. É um amor correspondido. No entanto, a felicidade do casal é impedida pelo vilão, que descobre o paradeiro de Isaura e a leva de volta para a fazenda.

A partir daí, ele a submete a humilhações e maus tratos. No entanto, a heroína é moralmente forte e resiste bravamente à fúria de Leôncio. Por fim, Álvaro consegue a liberdade da amada, e os dois podem ser felizes para sempre; têm também a chance de punir o vilão por suas atrocidades.

Essa obra é um romance regionalista e fez grande sucesso em sua época. Ela possui elementos típicos de um romance romântico: uma história de amor, uma virgem idealizada, um ou mais obstáculos à felicidade do casal, além da presença de um vilão inescrupuloso.

Veja também: José de Alencar — um dos principais representantes do romantismo no Brasil

Poemas de Bernardo Guimarães

“O adeus do voluntário” é um poema do livro Novas poesias e tem caráter nacionalista. Nesse texto, o eu lírico é um soldado voluntário que se despede do ser amado para, talvez, morrer na guerra. Apesar de se mostrar disposto a defender a pátria, ele não esconde o sofrimento de se afastar da mulher amada:

O adeus do voluntário

Adeus! longe de teus olhos
Tristes dias vou passar
Vou cingir a espada, e longe
Mil perigos afrontar
Adeus, que em longínqua terra
Me chama o clarim da guerra.

Dever de leal soldado
Me arranca dos braços teus
Hoje a pátria que padece
Me manda dizer-te adeus
Oh! que este adeus é bem nobre;
Porém quanta angústia encobre!...
[...]

Esta vida, este meu sangue
Devo à pátria que m’os deu;
Mas depois da pátria salva,
Serei teu somente teu.
Guardar-te-ei fé inteira
Qual guardo a minha bandeira.

Terei sempre ante meus olhos
A tua imagem louçã;
O nome teu nas pelejas
Será o meu talismã
E como um fanal de glória
Me levará à vitória.
[...]

Adeus ó minha adorada
Soa a hora da partida
Ai que minha alma se parte
Nesta triste despedida
Cinge-me nos braços teus
Não chores... adeus... adeus!...|1|

Do mesmo livro, temos o poema “Cantiga”, no qual o eu lírico descreve o ambiente bucólico em que pretende ser feliz com o seu “bem”, como veremos a seguir:

Cantiga

Aqui deste arvoredo
Das sombras no segredo
Oh! vem.
Por estes arredores
O bosque outras melhores
Não tem.

O ruivo sol da tarde
Já nas montanhas arde
Dalém.
A lua alvinitente
Nas portas do oriente
Lá vem.

A viração fagueira
A rápida carreira
Detém,
E dorme preguiçosa
No cálix da mimosa
Cecém.

Ninguém na sombra escura
Verá nossa ventura,
Ninguém.
Somente os passarinhos
Ocultos em seus ninhos
Nos vêm.

Do bosque entre os verdores
Se ocupam só de amores
Também.
E a lua, que desponta,
Jamais segredos conta
De alguém.

Debaixo do arvoredo,
Na grama do vargedo
Oh! vem,
À sombra deste abrigo
Falar a sós comigo,
Meu bem.|2|

Curiosidades sobre Bernardo Guimarães

  • Bernardo Guimarães era tio-avô do escritor simbolista Alphonsus de Guimaraens.

  • D. Pedro II se encontrou com o famoso autor de A escrava Isaura, em 1881, durante visita a Minas Gerais.

  • O autor também escreveu poemas marcados pelo aspecto pornográfico.

  • Bernardo Guimarães fez parte de uma família de escritores. Pai, irmãos e filhos do autor, no entanto, não obtiveram o mesmo sucesso.

Notas

|1| e |2| GUIMARÃES, Bernardo. Novas poesias. Rio de Janeiro: Garnier, 1876.

Créditos de imagem

[1] Leonardo Quintino / Wikimedia Commons (reprodução)

[2] Editora Autêntica (reprodução) 

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