Edgar Allan Poe

Por Warley Souza

Edgar Allan Poe nasceu em 19 de janeiro de 1809, nos Estados Unidos. Ficou órfão com dois anos de idade e foi adotado por um rico comerciante. Não tinha um bom relacionamento com seu pai adotivo, que discordava da vida boêmia que o filho levava. Assim, depois de desistir da faculdade e ser malsucedido no exército, Poe passou a se dedicar exclusivamente à escrita.

Escreveu contos de terror marcados pelo aspecto sombrio, grotesco e, obviamente, fantástico, além de ser o autor de um poema que se tornou um clássico da literatura romântica O corvo. Nesse poema, o escritor, que faleceu em 7 de outubro de 1849, mistura amor, morte, desilusão e suspense.

Leia também: Realismo fantástico — obras em que elementos da realidade, da fantasia e do sonho se misturam

Biografia de Edgar Allan Poe

Edgar Allan Poe, em 1849.
Edgar Allan Poe, em 1849.

Edgar Allan Poe é um escritor estadunidense nascido em 19 de janeiro de 1809, em Boston. Seu pai era americano; e sua mãe, inglesa. Porém, em 1811, eles faleceram. Poe foi criado por Francis e John Allan. O pai adotivo era um rico comerciante que, em 1815, mudou-se para a Inglaterra, juntamente com a esposa e o pequeno Edgar. Eles moraram nesse país até 1820, quando voltaram para os Estados Unidos.

De volta ao seu país natal, o escritor foi colocado em um colégio interno e, a partir da adolescência, sua relação com John se tornou conturbada. Em 1825, Poe começou a estudar na Universidade da Virgínia, mas sua permanência nessa instituição não durou mais de um ano. Então, ingressou no serviço militar, mas foi dispensado dois anos depois, em 1829, ano em que sua mãe adotiva faleceu.

Com a ajuda do pai adotivo, ingressou na Academia Militar dos Estados Unidos em West Point. Contudo, Poe foi expulso em 1831. Isso foi motivo para mais um desentendimento com John Allan, que morreu em 1834. Assim, em 1835, Edgar Allan Poe passou a trabalhar como editor do The Southern Literary Messenger, na cidade de Richmond. E, no ano seguinte, casou-se com sua prima Virginia Clemm (1822-1847).

Em 1837, o casal se mudou para Nova Iorque e, depois, para a Filadélfia, onde, em 1839, Poe passou a trabalhar como editor da Burton’s Gentleman’s Magazine. No entanto, sua esposa contraiu tuberculose, e o escritor se tornou alcoólatra.

Poe trabalhou como crítico no The Evening Mirror de Nova Iorque, jornal onde publicou o poema O corvo, em 1845. Foi também editor do Broadway Journal até 1846.

Com a morte da esposa, em 1847, o autor se envolveu com a poetisa Sarah Helen Whitman (1803-1878), mas o relacionamento não durou muito tempo. A essa altura, Edgar Allan Poe já estava totalmente desestabilizado. Acabou morrendo em 7 de outubro de 1849, em Baltimore, possivelmente devido ao alcoolismo.

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Características da obra de Edgar Allan Poe

As obras de Edgar Allan Poe são vinculadas ao Romantismo e possuem as seguintes características:

  • caráter sombrio;
  • presença do grotesco;
  • valorização da irracionalidade;
  • aspecto sobrenatural;
  • profundidade filosófica;
  • acontecimentos fantásticos;
  • análise psicológica;
  • subjetividade;
  • sentimentalismo;
  • angústia;
  • melancolia.

Leia também: Romantismo no Brasil — contexto, características, fases e obras

Obras de Edgar Allan Poe

Capa do livro O corvo, de Edgar Allan Poe, publicado pela editora Companhia das Letras.[1]
Capa do livro O corvo, de Edgar Allan Poe, publicado pela editora Companhia das Letras.[1]
  • Tamerlão e outros poemas (1827)
  • Al Aaraaf, Tamerlão e poemas menores (1829)
  • Poemas (1831)
  • A narrativa de Arthur Gordon Pym (1838)
  • Contos do grotesco e do arabesco (1840)
  • Contos (1845)
  • O corvo e outros poemas (1846)
  • Eureka: um poema em prosa (1848)
  • Histórias extraordinárias (1859)

O corvo

O corvo (The raven), o poema mais conhecido de Edgar Allan Poe, conta a história de um homem que, à meia-noite, ouve misteriosas batidas na porta de seu quarto. Essas batidas se repetem, agora em sua janela. Mas do lado de fora, o narrador encontra apenas um corvo, que repete, sombriamente, a expressão “Nunca mais” (“Nevermore”), como é possível observar nestes trechos do poema traduzido por Fernando Pessoa (1888-1935):

Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de alguém que batia levemente a meus umbrais.
“Uma visita”, eu me disse, “está batendo a meus umbrais.
É só isto, e nada mais”.

[...]

A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,
Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
E a única palavra dita foi um nome cheio de ais —
Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais.
Isso só e nada mais.

[...]

E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura
Com o solene decoro de seus ares rituais.
“Tens o aspecto tosquiado”, disse eu, “mas de nobre e ousado,
Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!
Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais”.
Disse o corvo, “Nunca mais”.

[...]

E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda
No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
Seu olhar tem a medonha cor de um demônio que sonha,
E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão há mais e mais,
E a minh’alma dessa sombra que no chão há mais e mais,
Libertar-se-á... nunca mais!

Veja também: Memórias póstumas de Brás Cubas — obra que inaugurou o Realismo no Brasil

Frases de Edgar Allan Poe

A seguir, vamos ler algumas frases de Edgar Allan Poe, retiradas de seu ensaio A filosofia da composição, tradução de Oscar Mendes e Milton Amado.

  • “Um poema só o é quando emociona, intensamente, elevando a alma.”
  • “Todas as emoções intensas são breves.”
  • “A Beleza é a única província legítima do poema.”
  • “A beleza provoca na alma sensitiva as lágrimas.”
  • “A melancolia é o mais legítimo de todos os tons poéticos.”
  • “A originalidade de modo algum é uma questão de impulso ou de intuição.”

Crédito da imagem

[1] Companhia das Letras (reprodução)

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