Figuras de sintaxe

As figuras de sintaxe são recursos estilísticos que utilizam a organização dos termos sintáticos de forma criativa. Também são chamadas de figuras de construção.

Por Mariana Carvalho Machado Cortes

As figuras de sintaxe são recursos estilísticos que utilizam a organização dos termos na frase de forma criativa, de modo a acentuar a estética do texto e gerar efeitos de sentido. Também são chamadas figuras de construção. São elas:

  • hipérbato;
  • pleonasmo;
  • anacoluto;
  • elipse;
  • zeugma;
  • assíndeto;
  • polissíndeto;
  • anáfora;
  • silepse.

As figuras de sintaxe são um tipo de figura de linguagem — conceito dado a todo tipo de recurso estilístico de qualquer ordem: sintática, lexical, semântica, morfológica ou fônica.

Leia também: Afinal, o que é sintaxe?

Resumo sobre figuras de sintaxe

  • As figuras de sintaxe são recursos estilísticos que utilizam a organização dos termos sintáticos com uma função estética.
  • As figuras de sintaxe são: hipérbato, pleonasmo, anacoluto, elipse, zeugma, assíndeto, polissíndeto e anáfora.
  • O hipérbato trata sobre a inversão de termos sintáticos na frase.
  • O pleonasmo se refere à repetição de um termo ou de uma ideia.
  • O anacoluto trata da quebra da estrutura lógico-sintática.
  • A elipse trata da omissão de termos que podem ser subentendidos na frase.
  • O zeugma trata da omissão de termos que já foram mencionados no discurso.
  • O assíndeto refere-se à ausência de conectivos na frase ou na expressão.
  • O polissíndeto refere-se à repetição de conectivos na frase.
  • A anáfora refere-se à repetição de palavras ou expressões no texto.
  • Silepse refere-se à discordância de gênero, de número ou de pessoa, quando o locutor dá preferência ao sentido e não à estrutura.

O que são figuras de sintaxe?

Mapa mental sobre as figuras de sintaxe. (Créditos: Gabriel Franco | Português)

As figuras de sintaxe são recursos estilísticos que utilizam a estrutura do texto, como a organização dos termos sintáticos, a repetição de termos ou a sua omissão. Também podem ser chamadas de figuras de construção. Assim, as palavras sofrem mudanças da ordem sintática para provocar efeitos estéticos e/ou semânticos. As figuras de sintaxe são: hipérbato, pleonasmo, anacoluto, elipse, zeugma, assíndeto, polissíndeto e anáfora.

Quais são as figuras de sintaxe?

→ Hipérbato

Hipérbato é figura de sintaxe em que há a inversão violenta de termos sintáticos na frase para uma ordem indireta. O exemplo mais famoso é o Hino Nacional Brasileiro: “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas/ De um povo heroico o brado retumbante”. A ordem direta seria: As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heroico.

→ Pleonasmo

Pleonasmo é figura de sintaxe em que há a repetição de um termo já expresso ou de uma ideia já sugerida, para gerar ênfase no discurso. Exemplos:

E rir meu riso e derramar meu pranto.” (Vinicius de Moraes, Soneto de fidelidade)

Chove, chuva, chove sem parar.” (Jorge Ben Jor, Chove chuva)

Me sorri um sorriso pontual.” (Chico Buarque, Cotidiano)

O que é imortal não morre no final.” (Sandy e Junior, Imortal)

“Eu nasci dez mil anos atrás.” (Raul Seixas, Eu nasci dez mil anos atrás)

→ Anacoluto

Anacoluto é figura de sintaxe em que há a quebra da estrutura lógico-sintática, o que deixa um termo sem função sintática na frase. Isso ocorre normalmente no registro da fala ou em textos literários a fim de gerar musicalidade. Exemplo:

O homem, chamar-lhe mito não passa de anacoluto.

→ Elipse

Elipse é figura de sintaxe em que há a omissão de um termo ou de uma expressão facilmente subentendida devido ao contexto ou por já ter sido enunciado anteriormente no texto. Exemplo:

Na sala de espera, apenas dois ou três pacientes. (omissão do verbo haver)

→ Zeugma

Zeugma é um tipo de elipse, já que também trata da omissão de algum termo, porém apenas de um que já foi mencionado no texto.

Meu irmão comprou dois livros para a viagem; eu, apenas um. (omissão do verbo comprar)

→ Assíndeto

Assíndeto é figura de sintaxe em que há omissão, ou seja, ausência do conectivo. Exemplo:

“Vim, vi, venci.” (Júlio Cesar)

→ Polissíndeto

Polissíndeto é figura de sintaxe em que há a repetição do conectivo, o que gera um efeito de ênfase no texto. Exemplo:

Ela comia, e amava, e sorria, e dançava.

→ Anáfora

Anáfora é figura de sintaxe em que há a repetição de vocábulos ou expressões, no início de cada verso ou frase, que geram efeito de ênfase.

Quando não tinha nada, eu quis/ Quando tudo era ausência, esperei/ Quando tive frio, tremi/ Quando tive coragem, liguei...” (Chico César)

Era uma estrela tão alta!/ Era uma estrela tão fria!/ Era uma estrela sozinha/ Luzindo no fim do dia.” (Manoel Bandeira)

→ Silepse

Silepse é figura de sintaxe em que há discordância de gênero, de número ou de pessoa, quando o locutor dá preferência ao sentido e não à estrutura. Essa falta de concordância é feita com intenção estilística.

  • Silepse de número

Na silepse de número, usa-se um vocábulo com um número diferente da palavra a que se refere e com que supostamente deveria concordar. Exemplo:

A multidão estava enfurecida, pois quebravam tudo o que via pela frente.

  • Silepse de pessoa

Na silepse de pessoa, há discordância de pessoa entre os termos da frase. Exemplo:

Saímos todos desiludidos da reunião.

Nesse caso, o termo deveria concordar com o vocábulo “todos”, na terceira pessoa: Saíram todos desiludidos da reunião.

  • Silepse de gênero

Na silepse de gênero, utiliza-se um vocábulo com um gênero discordante da palavra à qual se refere.

Vossa Excelência é muito talentoso.

Nesse caso, o termo deveria estar no feminino para concordar com o pronome de tratamento.

O que são figuras de linguagem?

As figuras de linguagem são estratégias artísticas criadas com elementos linguísticos. Tais recursos têm o objetivo de sugerir, provocar, intensificar, amenizar ou apenas aprimorar a estética do discurso. Trata-se de um uso da linguagem criativa, fora do convencional utilizado no cotidiano.

As figuras de linguagem podem ser de ordem semântica, sintática, fonológica, lexical ou morfológica. Tais figuras são mais utilizadas e, portanto, mais aceitas nos gêneros literários. Elas podem ser divididas em: figuras de palavras, figuras de sintaxe, figuras de pensamento e figuras de som.

Acesse também: Figuras de linguagem — mais detalhes sobre todas essas estratégias artísticas criadas com elementos linguísticos

Exercícios resolvidos sobre figuras de sintaxe

Questão 2

(Instituto Excelência) Assinale a alternativa CORRETA para figuras de sintaxe.

I- Mariela comprou banana, eu, pêssego.

II-Você precisa ver com seus próprios olhos!

III- Londres, quantas lembranças e fotos.

A) I- Zeugma, II- anáfora, III- elipse.

B) I- Elipse, II- pleonasmo, III- anacoluto.

C) I- Zeugma, II- pleonasmo, III- anacoluto.

D) Nenhuma das alternativas.

Resolução:

Alternativa C.

Na primeira afirmativa, há a omissão de um termo já mencionado: o verbo “comprar”. Na segunda afirmativa, a repetição das ideias aparece na expressão “ver com seus próprios olhos”. Na terceira afirmativa, há a quebra na frase, pois há um termo que não apresenta função sintática: a palavra “Londres”. 

Questão 2

(Uece)

Texto 1

A ARMADILHA DOS VAPES

(Disponível em: https://super.abril.com.br).

As figuras de sintaxe são recursos associados à organização e à estrutura gramatical das frases que contribuem para a coesão textual. Assim, no trecho: “No Brasil, 20% dos jovens adultos já experimentaram. Nos EUA, virou um problema de saúde pública grave” (linhas 1-3), há a figura de sintaxe classificada como

A) anacoluto.

B) elipse.

C) metáfora.

D) pleonasmo.

Resolução:

Alternativa B.

A figura de sintaxe é a elipse, pois há a omissão de termos, no caso, do objeto direto do verbo “experimentar”, na primeira frase, e o sujeito do verbo “virar”, na segunda frase.

Fontes

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 37.ed. rev. e ampl. atual. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2009.

PESTANA, Fernando. A gramática para concursos públicos. 4.ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2021.

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